2.2. Minerais
Os minerais são elementos ligados a várias funções fisiológicas tais como a
manutenção do equilíbrio osmótico e elétrico, contração muscular e equilíbrio ácido-base,
entre outras (Frape, 2010) que torna-os essenciais aos organismos vivos.
Estes elementos podem ser fracionados de acordo com sua exigência nutricional em
macrominerais, comumente expressos em g/kg e correspondendo ao cálcio, fósforo,
potássio, sódio, magnésio, cloro e enxofre, e microminerais, comumente expressos em
mg/kg e correspondendo ao ferro, selênio, iodo, manganês, cobre, cobalto, zinco, flúor,
silício e cromo (NRC, 2007).
Os minerais podem estar disponíveis aos equinos através de ingredientes de fontes
naturais como o concentrado e o volumoso. Entretanto, alguns alimentos possuem fatores
antinutricionais que reduzem a disponibilidade dos minerais aos equinos e, por isso,
alguns suplementos minerais são comumente adicionados ao concentrado ou colocados
no saleiro para consumo à vontade para compensar essa indisponibilidade. Geralmente,
nos suplementos, os minerais se apresentam na forma de sais inorgânicos que são
ionizados quando entram em contato com o baixo pH escomacal, facilitando sua absorção
(Ott & Asquith, 1994).
2. 2. 1. Macrominerais
2. 2. 1. 1. Cálcio
O Cálcio (Ca) é um mineral de suma importância para o organismo por desempenhar
um papel central na manutenção da homeostase, incluíndo funções tais como contração
muscular, ativação enzimática, excitabilidade neural, coagulação sanguínea, secreção
hormonal e adesividade celular, além de ser essencial na composição da estrutura óssea
(Franco et al., 2004).
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A exigência de cálcio depende da idade, do status fisiológico e da atividade física do
animal (Toribio, 2011). Segundo este mesmo autor, uma dieta equilibrada para equinos
deve ter de 0,15 a 1,5% de cálcio, com base na matéria seca, devendo um cavalo adulto
receber cerca de 40 mg de Ca/kg/dia. Segundo o NRC (2007), a deficiência de cálcio em
equinos é incomum quando estes recebem uma dieta adequada, sendo necessária a
suplementação deste mineral quando a dieta é rica em concentrado.
Qualquer aumento na exigência de calcio devido ao exercício parece ser atendido
pelo aumento no consumo de cálcio proveniente do aumento no consumo de matéria seca
para atingir os requerimentos energéticos (NRC, 2007). Entretanto, Nielsen et al. (1995
apud Nielsen et al., 1998) sugerem que dietas ricas nesse mineral, como fenos,
principalmente de leguminosas, facilita a remodelação óssea em resposta ao treinamento.
A absorção do cálcio se dá ativamente no intestino delgado em dois processos: do
lúmen à mucosa (que requer a presença da vitamina D) e da mucosa aos tecidos
subjacentes (que é dependente da vitamina D e da fosforilação oxidativa) (Meacham,
1984). Nos equinos, essa absorção pode atingir 75% do cálcio dietético total (Schryver et
al., 1983).
Alguns compostos presente nos alimentos podem reduzir a disponibilidade dos
minerais, reduzindo sua absorção. Entre os compostos que reduzem a absorção do cálcio
estão os minerais fósforo e magnésio, o ácido lático e oxalato (Meacham, 1984). Rezende
et al. (2015) afirmam que o oxalato, por exemplo, reage com o cálcio, reduzindo sua
absorção intestinal, causando um aumetno na mobilização óssea, podendo provocar
osteodistrofia óssea, que atinge principalmente os ossos craniais.
Toribio (2011) afirma que aproximadamente 99% do cálcio corpóreo total é
encontrado nos dentes e esqueleto de equinos na forma de cristais hidroxiapatitas,
promovendo suporte contra a gravidade, protegendo órgãos internos, agindo como um
nicho para os elementos formadores do sangue e servindo como reserva de cálcio, e
apenas 0,9% e 0,1% são encontrados nos flúidos intra e extracelular, respectivamente.
O cálcio total no sangue, pode ser dividido em cálcio ligado (normalmente à proteína)
e cálcio ionizado (livre), sendo esta última a fração biologicamente ativa, a qual reage
com os sensores de cálcio das células da paratireóide (Siyam & Klachko, 2013; Kang et
al., 2014). As concentrações normais de cálcio no sangue de equinos variam de 1,54 a
19
3,16 mmol/L (Inoue et al., 2002; Hess et al., 2008; Crocomo et al., 2009; Robert et al.,
2010).
Em resposta à baixa concentração sérica de cálcio, ocorre a secreção de alguns
hormônios a fim de reestabelecer a concentração normal. O hormônio paratireóide (PTH)
é secretado para estimular a reabsorção óssea e tubular renal de cálcio e, paralelamente,
o hormônio 1,25 hidroxivitamina D3 (Calcitriol) é secretado provocando um aumento na
absorção intestinal e reabsorçao renal de cálcio, para manter a homeostasia (Bushinscky
& Monk, 1998 apud NRC, 2007; Toribio, 2011). Quando a concentração de cálcio se
eleva, a tireóide secreta o hormônio calcitonina, que inibe a atividade dos osteoclastos e
acelera a deposição de cálcio nos ossos (Toribio, 2011).
O cálcio pode ser perdido pelo organismo através do suor, sendo ainda mais elevada
esta excreção em situações de exercício intenso, das fezes, sendo ainda maior quanto
maior for a presença de antagonistas na absorção do cálcio na dieta, e pela urina (Davies,
2009).
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