2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. As Raças Marchadoras
A partir das necessidades específicas de cada região do país ou pela preferência de
alguns criadores, as raças nacionais de equinos foram desenvolvidas (Costa et al., 2004).
De acordo com Manso Filho et al. (2015), uma das características mais selecionadas nos
equinos é o andamento, sendo formado no Brasil dois grandes grupos em função dos seus
andamentos: no primeiro grupo, são encontrados animais de raças nacionais
desenvolvidas para trabalho no campo, sendo os animais de trote e galope como as raças
Pantaneira, enquanto que no segundo grupo são encontrado os animais de raças
desenvolvidas para cavalgadas e deslocamentos em baixa velocidade, sendo os animais
de andamentos dissociados e suas variações como as raças Campolina e Mangalarga
Marchador.
O andamento é a forma como o cavalo realiza a locomoção que desloca o seu centro
de gravidade para frente, para o lado ou para trás, onde os membros realizam os
movimentos seguidos de elevação, avanço, apoio e propulsão (Hussni et al., 1996). Ainda
de acordo com estes autores, os andamentos e suas variações são determinados por
algumas variáveis destes movimentos como simetria, velocidade, comprimento do passo,
sequência e número de apoios, bem como a constância do contato do animal com o solo,
caracterizando o andamento como saltado, quando o andamento apresenta um tempo com
os quatro membros no ar, e marchado, quando não há perda do contato com o solo em
nenhum momento do movimento.
Os andamentos naturais mais comuns na espécie equina são o passo, o trote e o
galope (Hussni et al., 1996). Entretanto, algumas raças, apresentam a marcha, em
substituição ao trote, como um andamento natural, a qual é caracterizada, segundo
Nascimento (1999), como a quatro tempos, de média velocidade, com apoios alternados
dos bípedes laterais e diagonais intercalados por apoios tripedais, com reações suaves e
pouco deslocamento vertical no centro de gravidade, tornando-se animais mais macios e
cômodos ao deslocamento.
Sabe-se ainda que existem variações dentro da marcha, as quais recebem diferentes
denominações, como batida, picada, intermediária, ideal e legítima (Hussni et al., 1996).
Entretanto, os cavalos marchadores brasileiros apresentam variações no andamento
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marchado que resultam basicamente em apenas dois tipos de marcha: a batida e a picada.
Segundo Procópio (2005 apud por Santiago et al., 2013), a marcha batida é caracterizada
pela predominância dos movimentos dos membros bípedes diagonais, com
movimentação verticalizada, enquanto que a marcha picada é caracterizada pela
predominância dos movimentos dos membros bípedes laterais, com movimentação
lateralizada, tornando-se mais cômodo que a marcha batida.
Entre os cavalos marchadores brasileiros, estão duas raças bastante disseminadas em
todo o país: a Campolina e a Mangalarga Marchador, sendo esta em maior escala
comparada à Campolina. A origem do Mangalarga Marchador se deu na Comarca do Rio
das Mortes, no Sul de Minas Gerais, e é resultado do acasalamento de éguas Crioulas com
reprodutores da raça Alter, provenientes de Portugal, selecionados por criadores mineiros
(Costa et al., 2004; ABCCMM, 2016). De acordo com a Associação Brasileira de
Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador (2016), o objetivo era formar animais de
temperamento dócil com porte elegante e próprios para montaria, resistentes e ágeis para
percorrer longas jornadas.
A raça Campolina, por sua vez, utilizada para provas de marcha, campo e lazer, foi
idealizada por Cassiano Campolina, em Entre Rios, Minas Gerais, que recebeu em seu
rebanho sem padrão racial definido, uma égua coberta por um garanhão Andaluz, a qual
pariu um potro chamado Monarca, que deu início a raça (Procópio et al., 2003; ABCCC,
2016). De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Campolina,
com o objetivo de formar cavalos de grande porte, foram selecionados e utilizados
animais como o Andaluz, Anglonormando, Puro Sangue Inglês e o Mangalarga
Marchador para contribuir na formação do Campolina.
As raças marchadoras brasileiras são comumentes submetidos à prova de marcha,
que é caracterizada, segundo Prates (2007), como um exercício aeróbio de moderada
intensidade com uma velocidade média de 12 km/h, entre quarenta minutos a 1 hora.
Exercícios de longa duração, como a prova de marcha, são geralmente os maiores
responsáveis por perdas de minerais, embora exercício de curta duração e alta intensidade
também causam efeito sobre estas perdas em situações ambientais desfavoráveis
(Coenen, 2005).
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Os minerais, além de serem perdidos pelo suor, principalmente durante o exercício,
que pode atingir 10 L por hora (Dusterdieck et al., 1999), são também diariamente
excretados via fezes e urina (Cooper et al., 2000; Lindinger & Ecker, 2013). Essas perdas
tornam ainda mais importante o conhecimento das concentrações fisiológicas dos
minerais, para garantir que a perda dos mesmos não seja excessiva, não prejudicando as
várias reações no organismo que são dependentes desses minerais.
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