Centro de Ensino à Distância 94
tornou mais pessoal, mais intimista, com a deslocaçao dos temas
Povo-Nação para o Indivíduo. Outros temas passaram a inspirar a
criação literária, tais como o amor. De entre os seus autores
citemos: Helder Proença, Tony Tcheca, Félix Sigá, Carlos Vieira,
Odete Semedo.
«
Quisera
nesta vida
… afagar teus cabelos
sugar o doce dos teus olhos
transportar em arco-íris
o néctar da tua boca
e juntos caminharmos
ante a ânsia e o sonho … »[ix]
« A vida
nasce de gotas de Amor
- a morte
acontece no tempo
entre mim e a vida
paira um vácuo
- com sorriso
aguardo o destino[x].
Embora o português continue a ser a língua dominante na poesia
guineense, o recurso ao crioulo tornou-se mais frequente, quer
pela escrita em crioulo, quer pela utilização de termos e
expressões crioulas em textos em português. Empregando o
crioulo, os autores põem em evidencia a riqueza metafórica dessa
língua, profundamente enraizada na cultura popular.
Odete Semedo, que utiliza tanto o português como o crioulo,
reivindica pertencer a duas culturas:
« Em que língua escrever
as declarações de amor ?
em que língua contar as histórias que ouvi contar ?
… Falarei em crioulo ?
Falarei em crioulo !
mas que sinais deixar aos netos deste século ?
ou terei que falar nesta língua lusa
e eu sem arte nem musa
mas assim terei palavras para deixar.. . »[xi]
Várias são as publicações que dão conta destas inovações na
literatura bissau – guineense: « O Eco do Pranto » de Tony
Tcheca em 1992, uma antologia temática sobre a criança, editada
pela Editorial Inquérito em Lisboa ; « O silêncio das gaivotas »
em 1996, o segundo livro de poemas de Francisco Conduto de
Pina ; « Kebur – Barkafon di poesia na kriol », uma recolha de
poemas em crioulo, editada pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisa (INEP) em 1996 ; « Entre o Ser e o Amar », uma recolha
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