Centro de Ensino à Distância 88
Fausto Duarte, por seu turno, inaugura a sua actividade literária de temática
guineense em 1943, com Auá – novela negra, contendo um prefacio de
Aquilino Ribeiro e ganhando o 1.º os Prémio de literatura colonial: nove anos
depoi de Mariazinha em África e quatro anos depois de O Veneno do sol, três
anos depois de Afonso correia ter publicado Bacomé Sambú, uma história
passada no universo nalú, construída com signos mais esterotípicos de uma
primitiva colonialidade.
Auá é, por exemplo, uma novela reveladora de um determinado conhecimento
sócio-cultural e até linguístico, oscilando a narrativa entre a descrição do
espaço e arrastando-se para um clima de conflito cultural, embora seja um
tanto precipitado considerar, como Russel Hamilton, que a obra de fausto
Duarte apresente o africano e a sua cultura sob uma luz favorável. Talvez seja
também um tanto temerário a consideração de Benjamim Pinto Bull de Fausto
Duarte é um dos pioneiros no delinear de uma identidade cultural guineense,
ainda que o mesmo autor tenha salvaguardado o tom categórico, modalizando
a sua asserção com a tentativa tímida com um certo paternalismo no estudo
dos valores culturais guineenses porque havia o peso do silêncio do Portugal
colonizador para o que era cultura guineense.
Outrossim, a obra de Fausto Duarte de temática guineense, que encerra com a
Revolta (1945), passando por O negro sem alma (1935) e Foram estes os
Vencidos (1945, actualiza um discurso colonial de cuja estruturação emana a
significação de ultramarinidade, em que a disposição ideológica, não sendo
celebrativa, é apologética do fazer luso, colonizador, civilizador e
evangelizador na Guiné.
Por seu turno, o livro Poemas, de Carlos Semedo, parece ser um caso único na
literatura da Guiné-Bissau no período colonial. Datando de 1963, numa edição
do jornal Bolamense, Poemas insere-se numa corrente revivalista de que o
próprio Bolamense foi o protagonista e núcleo congregador do canto à velha
Bolama que perdera para Bissau as prerrogativas de cidade capital nos anos
30.
Sumário
O livro Poemas, de Carlos Semedo, parece ser um caso único na
literatura da Guiné-Bissau no período colonial. Datando de 1963,
numa edição do jornal Bolamense, Poemas. Insere-se numa
corrente revivalista de que o próprio Bolamense foi o protagonista
e núcleo congregador do canto à velha Bolama que perdera para
Bissau as prerrogativas de cidade capital nos anos 30.
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