Centro
de Ensino à Distância 87
Unidade 20. Guiné-Bissau: A Literatura Colonial e Literatura Nacional
Introdução
O que pretendemos, nesta unidade, é proceder a uma tentativa de
análise histórico-cultural da Literatura Colonial Guineense, a sua
evolução diacrónica e sociológica,
que desembocou nesta
cumplicidade cultural híbrida de que hoje se fala.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Objectivos
Conhecer a produção colonial guineense e, mais especificamente,
bolamense
Quando, em 1979,
Vasco Cabral publica, em Lisboa, dez poemas com datas
compreendidas entre 1955 e 1974,
revelando-se como poeta, havia
considerado a Guiné literária como espaço vazio.
Russel Hamilton considera que “dizer que os poemas de Vasco Cabral
constituem as verdadeiras origens da poesia
guineense talvez seja um
precipitado. E dizer que estas origens se aproximam das de Angola e
Moçambique é dar a impressão de que um caso isolado pode constituir,
respectivamente, o início de uma literatura.
De facto, a existência de um
sistema literário pressupõe uma tradição. Vasco Cabral tem, efectivamente um
lugar especial na literatura guineense. Mas como pioneiro não nos parece, pois
mesmo antes dele, Amílcar Cabral publicara. Amílcar Cabral, cabo-verdiano e
guineense e que mais recentemente foi incluída na Antologia poética da
Guine- Bissau (1990), com prefácio de Manuel Ferreira.
Considerando que o aspectro de uma literatura não é monocolor, não se
esgotando, numa opção estética, e sem subestimar o papel demiúrgico de um
sistema nacional da poesia de Amílcar Cabral, António Baticã Ferreira, Vasco
Cabral, Hélder Proença
e as Vozes das antologias, é preciso recuar às
primeiras manifestações literárias na Guiné-Bissau. E elas datam de década de
30 e com uma pujança singular – é a literatura colonial, única manifestação
sistemática com uma convergência temática no âmbito literário no período
colonial, produzida por metropolitanos cabo-verdianos.
Mas, entre os escritores coloniais guineenses, destacam-se Fernanda de Castro
e Fausto Duarte. Fernanda de Castro é autora de uma obra, de que fazem parte
dois
livros juvenis, Mariazinha em África (1925) e Aventuras de Mariazinha
em África (1929), além do romance, O veneno do sol (1928),
em um longo
poema, já emblemático da colonialidade literária, África raiz (1966). Fernanda
de Castro pode considerar-se, então, pioneira de uma escrita de temática
guineense.