Centro de Ensino à Distância 85
década de 1990.
I. A Fase Anterior A 1945
Autores marcados pelo cunho colonial
Os primeiros escritos no território guineense foram produzidos por escritores
estabelecidos ou que viveram muitos anos na Guiné, muitos deles de origem
cabo-verdiana. A maior parte das suas obras têm um carácter histórico, com a
excepção da de Fausto Duarte (1903-1955), que se destacou como romancista
[ii], Juvenal Cabral e Fernando Pais Figueiredo, ambos ensaístas, Maria Archer,
poetisa do exotismo, Fernanda de Castro, cuja obra dá conta das transformações
sociais da colónia na época e João Augusto Silva, que recebeu o primeiro
prémio de literatura colonial. Porém a maior parte destes autores caracterizam-
se por uma abordagem paternalista e/ou próxima do discurso colonial.
Durante este período apenas uma figura guineense se destaca: o Cónego
Marcelino Marques de Barros que deixou trabalhos no domínio da etnografia,
nomeadamente “A literatura dos negros” e uma colaboração com carácter
literário dispersa em obras diversas. A ele se deve a recolha e a tradução de
contos e canções guineenses em diferentes publicações e numa obra editada em
Lisboa em 1900, intitulada “Contos, Canções e Parábolas”.
II. O período entre 1945 e 1970
Uma poesia de combate
É neste período que surgem os primeiros poetas guineenses: Vasco Cabral e
António Baticã Ferreira. Amilcar Cabral, com uma dupla ligação à Guiné e
Cabo Verde, faz também parte desta geração de escritores nacionalistas. A
literatura deste período caracteriza-se pelo surgimento da poesia de combate
que denuncia a dominação, a miséria e o sofrimento, incitando à luta de
libertação.
Embora os primeiros poemas de Amílcar Cabral revelem um autor cabo-
verdiano, a maior parte da sua obra literária é dominada por um cunho
universalista, marcada pela contestação e incitação à luta:
“ Ah meu grito de revolta que percorreu o mundo
que não transpôs o mundo
o Mundo que sou eu !
Ah ! meu grito de revolta que feneceu lá longe
Muito longe
Na minha garganta !
Na garganta mundo de todos os Homens
”
Vasco Cabral é certamente o escritor desta geração com a maior produção
poética e o poeta guineense que maior número de temas abordou. A sua pluma
passa do oprimido à luta, da miséria à esperança, do amor à paz e à criança.
Inicialmente com uma abordagem universalista, a sua obra se orienta, a partir
dos anos 1960 para a realidade guineense. Em 1981, publicou o seu primeiro
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