Centro
de Ensino à Distância 70
Conhecer os principais poetas ligados à CEI;
Identificar a dimensão nativista de alguns poemas;
Conhecer
a
actividade
literária
da
pós-
independência
Objectivos
Com efeito todo o trabalho de produção e críticas literárias,
conjugado com outras formas de reivindicação da pátria, resultou
em reconhecimento da individualidade nacional de São Tomé,
formulada culturalmente em são-tomensidade.
Neste tempo de
contestação, de reivindicação e afirmação cultural e nacional, a
construção do sistema literário fez-se à volta de topi, motivos e
ideologemas, de signos e símbolos específicos e de uma certa
retórica que configuram a estética desses tempos difíceis.
Demiurgos, tal como Francisco Tenreiro e Medeiros da Veiga, de
uma
literatura nacional, são Alda Espírito Santos, cuja poesia foi
reunida apenas em 1978, no É nosso o solo sagrado da terra, Maria
Manuela Margarido, autora do livro de poemas Alto como o
silêncio, na colecção coimbrã do Novo Cancioneiro, publicado em
1957 e Tomás Medeiros, este último sem livro publicado. Apesar
de os contemporâneos dos dois poetas do capítulo precedente,
ainda que Manuel Ferreira os designe como o núcleo
dos que
vieram depois de Tenreiro, a poesia dos três supracitados só foi
dada a conhecer pela CEI, primeiramente no caderno Poesia negra
de Expressão portuguesa (1953), no caso da poesia de Alda
Espírito Santo, no caso de Tomás Medeiros e, principalmente na
antologia de Poetas de S. Tomé e Príncipe,
organizada e
prefaciada por Alfredo Margarido.
Os temas recorrentes desta poesia prendem-se com a questão da
mestiçagem, na sua lata dimensão bio-cultural, com o corolário do
abandono dos filhos e a alienação cultural, e com a questão do
trabalho agrícola, a roça e a monocultura do cacau e do café.
À parte uma escrita vincadamente preocupada com a situação da
mulher que Alda Espírito Santo realiza, sobretudo em poemas
escritos depois da independência, tanto a poesia dessa escritora
como a da sua conterrânea Maria Manuela Margarido têm em
comum a actualização
de um registo vivencial, o registo de uma
fragmentária evocação da infância e, por vezes, de uma
experiência intimista, de um
passado que o sujeito quer
presentificado no desejo de resgatar a identidade nacional
vinculada a uma pretensa cultura original. Daí que esse resgate da
matriz africana se faça pela evocação da Mulher e da terra-mãe,
figuras em que se consubstancia a África, e de elementos
simbólicos da natureza e da cultura.
É, pois, uma poesia nacionalista, de protesto e reivindicação,
anunciado e, por vezes,
substituindo um fazer politico, que os
poetas da CEI nunca enjeitaram e que não é a priori democrático.