Centro
de Ensino à Distância 62
Unidade 13. A poesia e os Fundamentos da Literatura Nacional:
(Francisco José Tenreiro “ilha de nome santo”)
Introdução
Tal como ficou dito, Francisco Jose Tenreiro foi, de parceria com
outro importante nome da literatura de Angola( Mário Pinto de
Andrade), o autor do célebre Caderno de Poesia Negra de
Expressão
Portuguesa, por um lado e, quem pela primeira vez
exprimiu em língua portuguesa, vamos
nesta unidade analisar o
seu projecto literario, tendo em atençao as influencias que este
teve da negritude.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Objectivos
Indicar todas as formas de revindicação dos são-tomenses.
Francisco José Tenreiro nasceu em São Tomé e Príncipe em 1921
e faleceu em 1963, numa altura em que se intensificava a Guerra
Colonial. Geógrafo por formação, usou
a poesia para exprimir a
nova África, já não a dos postais ilustrados e dos povos, plantas e
animais exóticos, mas a de um novo tempo, marcado pela fusão de
culturas nativas.
Tenreiro veio para Lisboa ainda bastante novo numa altura em
que nos Estados Unidos e na França se ouviam as novas vozes dos
intelectuais negros a reclamarem os direitos e a proclamarem a
identidade dos povos africanos. Tenreiro enquadra-se nesta
corrente. Também ele viveu para exaltar
a cultura da sua terra
natal, se bem que não renegando certos valores adquiridos com a
colonização. Por isso, mais do que o poeta da negritude, assume
uma postura de defesa de todas as minorias étnicas, como é visível
no poema “Negro de Todo o Mundo”.
A sua poesia exalta o
homem africano na sua globalidade, ou seja, a diáspora africana
que se propagou por todos os cantos do mundo.
Publicou a sua primeira obra – Ilha de Nome Santo – na colecção
coimbrã “Novo Cancioneiro”, integrando-se na corrente neo-
realista que então surgia em Portugal. Poeta da mestiçagem, do
cruzamento
de culturas e de vozes, escreve, na “Canção do
Mestiço”, “nasci do negro e do branco / e quem olhar para mim / é
como se olhasse / para um tabuleiro de xadrez”, continuando “E
tenho no peito uma alma grande, / uma alma feita de adição”. É
nessa adição que reside a diferença. Tenreiro não apela a um
retorno às origens africanas mas ao respeito das pessoas de todas
as cores, de todas as tradições. A sua voz é verdadeiramente a voz