Centro de Ensino à Distância 60
racial".
Devemos referir também a poetisa Alda do Espírito Santo que
figura em todas as antologias de poesia africana. A sua poesia, que
tem também a diferença racial e a exploração colonial como pano
de fundo, caracteriza-se por uma grande dose de combatividade e
panfletarismo. No entanto, no seu único livro publicado até à data,
É Nosso o Solo Sagrado da Terra: Poesia de protesto e luta,
encontramos também os poemas de grande profundidade lírica,
que descrevem com traços de verdadeira sensibilidade artística, a
vida dos habitantes de São Tomé.
Outros poetas , como Tomaz Medeiros, Maria Manuela
Margarido, Marcelo da Veiga e Carlos do Espírito Santo , mantêm
uma linha de continuidade em que a temática de fundo é a luta
contra o colonialismo, a exploração dos negros nas plantações, a
consciência da diferença que a cor provoca , e a alienação.
Como já nos referimos, o expoente da poesia sãotomense , e da
poesia africana, é Francisco José Tenreiro. Duas razões
fundamentais para esta facto. A primeira é uma razão que se
reveste de carácter histórico de muita importância. Francisco José
Tenreiro foi, de parceria com outro importante nome da literatura
de Angola( Mário Pinto de Andrade), o autor do célebre Caderno
de Poesia Negra de Expressão Portuguesa, lançado em Lisboa, em
1953. A publicação, com uma introdução de Mário Pinto de
Andrade, é uma pequena antologia de poetas de Angola,
Moçambique e São Tomé e Príncipe e ainda um poema de Nicolás
Guillén,a quem o caderno é dedicado. Tem como objectivo
fundamental uma reflexão sobre o que devia entender por
negritude na África sob dominação portuguesa. O último período
da introdução é bem explícito com relação ao propósito da
publicação do caderno, que se destina "fundamentalmente aos que
sabem encontrar-se reflectidosnesta poesia, e aos que,
compreendendo a hora presente de formação de um novo
humanismo à escala universal, entendem que os negros exercitam
também os seus timbres particulares para cantar a grande sinfonia
humana."
A segunda razão por que Francisco José Tenreiro é um marco de
máxima importância na literatura africana vem resumida na
introdução atrás citada. As palavras do poeta angolano sintetizam,
a nosso ver, o conteúdo temático e formal da poesia de Tenreiro. É
por tal motivo que nos permitimos terminar a referência ao grande
da negritude em português com as palavras de Mário Pinto de
Andrade: " Quem pela primeira vez exprimiu em língua
portuguesa foi sem sombra de dúvida Francisco José Tenreiro no
seu livro Ilha de Nome Santo, datado de 1942. Devemos assinalar
que ele encontrou por si, individualmente, as formas mais
autênticas de expressão subjectiva e objectiva. A Ilha de Nome
Santo aparece assim como um feliz encontro dos temas da sua
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