Centro de Ensino à Distância 50
Angola e de São Tomé e Príncipe; de 1975 a 1981, embaixador da
República de Cabo Verde junto à República Portuguesa; em 1981,
de volta a Cabo Verde, secretário de Estado adjunto do primeiro-
ministro; em 1983, secretário de Estado da Comunicação Social;
entre 1986 e 1989, embaixador de Cabo Verde junto à República
Popular de Angola e aos governos de São-Tomé e Príncipe,
Zâmbia, Moçambique e Zimbabwe; de 1989 a 1991, ministro da
Justiça pelo governo de Cabo Verde; consultor diplomático, em
1992, do I programa PALOP. Também foi presidente da Fundação
Amílcar Cabral e presidente da Associação de Escritores Cabo-
verdianos, entre outras actividades. A lista é realmente grande e
justifica as condecorações que já recebeu, entre elas, a da Ordem
do Vulcão pelo governo cabo-verdiano.
Se as actividades políticas de Corsino Fortes são extensas, o poeta
Corsino tem uma obra concisa, mas não de menor consistência que
a carreira diplomática. Ao contrário, o escritor é considerado um
dos grandes nomes da literatura de Cabo Verde, tendo inaugurado
uma poética de reescrita da identidade cultural cabo-verdiana
através de um trabalho com o aparato estético do poema. A
proposta de uma poesia da cabo-verdianidade das primeiras
décadas do século XX, com os grupos Claridade e Certeza, por
exemplo, ganha novos contornos e a linguagem combativa do
período de luta pela independência dá lugar a novos modelos de
representação. Segundo estudo da professora Carmen Lucia Tindó
Secco, a obra de Corsino Fortes rompeu paradigmas em relação às
produções anteriores:
“Com a obra de Corsino Fortes, os cânones literários do passado
foram definitivamente ultrapassados. Muitos de seus poemas
dialogaram intertextualmente com os de poetas das “gerações”
anteriores, como Jorge Barbosa e Gabriel Mariano. Fez a releitura
da poesia de Claridade, negando a proposta de evasionismo e
afirmando a necessidade de fecundar a esperança de
transformação dentro das ilhas. Releu também Ovídio Martins,
contradizendo-o: “Já não somos os flagelados do Vento Leste”,
pois o vento tornou-se metáfora anunciadora de mudanças sociais,
um signo caboverdiano de desafio (…) A poesia de Corsino
aprofundou a proposta do anticolonialismo fundada pelo grupo
Sèló e questionou também os séculos de dominação portuguesa.
Enfim, o autor ampliou o debate sobre a redescoberta dos valores
culturais da terra, construindo uma poesia de estrutura épica
dinâmica, na qual são encenadas não só a história e a voz colectiva
do povo cabo-verdiano, mas também a subjectividade e as
experiências do eu-lírico. Para a ensaísta Ana Mafalda Leite, “a
modelização épica, que abrange e desenvolve o que na expressão
de Hamilton é denominado por “estratagema do eu intimista como
voz colectiva” (…) torna-se uma das soluções que visam resolver
a problemática da identidade nacional” (LEITE, 1995, p. 112).
Compartilhe com seus amigos: |