Centro
de Ensino à Distância 34
Actividade 1
1.
Atente no excerto acima, apresente a simbologia de
S.Vicente na obra Chuva Braba
ii.
Os Flagelados do Vento Leste (1960).
Manuel Lopes já tratara a temática da fome no seu anterior
romance, Chuva Braba (1956; É
contudo em Os Flagelados do
Vento Leste que desenvolve um intenso cenário de desolação, o
qual promove o desespero e a degradação humana.
Em páginas sofridas e cheias de tensão, o leitor assiste ao
desenvolver de uma narrativa marcada por um neo-realismo de
carácter insular, que em parte evoca alguma da ficção de temática
nordestina do autor brasileiro Graciliano Ramos (1892-1953).
José da Cruz, lavrador,
e um dos seus filhos, Leandro, pastor
transformado em salteador, são as personagens
nucleares de duas
narrativas que se entrecruzam, traduzindo a impotência dos
habitantes da ilha de Santo Antão perante a força dos elementos.
Da narrativa transcrevem-se três excertos:
“
Agosto chegou ao fim. Setembro entrou feio, seco de águas; o sol
peneirando chispas num céu cor de cinza; a luminosidade tão
intensa que trespassava as montanhas, descoloria-as, fundia-as
na atmosfera espessa e vibrante. Os homens espiavam, de cabeça
erguida, interrogavam-se em silêncio. Com ansiedade jogavam os
seus pensamentos, como pedras das fundas, para o alto. Nem um
fiapo de nuvem pairava nos espaços. Não se enxergava um único
sinal, desses indícios que os velhos sabem ver apontando o dedo
indicador, o braço estendido para o céu, e se revelam aos homens
como palavras escritas”.
"
Aquela tira de carrapato era sinal de trabalho, símbolo de
emancipação, na ideia do rapaz. Significava que nele se estava
operando a passagem de menino para homem. Na verdade, era o
começo da escravização do menino pela terra, sob o disfarce
tentador da responsabilidade de homem. Todo o catraio que ajuda
o pai no tráfego sério das hortas sente grandeza em ser tratado de
igual para igual e em trazer aquele distintivo. Os homens usavam,
naturalmente, o cinto para suster as calças, mas também para
enfiar a faca. O pai tinha um lato de coiro e um cartuchinho
também de coiro – a bainha – para guardar a faca. Os meninos
sonham com a bainha de cabedal, emblema de responsabilidade.
"Uá! Tu não tens uma faca como eu. Foi nha-pai que deu para eu
ajudar ele nos mandados da horta". Então, às escondidas, já
picam tabaco de rolo com a faca, e enrolam o seu cigarrinho na
palha de milho. Depois enfiam o calção de dril azul ou cotim ou
vichi para esconder a vergonha e andarem mais afoitos no meio