Centro de Ensino à Distância 31
Vento Leste teve adaptação cinematográfica, dirigida por António
Faria, em 1987.
Mas Manuel Lopes foi autor de outros títulos como Horas Vagas
(poesia, 1934), Poemas de Quem Ficou (poesia, 1949), Temas
Cabo-verdianos (ensaios, 1950), Crioulo e Outros Poemas (poesia,
1964), As Personagens de Ficção e os seus Modelos (ensaio,
1971) e Falucho Ancorado (antologia poética, 1997).
Chuva Brava E Os Flagelados Do Vento Leste abordam a temática
da vida no campo, os olhos postos num céu esquecido dos homens
em baixo implorando uma gota d’água. Assim, os autores que
publicaram na “Claridade” escolheram como temas predilectos a
fome e a miséria em que Cabo Verde vivia, o abandono a que o
nosso povo era votado pelos sucessivos Governos coloniais.
i.
O romance Chuva Braba é da autoria de Manuel Lopes,
escritor cabo-verdiano nascido em 1907, em São
Vicente.
Obra da novelística insular, a sua narrativa tem como pólo central
a vida de Mané Quim, personagem principal deste romance, e a
luta que, diariamente, enfrenta para ultrapassar as dificuldades
inerentes ao isolamento provocado pela condição de insularidade e
à miséria decorrente de secas longuíssimas. Assolado por uma
série de conflitos interiores, esta personagem é detentora de uma
grande intensidade dramática que se vai aprofundando à medida
que se aproxima do desenlace.
Tendo sempre aceite pacífica e passivamente o seu quotidiano, na
Ilha de Santo Antão, Mané Quim, de um dia para outro, é
"desassossegado" por um convite que lhe foi feito pelo seu
padrinho "Nhô Joquinha" para ir para a Amazónia - Brasil. Na
verdade, perante este convite que lhe abre as portas da
"oportunidade", sente-se arrebatado por um conjunto de
sentimentos antitéticos que assentam fundamentalmente na
dicotomia "precisar de partir" e "querer ficar". Esta dúvida, fonte
de conflitos internos que invadem grande parte da população
destas ilhas, acentua-se na personagem, quando, inevitavelmente,
pensa no abandono a que sujeitará, se partir, a sua mãe, Ngã Joja,
viúva há dez anos, e Escolástica, filha de Ngã Totona, que lhe
começara a despertar o sentimento.
Após a partida dos seus dois irmãos, os quais nunca deram
notícias, Mané Quim foi alimentando a esperança de poder
trabalhar um cantinho de terra abençoada por um pequeno regadio,
no Ribeirãozinho, acreditando nas palavras de esperança de chuva
"gritadas" por Nhõ Vital, o lunário.
Este sonho, associado ao fervor da paixão que crescia por
Escolástica, é, repentinamente, destabilizado pelo convite do
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