4 de março de 1865. Após quatro
Desfile que precedeu o Discurso de Gettysburg. O discurso em si não foi especialmente bem
recebido na época; sua importância na definição da Guerra Civil como uma luta pelo “novo
ABRAHAM LINCOLN
: UM LEGADO DE LIBERDADE
•
59
Sulista estava despedaçada, se já não
destruída. Contudo, a apreensão
invadia esse espírito de otimismo.
Rumores circulavam pela capital
que confederados desesperados, ao
perceber que a derrota era iminente,
tentariam sequestrar ou assassinar o
presidente.
O segundo discurso de posse
de Lincoln tinha 701 palavras, 505
das quais com apenas uma sílaba.
Ele começou em tom suave. Na
atmosfera altamente carregada de
uma Washington em tempo de
guerra, com soldados por toda parte,
era como se ele quisesse atenuar as
expectativas.
No segundo parágrafo, Lincoln
usou a imagem da guerra em cada
frase. A tensão permeia todo o
parágrafo, atingindo um crescendo na
frase final: “E a guerra chegou.” Em
quatro palavras, Lincoln reconheceu
que a guerra havia chegado, apesar
das melhores intenções dos líderes
políticos. Quis que seus ouvintes
entendessem que essa guerra não
podia ser simplesmente considerada
como a concretização de planos
humanos.
“Ambos leem a mesma Bíblia
e oram ao mesmo Deus.” Essa
introdução à Bíblia marca um
novo território. A Bíblia havia sido
mencionada apenas uma vez nas 18
posses anteriores. Lincoln sinalizou,
assim, seu intento de analisar a
guerra do ponto de vista teológico e
político.
Após reconhecer que os soldados
de ambos os lados do conflito
liam a Bíblia e oravam de forma
semelhante, Lincoln discorreu sobre
o uso apropriado do livro sagrado.
Sugeriu que alguns brandiam a
Bíblia e a oração quase como armas
para ganhar a simpatia de Deus para
um lado ou para o outro. Mas isso
apenas produzia leituras opostas do
mesmo livro. De um lado, estavam
aqueles que acreditavam firmemente
que a Bíblia que liam sancionava a
escravidão. Do outro, os que achavam
que ela encorajava a abolição da
escravidão. (“Ambos leem a mesma
Bíblia e oram ao mesmo Deus, e cada
um pede Sua ajuda contra o outro.”)
Em vez disso, Lincoln defende a
causa de um Deus inclusivo que não
toma um partido específico, seja de
um lado ou de outro.
À medida que o discurso se
aproxima do parágrafo final, toma
um rumo inesperado. Quando
muitos esperavam que Lincoln
celebrasse os sucessos da União, ele
em vez disso chamou corajosamente
a atenção para o mal que existia
há muito tempo bem no centro da
família nacional americana, com a
aquiescência de americanos demais.
Se Deus determinasse agora o fim
da escravidão, “esta guerra terrível”
apareceria como “a devida punição
àqueles de quem a ofensa proviera”.
Lincoln passara a acreditar que,
onde havia o mal, o julgamento, na
certa, não tardaria a acontecer. Ele via
esse julgamento na morte de 623 mil
soldados confederados e da União e
aceitava que fosse assim:
Compartilhe com seus amigos: