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Direito, mas excessivamente interessado em matemáticas e ciências, o que o
levou a trilhar um caminho em direção aos estudos científicos. Entre suas
principais obras encontra-se a volumosa
História Natural (cujo primeiro volume
foi publicado em 1749), na qual aparecem suas teorias sobre os temas
americanos. Entre as conclusões buffonianas referentes às Américas coloniais
destacam-se formulações intrigantes que merecem ser comentadas; todas elas
têm como base a ideia de que “a natureza é constante e suas leis são
imutáveis
” (ROSSI, 1992, p. 133).
A primeira delas refere-se à diferença existente entre os animais do
Velho e do Novo continentes, mais especificamente à inexistência de grandes
animais selvagens no segundo. Quaisquer semelhanças que pudessem existir
entre as espécies de maior porte de ambos os continentes eram refutadas,
garantindo a superioridade das espécies do Velho em detrimento das do Novo
Mundo. Diz Buffon: “os elefantes pertencem ao Antigo Continente, e não
existem no Novo (...) nem se encontra ali nenhum animal que se compare a
eles.” Alude, ainda, à anta brasileira, que nem de longe poderia comparar-se
aos grandes mamíferos, devido a sua “dimensão de um novilho de seis meses
ou de uma pequeníssima mula” (apud GERBI, 1996: p. 19). Toda a natureza
estaria em seu estado bruto.
Fonte de etnocentrismo gerado a partir das teorias buffonianas é o
postulado da degenerescência dos animais na América. As espécies trazidas
da Europa tenderiam a definhar-se.
Os cavalos, os asnos, os bois, os carneiros, as cabras, os porcos, os
cães, etc., todos esses animais, digo, tornaram-se menores; e [...] os
que não foram transportados, mas lá chegaram por si mesmos, numa
palavra aqueles que são comuns aos dois mundos, tais como os
lobos, as raposas, os cervos, os cabritos monteses, os alces, são
também consideravelmente menores na América que na Europa, e
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