Pós-Graduação em Ciência da Informação e Documentação – ECA/USP – 1º sem./2004
Disciplina: Formas de estruturação e mediação da informação institucionalizada
Profas. Johanna W. Smit e Maria de Fátima M. Tálamo
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faz únicos por associação, e portanto,
diferentes.
Nas bases de dados eletrônicas a situação é
um pouco menos clara. Pode haver copias
de dois tipos: cópias temporárias, virtuais
carregadas no monitor; ou a possibilidade
de reprodução dessas cópias de modo mais
perene, em papel ou em outro meio
armazenável. Essas cópias podem não ser
idênticas ao original, se decorrentes de um
erro mecânico. Entretanto, é comumente
assumido
que ou a cópia é autêntica ou os
seus erros são tão aparentes que se
tornarão muito evidentes. Há muitas
dificuldades em reconhecer a
origem de
uma cópia, se é de uma última versão
oficial da base de dados, mas isso é uma
outra questão. Nos textos manuscritos há a
probabilidade de que cada um tenha pelo
menos mínimas diferenças, mesmo se seu
propósito seja obter uma cópia. Quem
copia provavelmente omite, acrescenta, e
altera partes do texto. Uma característica
significante dos estudos medievais é a
necessidade de examinar atentamente
todas as copias de uma série de
manuscritos não somente para identificar
as diferenças, mas também para inferir
qual das versões poderia ser a mais correta
de acordo com as suas diferenças.
Em geral, a existência de copias idênticas,
igualmente informativas, igualmente
autorizadas é rara. Materiais
impressos em
bibliotecas são notáveis exceções. Mais
comum é o caso das cópias não totalmente
idênticas, embora possam ser
aceitavelmente idênticas para muitos
propósitos.
Interpretações e conclusões de evidências
O progresso em tecnologia da informação
altera o processo de criar e utilizar
informação-como-coisa. Muitas informações
em sistemas de informação têm sido
processadas, codificadas, interpretadas,
resumidas, por fim, transformadas. Livros
são um bom exemplo. Virtualmente todos
os livros coligidos são baseados, pelo
menos em parte, na evidência primitiva,
ambos são textuais e trazem outras formas
de informação. Tradicionalmente o livro é
permeado com descrições e sumários, ou,
como preferirmos chamá-los,
representações.
Representações têm importantes
características:
(1) Toda
representação
possivelmente é mais ou
menos incompleta em alguns
aspectos. Uma fotografia não
indica movimento e pode não
retratar a cor. Até uma
fotografia colorida mostrará
cores imperfeitamente – o
que se apaga com o tempo.
Uma narrativa escrita refletirá
o ponto de
vista do autor e as
limitações da linguagem.
Filmes e fotografias
usualmente mostram somente
uma perspectiva. Algo do
original é sempre perdido. Há
sempre alguma distorção,
uma inexatidão.
(2) Representações
são
construídas por conveniência,
que nesse contexto tende a
facilitar o armazenamento, a
compreensão, e/ou a busca.
(3) Por causa da questão da
conveniência, representações
são normalmente
substituições do evento ou do
objeto do texto, de um texto
a outro, ou de objetos e
textos a dados. Exceções a
isso, tais como de objeto a
objeto ou de documento
relacionado ao objeto
(replicas físicas e modelos)
podem ser também
encontradas (Schlebecker,
1977).
(4) Detalhes
adicionais
relacionam-se
ao objeto mas
não às evidencias que podem
ser próximas às
representações, tanto para
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informar quanto para informar
mal.
(5) Representações podem ser
repetidas
indefinidamente. Pode
haver representações de
representações de
representações.
(6) Por razões práticas
representações são
comumente (mas não
necessariamente) mais
breves ou diminutas que
do o que esteja sendo
efetivamente
representado,
concentrando-se
naquelas características
mais significantes. Um
resumo, também por
definição, é um
descrição incompleta.
O progresso contínuo na tecnologia da
informação permite melhoria em nossa
habilidade de fazer descrições físicas,
exemplos de informação-como-coisa.
Fotografias aperfeiçoam desenhos; imagens
digitais aperfeiçoam fotografias. A voz do
século dezenove, o cantor Jenny Lind, foi
descrito pela Rainha Victoria como “a mais
estranha, poderosa e
peculiar voz, tão
sonora, tão macia e flexível...” (Sadie,
1980, v.10, p.865). Embora essa descrição
seja melhor que nenhuma, poderíamos
obter muitas outras informações ouvindo
uma gravação sonora.
Reproduções de trabalhos de arte e
artefatos de museus podem ser suficientes
para alguns propósitos e têm a vantagem
de prover muito mais acesso físico sem ter
que desgastar os originais. Em tempo,
como representações dos originais, eles
sempre serão deficientes, a não ser que, no
caso de trabalhos de arte e objetos de
museus, as representações sejam tão
fidedignas que os especialistas não possam
identificar qual é o original e qual é a cópia
(Mills & Mansfield, 1979).
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