Seringueiros do Médio Solimões: fragmentos e memórias de vida e trabalho
Tugboats of the Middle Solimões: fragments and memories of life and work
Autor: José Lino do Nascimento Marinho
Orientadora: Iraíldes Caldas Torres
José Lino do Nascimento Marinho. Doutorando em Sociedade e Cultura na Amazônia – Universidade Federal do Amazonas – PPGSCA/UFAM/2018.
Resumo
Este estudo assenta-se num tema pouco explorado pelas ciências sociais que é a subjetividade e o imaginário dos seringueiros da Amazônia. O nosso propósito neste estudo consiste em perceber o espaço simbólico do seringal como manifestação de sociabilidade e de cultura imaterial, tendo na memória a ferramenta basilar de construção do vivido e da experiência dos seringueiros na Amazônia, fundamentalmente daqueles que vivem no município de Tefé, interior do Amazonas. O nosso olhar se volta para percebermos em que sentido os seringueiros expressam e vivem a sua subjetividade no espaço do seringal, procurando descobrir a alegria e o lúdico como recriação do humano em meio à sevícia e exploração destes trabalhadores. O Seringal é tomado neste estudo não só como o lugar de exploração econômica, mas e, sobretudo, como o lugar da experiência vivida, das festas, do imaginário, do cenário de pessoas que fazem história nesse território das águas. O vivido é percebido por meio das narrações dos sujeitos da pesquisa como o lugar onde se constituiu a experiência individual e coletiva envolvendo as festas, as crenças, as emoções da vida, o trabalho. No processo de quase isolamento do seringueiro na colocação do seringal não resta outra maneira de suportar a sua situação de semiescravidão, senão por intermédio da recriação de sua subjetividade. A produção e vivência da alegria e positividade da vida se dá, então, através das cantorias, das ladainhas, dos causos contados, das danças de forró, enfim, das festas como realização da existência. Se há produção da vida nos seringais amazônicos por intermédio das festas e de outros elementos constitutivos do lúdico e da alegria, podemos dizer que o trabalhador seringueiro vive no confinamento a sua hominização como constructo humano. Desvendar o espaço simbólico do seringal enquanto expressão da sociabilidade e representação imaterial do cotidiano vivido, sem deixar de fazer o registro da resistência política dos seringueiros na Amazônia, é o nosso maior desafio.
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