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Revista Eletrônica
Literatura e Autoritarismo , nº 25
– janeiro a junho de 2015 – ISSN 1679-849X
http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/LA/index
sentido se dava pela aceitação das diretrizes da religião e do sistema
capitalista de produção. No mundo administrado, a vida cede espaço para a
rotina que se resume a levantar de manhã, trabalhar, comer e reproduzir-se. Tal
rotina não possui sentido inteligível já que se refere a modos de pensar que se
impõem ao indivíduo sem que ele participe da estruturação desse estilo de
vida, como se não houvessem escolhas a serem feitas. Frente a percepção
desta monotonia e falta de sentido na existência, alguns entendem que o mais
sensato a se fazer quando a razão concebe essa total insignificância, é o
suicídio.
O autor parte da afirmação de que “Só existe um problema filosófico
realmente sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser
vivida é responder à questão fundamental da filosofia.” (CAMUS, 1941).
Entende-se que para o autor, as questões mais importantes são aquelas que
dizem respeito ao significado da vida ou a sua falta, ou seja, a filosofia sai do
campo das indagações e adentra ao campo do possível, lugar onde agora a
humanidade precisa orientar-se.
Se anteriormente tratava-se de saber se a vida devia ter um sentido
para ser vivida, para Camus parece pelo contrário, que será tanto melhor vivida
quanto menos sentido tiver. Em O mito de Sísifo a ênfase de Camus recai
sobre a natureza absurda da existência e em como lidar com ela e continuar
vivendo. Neste ponto reside a singularidade de seu pensamento.
O ente humano encontra-se face a face com o irracional. Ele
sente dentro de si sua aspiração por razão e felicidade. O
absurdo nasce desse confronto entre a necessidade humana e
o silêncio desarrazoado do mundo. Isso não pode ser
esquecido, porque toda consequência de uma vida pode
depender disso. O irracional, a nostalgia humana e o absurdo
que nascem de seu encontro. Esses são os três componentes
do drama (...) (Mito de Sísifo: 31-32)
Aqui notamos com clareza o conceito de absurdidade, entendemos que
tal conceito consiste no abismo entre o que esperamos da vida e o que de fato
encontramos nela. Não há, seja na vida ou no mundo, uma ordem harmoniosa
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