SEÇÃO TEMÁTICA: Lygia Fagundes Telles
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2316-4018563
e-ISSN: 2316-4018
Recebido em 10 de março de 2018.
Aprovado em 30 de julho de 2018.
estud. lit. bras. contemp., Brasília, n. 56, e563, 2019.
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“Anão de jardim”: o “conto total” de Lygia Fagundes Telles
“Anão de jardim”: the “total tale” of Lygia Fagundes Telles
“Anão de jardim”: el “cuento total” de Lygia Fagundes Telles
Nilton Resende
Resumo
Em 1995, Lygia Fagundes Telles publicou o seu último livro de contos, A noite escura e mais eu – os volumes
de textos curtos publicados em seguida são de natureza híbrida (invenção e memória), crônicas ou
compilação de contos dispersos. O último conto desse livro, “Anão de jardim”, por sua natureza grotesca e
alegórica, pode ser considerado um conto súmula, uma síntese da contística lygiana. Neste artigo, valendo-se
principalmente da teorização de Kayser (2003) sobre “o grotesco”, dos estudos de Kappler (1994) sobre “os
monstros” e, ainda, das interpretações simbólicas de Chevalier e Gheerbrant (2005), defende-se “Anão de
jardim” como um “conto total”, sendo Kobold (o narrador desse texto) um ser diabólico/cindido, no qual se
condensam as personagens lygianas e seus dramas. Considera-se, ainda, o jardim – cenário em que se passa a
narrativa – uma representação encapsulada do mundo ficcional da autora.