Leitura
As pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
de pombas vão-se dos pombais, apenas
raia sanguínea e fresca a madrugada.
E à tarde, quando a rígida nortada
sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
ruflando as asas, sacudindo as penas,
voltam todas em bando e em revoada.
Também dos corações onde abotoam
os sonhos, um a um, céleres voam,
como voam as pombas dos pombais.
No azul da adolescência as asas soltam,
fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
CORREIA, Raimundo. As pombas. Sinfonias. In: FARACO, Sérgio (Org.). Livro dos poemas — Livro dos sonetos: uma antologia de poetas brasileiros e portugueses. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 71. (Série Ouro).
Compartilhe com seus amigos: |