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Revista Brasileira de Inteligência. Brasília: Abin, nº. 16, dez. 2021
Análise de confl itos aplicada à produção de conhecimentos de Inteligência: um estudo exploratório
as partes (LEVINGER, 2013). Trata-se de
modelo conceitual que ilustra como um
confl ito pode ser violento e não violento
e como,
ao longo do tempo, o uso de
força em um confl ito tende a aumentar e
diminuir (fi gura 1).
Figura 1: Curva de Confl ito – imagem em: USAID, 2012, p.12.
A curva de Lund (1996) é um modelo
idealizado, uma vez que os confl itos, na
realidade, não são fenômenos lineares.
Seu intuito é demonstrar que confl itos
ocorrem em
continuum ao longo do tempo
e que os momentos de luta e confronto
violento entre as partes são períodos de
pico, os quais não representam todo o
ciclo de confl ito (USAID, 2012).
Grande parte dos modelos desenvolvidos
por diferentes organizações que se valem
da análise de confl itos busca, inicialmente,
traçar um quadro de diagnóstico do
contexto conflituoso, decompondo a
questão
para melhor entendimento
dos analistas, conforme destaca Heuer
(1999) em sua obra sobre a psicologia da
intelligence analysis.
There are two basic tools for dealing with
complexity in analysis – decomposition
and externalization. Decomposition
means breaking a problem down into
its component parts. That is, indeed, the
essence of analysis. (…) Externalization
means getting the decomposed problem
out of one’s head and down on paper or on
a computer screen in some simplifi ed form
that shows the main variables, parameters,
or elements of the problem and how they
relate to each other (HEUER, 1999, p. 86).
Para identifi car os fatores que compõem
um confl ito específi co, Harris e Reilly (1998)
propõem um marco analítico a partir de
respostas a uma série de perguntas sobre:
atores (internos e externos); problemas
relacionados ao confl ito (distribuição de
recursos econômicos, políticos, sociais;
discriminação na distribuição
de recursos,
etc.); fatores subjacentes (necessidades
e medos das partes); escopo (extensão
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Thiago Nogueira Silveira
do conflito); tentativas anteriores
de resolução; fases e intensidade;
equilíbrio de poder (entre as partes);
capacidades e recursos de cada parte; e
estado do relacionamento (natureza das
relações entre os adversários, canais de
comunicação, etc.). Os autores sugerem,
ainda, o entendimento dos conflitos a
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