Revista Brasileira de Inteligência. Brasília: Abin, nº. 16, dez. 2021
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Ana Martins Ribeiro
local. Em países que abrigam comunidade
de Inteligência estrangeira ampla,
que possuem serviços de Inteligência
domésticos fortes e atuantes ou onde se
percebe ênfase em temas securitários e de
gerenciamento de crises, tradicionalmente
associados à Inteligência, o papel do adido
tende a ser mais valorizado, especialmente
no que se refere a seus canais para coleta
e troca de informações
e ao potencial de
qualifi cação das análises produzidas no
âmbito da Embaixada.
Deficiências na estratégia político-
institucional e na defi nição dos objetivos
estabelecidos para cada posto de
Inteligência no exterior foram identifi cadas
como o principal fator limitador ao
máximo aproveitamento da posição do
adido, especialmente pelo corpo funcional
da Embaixada.
Por meio das respostas e comentários
à segunda questão, a pesquisa também
pretendeu revelar eventuais disparidades
entre as percepções sobre a relevância
dos representantes da Inteligência
nas Embaixadas e da atividade de
Inteligência em si. Conforme indicam as
respostas às perguntas três
e quatro,
os resultados corroboram a existência
de diferenças de avaliação. Em relação
ao papel da Inteligência de Estado para
o corpo diplomático brasileiro em cada
posto, houve maior heterogeneidade
nas percepções dos entrevistados, o que
se atribui ao amplo desconhecimento
sobre os potenciais da Inteligência como
ferramenta para formulação e execução
de política externa. Esse desconhecimento
poderia ser mitigado por meio de
planejamentos, protocolos e rotinas
institucionais que favorecessem a sinergia
entre as duas atividades.
Diversos fatores foram associados a esse
desconhecimento
ou afastamento, dos
quais se destaca: ausência de discussões
aprofundadas sobre o papel e os potenciais
da Inteligência durante o processo de
formação do diplomata; percepção de
que a Inteligência é voltada para temas
securitários somente e de que não teria
capacidade técnica para contribuir em
temas como economia, comércio
exterior
e geopolítica; e preconceitos, receios e
opiniões enviesadas sobre a atividade
e o órgão de Inteligência, em geral,
decorrentes de condicionantes históricos.
Entretanto, observaram-se diferenças
nas percepções de acordo com o
contexto específico de cada posto, o
que é influenciado por aspectos como
tempo de existência da adidância (que
favorece o maior conhecimento sobre
as potencialidades e características da
Inteligência), complexidade da conjuntura
doméstica e regional e relevância de
temas securitários. Também
se destacou
a relevância da Inteligência para o
assessoramento sobre conjunturas que
extrapolam o contexto interno do país
do posto, especialmente em regiões
percebidas como complexas. Ademais,
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