Revista Brasileira de Inteligência. Brasília: Abin, nº. 16, dez. 2021
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Inteligência externa e diplomacia: interfaces e relações no contexto brasileiro
representação mental se têm daqueles
objetos. Nesse sentido, o esclarecimento
dos conceitos
utilizados pela presente
pesquisa para as duas atividades é
condição para que se possa avaliar suas
competências e relações. No entanto,
quando se trata de definir Inteligência
Externa e diplomacia, a literatura não
apresenta consenso. Conforme se
apontou acima, tanto a Inteligência
quanto a diplomacia foram estabelecidas
com o propósito de obter informações
e vantagens comparativas sobre países
estrangeiros,
contribuindo para regular
relações internacionais e interesses
externos complexos (KOMLJENOVIĆ, 2018,
p. 39).
Historicamente, o termo diplomacia se
refere à condução de relações oficiais
entre Estados soberanos (KOMLJENOVIĆ,
2018, p. 42). Embora seja atividade
que remonta à própria formação de
unidades políticas autônomas, seu
conceito moderno começou a ser
estabelecido por volta do início do
século XIX. Com frequência,
a literatura
associa a diplomacia à negociação na
arena internacional (BERRIDGE, 2015).
Não obstante a negociação seja o meio
utilizado por excelência pela diplomacia
para atuar junto a países estrangeiros
e organizações internacionais,
os dois
termos não se confundem.
De acordo com Munton (2018, p. 2),
considerando que as atividades rotineiras
do corpo diplomático raramente envolvem
a participação em negociações formais,
definir diplomacia como atividade que
implica exercício de negociação representa
redução de
seu escopo ou alargamento
da noção de negociação para abranger
todos os contatos e intercâmbios entre
representantes externos, inclusive os
de caráter informal e rotineiro. O autor
sintetiza a defi nição de diplomacia como
atividade de condução pacífi ca das relações
internacionais
feita por representantes
ofi ciais do Estado representado.
Outros autores sugerem definições
que expandem a proposta de Munton.
Para Herman (1996, p. 34), o conceito
da atividade diplomática contempla,
além da formulação e da execução de
política externa, a coleta de informações
relacionadas à comunidade internacional.
A diplomacia também é conceituada como
método estabelecido para infl uenciar as
decisões e
o comportamento de governos
e povos estrangeiros por meio do diálogo,
da negociação e de outras medidas
pacífi cas (
Encyclopedia Britannica).
Para fi ns deste trabalho, considera-se a
defi nição de diplomacia que sintetiza os
elementos propostos pela literatura em
três vertentes: atividade de (1) formulação
e execução de política externa, (2)
coleta
de dados sobre conjunturas internacionais
e (3) estratégias ofi ciais para infl uenciar
decisões e comportamentos na arena
internacional.
Em relação à Inteligência Externa, a maior
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