Conceito de legado
Cardoso (2013) identifi ca o conceito de
legado a partir da análise dos discursos
sobre grandes eventos. Para o autor, trata-
se do que “fi ca”. O verbete para a palavra
legado está estabelecido no dicionário
Michaelis, no seu sentido fi gurado, como
“Aquilo que passa de uma geração a outra,
que se transmite à posteridade”.
Podemos pensar o legado tanto
como permanência (o que fica)
— se considerarmos benfeitorias
proporcionadas para a ocasião e que ainda
terão utilidade para a população após o
evento — quanto costumes adquiridos
e boas práticas que podem se protrair
no tempo, se exercitadas. No que se
refere à segurança pública, é possível
dizer que o legado dos grandes eventos
comporta ambas as ideias: permanência
e posteridade. A permanência refere-se à
estrutura do SICC e aos CICC. Quanto ao
que se passa adiante, fazemos alusão a
boas práticas no trabalho integrado entre
as agências de segurança e defesa.
Vasconcelos (2018) localiza a categorização
de Dexheimer para o legado dos grandes
eventos para a segurança pública. Para
esse autor, o legado é tangível (aquisição de
bens materiais), intangível (conhecimentos
adquiridos), de abrangência nacional e
de impacto físico ambiental (estruturas
físicas, como os centros de Comando e
controle), político administrativo (aquisição
de habilidades de planejamento e gestão)
e sócio cultural (contribuição para o
combate à criminalidade).
Considerando que o legado também faz
parte do discurso de convencimento, por
parte dos operadores e negociadores
para viabilizar a sua realização, é natural
concluirmos que o legado surge antes
mesmo que os eventos se iniciem.
No campo da segurança, tal jogo
argumentativo girava, justamente, em
torno da ideia de integração, já desde os
normativos para a Copa do Mundo de
2014 (CARDOSO, 2013).
A integração almejada é identifi cada por
Vasconcelos como coordenação, uma
vez que a autora não reconhece, nos
inúmeros atos administrativos e discursos
de autoridades qualquer intenção de
se formar de um organismo único. Ao
contrário, os movimentos em favor da
integração ressaltam a necessidade de
cooperação, respeitando-se a autonomia
entre as agências envolvidas. Um
elemento que concorreu para a adesão
das agências foi o modelo de gestão
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