de governo e iam no encalço de sua “vil máxima”: “Tudo para nós
e nada para os
outros”.
[8]
O papel dos mestres na arena política não é deplorado, tampouco
discutido, no volume publicado pela Trilateral, presumivelmente porque os
mestres representam “o interesse nacional”, como
os que aplaudiam a si mesmos
por conduzir o país à guerra depois que “a exaustiva deliberação dos mais
ponderados membros da comunidade” havia chegado a seu “veredito moral”.
Para sobrepujar o excessivo fardo imposto ao Estado pelos interesses especiais,
os trilateralistas reivindicaram mais “moderação na democracia”, um retorno à
passividade por parte dos menos merecedores, talvez até
mesmo aos felizes dias
quando “Truman tinha condições de governar o país com a cooperação de um
número relativamente pequeno de advogados e banqueiros de Wall Street”, e
quando a democracia, por conseguinte, florescia.
Os trilateralistas poderiam muito bem ter alegado que estavam seguindo o
intento original da Constituição, “intrinsecamente um documento aristocrático
elaborado para refrear as tendências democráticas do período”, entregando o poder
a uma “melhor espécie” de pessoas e excluindo “os que não
eram nem ricos nem
bem-nascidos, nem pró-ceres de exercer o poder político”, nas palavras do
historiador político Gordon Wood.
[9]
Em defesa de Madison, porém, devemos
reconhecer que sua mentalidade era pré-capitalista. Ao determinar que o poder
deveria estar nas mãos da “riqueza da nação”, “o
conjunto dos homens mais
capazes”, ele vislumbrou esses homens com base no modelo do “estadista
esclarecido” e do “filósofo benevolente” do imaginado mundo romano. Seriam
“puros e nobres”, “homens de inteligência, patriotismo, propriedade e
circunstâncias independentes”, “cuja sabedoria pode discernir melhor o verdadeiro
interesse de seu país e cujo patriotismo e amor à justiça
diminuem a probabilidade
de que o sacrifiquem a considerações temporárias ou parciais”. Assim dotados,
esses homens “refinariam e ampliariam os pontos de vista públicos”,
salvaguardando o interesse público contra as “traquinagens” das maiorias
democráticas.
[10]
De forma em tudo semelhante, os intelectuais wilsonianos talvez
pudessem se consolar e se animar com as descobertas das ciências
comportamentais ou behavioristas, explicadas em 1939 pelo psicólogo e teórico da
educação Edward Thorndike:
[11]
É a maior boa sorte da humanidade que haja uma substancial correlação entre inteligência e moralidade,
incluindo a boa vontade para com o próximo [...]
Consequentemente, os que são superiores a nós em
habilidades são na média os nossos benfeitores, e é sempre mais seguro confiar nossos interesses a eles
do que a nós mesmos.
Uma doutrina reconfortante, embora alguns talvez julguem que Adam Smith
tinha a visão mais aguçada.
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