Questão 134
Fora da ordem
Em 1588, o engenheiro militar italiano Agostinho Romelli
publicou
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descrevia uma máquina de ler livros. Montada para girar
verticalmente, como uma roda de hamster, a invenção
permitia que o leitor fosse de um texto ao outro sem se
levantar de sua cadeira.
Hoje podemos alternar entre documentos com muito
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para acessarmos imagens, textos, vídeos e sons
instantaneamente. Para isso, usamos o computador, e
principalmente a internet – tecnologias que não estavam
disponíveis no Renascimento, época em que Romelli viveu.
BERCITTO, D. Revista Língua Portuguesa. Ano II. N°14.
O inventor italiano antecipou, no século XVI, um dos
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linearidade na leitura e a possibilidade de acesso ao texto
conforme o interesse do leitor. Além de ser característica
essencial da internet, do ponto de vista da produção
do texto, a hipertextualidade se manifesta também em
textos impressos, como
dicionários, pois a forma do texto dá liberdade de
acesso à informação.
documentários, pois o autor faz uma seleção dos
fatos e das imagens.
relatos pessoais, pois o narrador apresenta sua
percepção dos fatos.
editoriais, pois o editorialista faz uma abordagem
detalhada dos fatos.
romances românticos, pois os eventos ocorrem em
diversos cenários.
Questão 135
Texto I
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima
não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões
não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e
assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos
irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades,
nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a
dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos
une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o
sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que,
como a própria vida, resiste às idades e às épocas.
RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
Texto II
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dela. Como se sentia estar no seu reino, na região em
que era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens
e o de inveja das mulheres acabavam o sentimento de
sua personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a
rua do Catete com o seu passo miúdo e sólido. [...] No
caminho trocou cumprimento com as raparigas pobres
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[...] E debaixo dos olhares maravilhados das pobres
raparigas, ela continuou o seu caminho, arrepanhando a
saia, satisfeita que nem uma duquesa atravessando os
seus domínios.
BARRETO, L. Um e outro. In: Clara dos anjos. Rio de Janeiro: Editora Mérito (fragmento).
A expe
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do XX, muitos dos quais elegem a rua para explorar
essa experiência. Nos fragmentos I e II, a rua é vista,
respectivamente, como lugar que
desperta sensações contraditórias e desejo de
reconhecimento.
favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos
dotes físicos.
possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros
casuais.
propicia o sentido de comunidade e a exibição pessoal.
promove o anonimato e a segregação social.
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