Prâksis - Revista do ICHLA
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para os presentes tudo que ocorrera
durante sua ausência. Os participantes
da assembléia, perturbados com
suas palavras, choravam e gemiam,
acreditando que Pitágoras fosse uma
divindade.
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2º - ensinamentos sobre a
psique:
dizem que
Pitágoras foi o primeiro a revelar que a
psique, de
acordo com o ciclo imposto pelo destino, liga-se ora
a um ser vivo, ora a outro. Dessa maneira, Pitágoras
foi o primeiro sábio a pensar a
psique, trazendo-a
para o campo da filosofia.
3º - impregnação com o mito de Orfeu: os
pitagóricos, disse Aristóxeno, recorriam à medicina
para purificar o corpo e a música para purificar a
psique.
Nesse sentido, música, para Pitágoras, é
sinônimo de harmonia e está relacionada ao mito
de Orfeu. Este era um poeta, casado com Eurídice.
Ele é atacado por um cidadão, mas quem morre é
ela. Orfeu, inconformado toca sua lira, a qual tem
um poder formidável. Com isso, ele vai ao mundo
dos mortos e consegue encontrar os deuses dos
mortos, fazendo com que Eurídice o acompanhe.
Porém, embora ele tenha conseguido esse feito, isso
tem uma restrição: ele não pode olhar para Eurídice.
Ao fazer isso, quando volta para a terra, Orfeu não
quer saber de nenhuma mulher. As
memphis não
suportam ser descartadas e cortam a cabeça de
Orfeu, porém sua boca continua cantando. Desse
modo, Pitágoras era impregnado
pelo mito de Orfeu
no sentido de afirmar que a preocupação com
a morte é um cegar para o poder pensar e como
também acreditar que há uma negação do olhar
para se filosofar.
Nesse sentido, Pitágoras fala em uma vida
incluída na morte, sendo que, no momento em
que o sopro acaba, acaba tudo. Assim, ele tem
uma indignação em relação ao pensamento mítico,
criticando os poetas míticos, punindo-os no mundo
dos mortos: comenta-se que Pitágoras, descendo ao
Hades, viu a
psique de Hesíodo presa a uma coluna
de bronze, gritando, e a de Homero pendente de
uma árvore cercada de serpentes, pelo que esses
poetas haviam dito dos deuses, e viu punidos,
também, aqueles que não queriam se
unir às suas
mulheres. Assim, Pitágoras é contra o pensamento
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Tradução do Prof. Dr. Donaldo Schüler.
mítico dentro de uma linguagem metafórica, mas
ele não é contra a poesia, pois esta tem um caráter
matemático, ela é calculável. Nesse sentido, está
claro que o êxito de Pitágoras não foi o de um
simples mago ou ocultista que só chamava a atenção
de pessoas inseguras, mas
ele poderia ter sido
alguém que possuía um poder psíquico não muito
comum. Dessa maneira, ele foi comparado com
diversos personagens visionários da idade arcaica
tardia, tais como Aristeas, Abaris e Epiménides, a
quem se acreditava possuidor de um número de
fatos espirituais que incluíam profecias, exibições
de poder sobre o mal, aparições misteriosas. Muitas
dessas afirmações se devem ao fato de que Pitágoras
acreditava que todos os conhecimentos que os
gregos possuíam nada mais eram do que fragmentos
da grande sabedoria que se encontrava nos templos
egípcios.
Com isso, a fim de saber mais acerca dos
mistérios da vida e do universo, era necessário que se
deslocasse para o Oriente, aos lugares em que esses
conhecimentos ainda permaneciam vivos. Assim,
escolhendo Esparta como partida, Pitágoras inicia
uma grande viagem através das maiores cidades e
dos templos do
mundo antigo, a qual se prolongou
por 40 anos. Nessa viagem, ele encontrou com as
maiores personalidades do seu tempo. Em Mileto,
encontrou Tales e Anaximandro. Em Saís, encontrou
o faraó Âmasis, que, reconhecendo as suas enormes
capacidades, permitiu a sua admissão nos templos
iniciáticos do Egito, onde, levando uma carta de
Polícrates, que o recomendava a Âmasis, aprendeu
a língua egípcia e, também, esteve entre os caldeus
e os magos. Posteriormente, enquanto visitava
Creta, penetrou na caverna do Ida com Epimenides,
mas, ainda no Egito, entrara nos santuários e
aprendera os ensinamentos secretos da teologia
egípcia. Logo, foi no Egito, onde permaneceu em
torno de vinte e cinco anos, que o filósofo de
Samos
extraiu os conhecimentos que fundamentariam seu
ensinamento futuro.
Existem ainda indícios de que teria sido
discípulo de Zoroastro. Contudo, uma coisa parece
evidente: ele estudou com os maiores mestres
daquela época.
Vários autores expõem máximas como
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