G•neros orais e escritos na escola. Campinas:
mercado de letras, 2004. p. 129-147.
Gostaríamos de fazer ainda breves comentários sobre
o trabalho com outras situações de oralidade. os alunos
dominam satisfatoriamente uma linguagem oral espontânea
e cotidiana, empregada em inúmeras situações de sala de
aula. Você pode planejar sua intervenção direta ou indireta
em alguns desses momentos, com a finalidade de sedimen-
tar o domínio de textos orais mais formalizados, aos quais
os alunos têm acesso mais restrito e que exigem um contro-
le consciente do próprio comportamento linguístico.
Sua atividade planejada deve priorizar a dimensão co-
municativa da expressão oral, que implica necessariamente
estes fatores: a) os objetivos do texto oral; b) os participantes
da interlocução; c) a adequação do texto oral às condições
de produção e aos contextos situacionais.
Nessas situações, avultam a importância e as variações
dos contextos, pois cada contexto novo exige estratégias
diferentes de comunicação.
Algumas sugestões de atividades:
• análise de documentos orais gravados, como entrevistas
de rádio;
• análise de documentos multimodais gravados, como
entrevistas de televisão;
• debate centrado em questão polêmica;
• discussão em grupo;
• entrevista ao vivo;
• exposição oral com e sem suporte escrito;
• leitura em voz alta;
• montagem de entrevista gravada para ser veiculada em
uma emissora de rádio escolar;
• situações de negociação;
• testemunho oficial.
É importante destacar, no trabalho com a oralidade, que
o processo de produção e o produto ocorrem simultanea-
mente. Isso quer dizer que o trabalho com o oral pode exigir
que você tenha à disposição algum recurso tecnológico que
lhe permita registrar a fala dos alunos. em algumas atividades
orais sugeridas ao longo da coleção, o uso de gravador é
imprescindível. Além disso, pode ser necessário antecipar
comportamentos e planejar (por escrito) determinados tex-
tos orais, criando roteiros que auxiliem essa produção.
Sempre que necessário, essas ações são indicadas para vo-
cê ou no próprio livro do Aluno.
Avalia•‹o de produ•‹o oral
Ao longo dos três volumes, são sugeridas atividades de
retomada (“releitura” e refação) dos textos orais analisados
ou produzidos pelos alunos. o objetivo dessas atividades é,
em geral, avaliativo: por meio delas os alunos podem refletir
sobre os textos orais gerados, e você pode problematizar
com a classe os resultados alcançados. Acredita-se que mui-
tos problemas podem ser percebidos e solucionados quando
os alunos — autores/produtores dos textos orais — refletem
sobre as próprias produções e as analisam com sua mediação.
Vale lembrar ainda que o trabalho com a oralidade não
se restringe apenas à produção oral da seção “Práticas de
linguagem”. ele permeia todas as seções de todas as uni-
dades, uma vez que em várias ocasiões os alunos são solici-
tados a interagirem em diversas atividades coletivas, e devem
Linguagem_Interacao_LP_V3_PNLD2018_361a414_MP_geral.indd 389
5/28/16 7:36 PM
MANUAL DO PROFESSOR
390
fazê-lo por meio da comunicação oral. esses momentos,
evidentemente, podem ser observados por você, que, com
essa base, tem condições de identificar os avanços no do-
mínio das práticas de oralidade e promover as intervenções
que julgar convenientes. A seção “Práticas de linguagem”
é apenas o ponto privilegiado de sistematização e análise
das práticas de comunicação oral.
2. Produção escrita
Formar cidadãos hábeis na produção de textos coeren-
tes e eficazes é um dos objetivos da escola, especialmente
do professor de língua Portuguesa. Constitui também o
fundamento das propostas sugeridas nessa parte da seção
“Práticas de linguagem”.
A coleção apresenta uma série de atividades que, espe-
ra-se, contribuam para que os alunos tomem consciência da
função social da escrita, tornando-se aptos a se valerem de-
la sempre que necessário.
Seguindo essa linha de raciocínio, concebeu-se cada
capítulo como um percurso ou sequência didática de pro-
dução de texto, cujo resultado final é a divulgação dessa
produção. Assim, quando concluírem um capítulo, você e
seus alunos terão realizado determinado processo de pro-
dução escrita, o qual consiste, em linhas gerais, no seguinte:
1
Descoberta do gênero — as atividades de leitura e in-
terpretação, além de desenvolverem a capacidade de
leitura dos alunos, pretendem levá-los à descoberta
gradual do gênero textual estudado na unidade. A se-
ção “Gramática textual” reforça essa descoberta das
características do gênero e trabalha algumas questões
linguísticas e discursivas pertinentes a ele.
2
Ao mesmo tempo, há a preocupação de introduzir temas
de suposto interesse dos alunos, o que serve de estra-
tégia de desinibição ao ato de escrever. Pequenas pro-
duções escritas e orais são sugeridas ao longo da
unidade, antes de chegar à produção escrita final.
3
o passo seguinte é a escrita com objetivo definido.
escrever para quê? essa preocupação é que nos levou a
orientar o trabalho de produção escrita com base em
pequenos projetos: cada texto produzido pelos alunos
integra ou prepara, de alguma forma, um projeto. este
é concebido como uma atividade programada, com eta-
pas de desenvolvimento, cujo resultado constitui um
produto (concreto) elaborado.
4
o quarto passo é a leitura da própria produção, seguida
da reescrita. A fase da reescrita é o momento privilegiado
para a análise e a reflexão linguísticas. É por ela que os
alunos se conscientizam das estruturas da língua, dos usos
dessas estruturas e das situações de comunicação.
Acreditamos que essa etapa seja fundamental para que
os alunos cheguem à realização plena do ato de comu-
nicação pela escrita.
5
Após a leitura e a reescrita ocorre a “publicação” — só
faz sentido escrever um texto se ele cumprir uma finali-
dade comunicativa autêntica. A etapa da publicação
resgata o papel social da escrita, uma vez que represen-
ta um modo de fazer o texto autoral dos alunos desem-
penhar uma função comunicativa.
Avaliação de produção escrita
Antes de mais nada, é necessário compreender a função
da avaliação da produção escrita.
uma das funções primordiais dessa avaliação é o diag-
nóstico de problemas e a adoção de medidas para sua corre-
ção. Não se trata de corrigir no texto o que está errado, de
“higienizar” esse texto, nem de se ater unicamente aos aspec-
tos formais (ortográficos ou morfossintáticos, por exemplo).
o que se propõe aqui não é um decálogo da avaliação
nem a única forma de fazê-la. São apenas sugestões que, se
aceitas, podem produzir bons resultados no final do percurso.
A experiência no ensino médio ao longo de anos tem
demonstrado uma realidade nem sempre reconfortante para
o professor de língua Portuguesa quanto à qualidade da
produção textual dos alunos. É muito frequente haver numa
mesma turma tanto alunos com excelente domínio dos siste-
mas discursivo, morfossintático e ortográfico, capazes de
produzir textos de excelente qualidade, quanto estudantes
com dificuldades das mais diversas ordens, até mesmo com
problemas de alfabetização. Como avaliar uma produção tão
heterogênea? Que critérios — se houver — ou parâmetros
estabelecer como padrão e em função de quais variáveis?
em primeiro lugar, é fundamental que se tenha claro o
que se espera como resultado final, e, em função dessa ex-
pectativa, podem-se elaborar procedimentos avaliativos
capazes de aproximar os alunos do resultado almejado.
o objetivo mais amplo é a formação de cidadãos escri-
tores proficientes, aptos a produzirem, de forma eficaz, textos
coesos, coerentes, adequados às diversas situações comuni-
cativas que se apresentarem a ele dentro e fora da escola.
Se o resultado final desejado já é conhecido, a tônica
da avaliação da produção não deve ser centrada nesse re-
sultado, e sim no processo que leva o aluno a se aproximar
da proficiência escrita ideal. Aproximar-se não implica atingir
de imediato essa proficiência. Isso se dá paulatinamente,
conforme se propiciem condições variadas e numerosas de
produção de textos.
Por isso, as formas de avaliação e os procedimentos
propostos na coleção são de natureza processual e diagnós-
tica: o que importa essencialmente é menos o produto e
mais o processo. esse processo não começa e se esgota em
um só capítulo, mas progride ao longo de toda a coleção.
Nele, é possível corrigir as falhas, reorientar o trabalho, per-
mitir o acesso a técnicas didáticas eficazes que efetivamen-
te levem o aluno a uma produção final proficiente. Porém,
mais do que isso, numa avaliação diagnóstica e em proces-
so, o professor proporciona a cada aluno a oportunidade de
se tornar sujeito de sua aprendizagem, ajudando-o a apren-
der e a aprender a aprender. Assim, a avaliação deve ser
contínua e fazer parte de todas as atividades, tornando-se
rotina em sala de aula.
Dessa forma, minimiza-se o peso do erro: errar passa a
ser visto como parte do processo de aprendizagem. o erro
transforma-se em aliado — é por ele que você pode inves-
tigar os problemas dos alunos e, ao refletir com eles, encon-
trar soluções coletivas, completando a tão necessária reflexão
sobre a língua e seus usos.
Linguagem_Interacao_LP_V3_PNLD2018_361a414_MP_geral.indd 390
5/28/16 7:36 PM
MANUAL DO PROFESSOR
391
os erros se convertem então em situações de aprendi-
zagem e deixam de ser entraves ao processo didático. Com
base na análise dos erros e dos problemas de produção
escrita, você poderá planejar suas ações e intervenções pa-
ra que os alunos superem suas dificuldades.
Nesse tipo de avaliação, e diante da situação heterogê-
nea constituída pelos alunos de uma mesma sala de aula,
não faz sentido estabelecer um resultado final ou parâmetro
único para toda a classe ou grupo. Ao contrário, cada aluno
passa a ser atendido de forma individual pela avaliação.
À primeira vista pode parecer inviável cuidar de cada
aluno e avaliá-lo individualmente, ainda mais quando se
leva em conta a situação dos professores, no mais das vezes
assoberbados com tarefas burocráticas e de aulas. essa é
mais uma das razões que nos levaram a incluir projetos de
produção de texto: cada unidade pode ser trabalhada como
um projeto e, ao final dela, há atividades que propõem a
reunião das produções escritas dos alunos.
Ao avaliar de forma processual a produção dos alunos,
você deve estabelecer uma comparação: as produções an-
teriores são comparadas às seguintes, e registram-se os
avanços e os problemas a superar. Assim, o importante não
é comparar as produções de diferentes alunos (como às
vezes se costuma fazer, escolhendo, por exemplo, “as me-
lhores produções”), mas proceder à comparação das produ-
ções de cada aluno, diacronicamente.
uma boa estratégia para esse tipo de avaliação é adotar
metas e balizas de aprendizagem. Por exemplo, os alunos
precisam aprender a organizar logicamente a narrativa (esse
conteúdo, a organização da narrativa, aparece, por exemplo,
na unidade 1 do volume 1). A meta a atingir é a organização
da lógica narrativa. uma vez atingida essa meta, qual é o pró-
ximo passo para o domínio da tipologia narrativa? A relação
entre tempo e espaço. essa passa a ser a nova meta, e a ante-
rior, já conquistada, torna-se baliza do processo. Assim, você
pode controlar o processo de aprendizagem dos alunos.
o registro passa a ter um valor imprescindível nesse tipo
de avaliação. Por ele você pode reconstruir o processo de
aprendizagem e verificar que objetivos foram conquistados,
fazendo da avaliação um procedimento vivo e dinâmico.
Como registrar? Há muitas maneiras de organizar um
registro eficaz. As fontes principais do registro são as próprias
produções dos alunos — elas podem contar a história das
aprendizagens dos estudantes. embora não esteja explici-
tamente sugerido no livro do Aluno, fazemos isso aqui para
você: que as produções textuais sejam organizadas pelos
alunos em portfólios e que você (e talvez também os alunos)
componha(m) um diário de bordo.
utilizar portfólio e diário de bordo como meios de registrar
o processo de aprendizagem não é nenhuma novidade ou
grande descoberta pedagógica recente. Não deixam, contu-
do, de ser uma forma eficaz de registro, porque, como já foi
dito, passam a conter a história de aprendizagem dos alunos.
Não é difícil organizar um portfólio, e cada aluno poderá
ser copartícipe dessa organização: basta, por exemplo, que
sejam guardadas numa pasta as produções escritas dos alunos,
datando-as e dispondo-as em ordem cronológica. Se não se
dispuser de pastas ou arquivos, podem-se até mesmo impro-
visar portfólios, colando as folhas com a produção textual dos
alunos em tiras de papel
kraft ou manilha, dobradas em forma
de leque ou sanfona. o fundamental é que os textos sejam
armazenados em suas diversas versões, desde a primeira —
aquela que muitas vezes é chamada de “rascunho” — até a
versão final. A cada produção, você pode fazer o registro de
suas observações, anotando, na própria folha do aluno, o que
considerar pertinente, como as balizas alcançadas e as metas
que ainda restam alcançar. Além disso, o portfólio ficará à
disposição do respectivo aluno, que poderá consultá-lo e,
comparando suas produções, perceber quanto avançou.
o diário de bordo é relativamente simples também. Você
e os alunos poderão construir seus diários de bordo.
Você registra o que considerar importante ao longo de uma
unidade: o que deu certo, o que precisa ser alterado, que
experiências foram boas ou não, os motivos que levaram ao
sucesso ou ao insucesso, as reações dos alunos a uma ativi-
dade, etc. Assim, você não corre o risco de perder informa-
ções que podem ser úteis no momento de avaliar e de pla-
nejar atividades e em intervenções futuras. É como fazer um
diário de classe, porém registrando os avanços coletivos e
individuais dos alunos e as dificuldades a superar. os alunos
registram o que considerarem pertinente sobre uma ativida-
de: se gostaram de realizá-la e por quê, como se sentiram ao
produzir ou ler um texto, que dificuldades tiveram...
É possível fazer da escrita do diário de bordo uma ativi-
dade rotineira: você escolhe um dia da semana ou um mo-
mento da aula para dedicar à escrita de seu diário de bordo
ao mesmo tempo que os alunos, se preferir.
um modelo simplificado de diário de bordo semanal
consiste num quadro com três tópicos:
1
o que fizemos
2
Como fizemos
3
Por que fizemos
esse quadro pode ser afixado no mural da classe e ser
atualizado semanalmente por você. esses registros podem
ser compartilhados em sessões de leitura coletiva do diário
de bordo da classe, nas quais tanto você quanto os alunos
ficarão livres para ler os trechos que quiserem.
As atividades de produção textual propostas são de três
naturezas: coletivas (envolvendo todo o grupo de alunos), em
equipes (alguns alunos) e individuais. As propostas de avaliação
(explícitas no livro do Aluno ou apenas indicadas neste manual
do Professor, dependendo do caso) também são assim. As do
primeiro tipo estimulam a interação e permitem trabalhar e
conversar sobre as dificuldades gerais; as de caráter grupal
propiciam aprendizagem cooperativa e solidária; e, por fim, as
individuais estimulam a concentração e o trabalho intelectual.
Como as três modalidades avaliativas ocorrem alternadamen-
te, a aula pode ganhar em dinamismo e, com isso, ativar o
interesse do grupo. Consideramos ainda que a diversidade de
formas de interação garante que sejam atendidos alunos com
diferentes modos e tempos de aprendizagem.
Nos primeiros contatos — no início do ano, por exemplo
— você fará a avaliação diagnóstica do grupo, identificando
seus problemas e os conhecimentos prévios. Algumas pro-
postas dos primeiros capítulos de cada volume da coleção
Linguagem_Interacao_LP_V3_PNLD2018_361a414_MP_geral.indd 391
5/28/16 7:36 PM
MANUAL DO PROFESSOR
392
têm este objetivo: propiciar um diagnóstico dos grupos. Por
essa razão, como você notará, são bastante flexíveis e per-
mitem a inserção de muitas outras atividades suplementares.
Além de diagnosticar o grupo, darão a você uma oportuni-
dade de conhecer os alunos no plano pessoal e também de
se fazer conhecer. Considera-se que a afetividade tem um
papel pedagógico significativo: possibilita conquistar a aten-
ção e o interesse dos alunos, identificar os mais rápidos, os
mais agitados, os mais tímidos, os mais atentos, mas sobre-
tudo ajuda a ganhar a confiança do grupo, eliminando filtros
afetivos prejudiciais ao processo de aprendizagem.
Depois desse diagnóstico, o trabalho prossegue com
propostas pensadas com base em uma finalidade bem de-
finida: construir algo concreto, que vai além do “aprender a
escrever porque isso pode ser útil um dia”. A organização
de projetos coletivos de escrita, conforme enfatizado aqui,
faz a escrita ganhar uma dimensão significativa: os alunos
não vão escrever uma redação que ficará no caderno, como
letra morta. escreverão, por exemplo, o roteiro de uma te-
lenovela que poderá ser encenada na escola, um artigo de
opinião que comporá um suplemento de opiniões, produ-
zirão em grupos um romance, e assim por diante.
Para constituir a avaliação da produção escrita, pro-
põem-se duas etapas:
1
A leitura do texto — a aula destinada à leitura constitui
uma oportunidade de os alunos lerem seus próprios
textos e percebê-los interpretados pelos colegas, além
de lerem e interpretarem os textos dos colegas. essa
prática permite a você deixar de ser o “corretor” para
ser um avaliador a mais, um agente de interação, moni-
torando o trabalho.
2
A reescrita — a reescrita é o momento privilegiado
para a reflexão — tanto sobre os usos da língua (refle-
xão de caráter epilinguístico) como sobre o funciona-
mento da língua e do discurso (reflexão de caráter
metalinguístico).
A reescrita atua em dois tipos de problema textual: os
de ordem geral (aspectos que prejudicam a legibilidade
do texto: compatibilidade com a situação de comunicação,
coesão, coerência e clareza) e os de ordem específica (pa-
ra cada uma das tipologias e dos gêneros textuais, é ne-
cessário verificar o problema pertinente). Na produção
escrita da seção “Práticas de linguagem”, encontram-se
às vezes quadros com dicas para os alunos a respeito do
que levar em conta durante a avaliação da própria produ-
ção textual naquela etapa de seu aprendizado.
Sugerimos dois procedimentos para a reescrita: um co-
letivo e outro individual.
1
reescrita coletiva — após ler as produções de texto de
seus alunos, você deve escolher uma na qual esteja pre-
sente grande parte dos problemas da classe ou que
exemplifique um problema que precise ser trabalhado
isoladamente, sem identificar quem a escreveu. É im-
prescindível que o aluno que escreveu o texto autorize
sua utilização em aula. Você transcreve então esse texto
para toda a classe: na lousa, em papel pardo ou em
transparência. (A lousa é um meio bastante apropriado,
pois permite fazer intervenções mais facilmente.)
Ao transcrever o texto, é fundamental que você já o
tenha corrigido em todos os outros aspectos que não forem
objeto de análise e reflexão pelo grupo naquele momento.
Por exemplo, se o problema a analisar é a organização do
discurso relatado num texto de natureza ficcional, você de-
ve corrigir todos os outros aspectos do texto, como orto-
grafia, concordância verbal e nominal, problemas de coesão
e coerência, aspectos como paragrafação, etc., e deixar
apenas o(s) problema(s) que será(ão) objeto de discussão.
Depois de a turma ler o texto, você deve discutir com
os alunos o que precisa ser reestruturado, pedindo-lhes su-
gestões, problematizando-o. Você pode anotar na lousa as
respostas dos alunos e as sugestões feitas, propor o acrés-
cimo de elementos ao texto para completar-lhe o sentido,
levantar questões para eliminar as contradições, etc. Se hou-
ver algo obscuro, que não esteja bem explicado no texto,
você poderá conversar previamente com o autor para ele
esclarecer. É muito provável que oralmente ele esclareça o
que escreveu, contribuindo de modo valioso para o anda-
mento dessa etapa do trabalho. Feito isso, é importante
chamar a atenção dos alunos para esse ponto do texto e
pedir a eles que proponham soluções para deixar mais claro
o que o autor quis dizer.
em seguida, você deve reescrever na lousa o texto com
todas as modificações sugeridas e pedir aos alunos que o
comparem com o inicial. o passo final é propor a cada aluno
que observe se, em seu próprio texto, há problemas seme-
lhantes aos coletivamente analisados, para que os corrija. o
tipo de questão a ser discutida com os alunos durante a
reescrita coletiva dependerá dos problemas que a classe
apresentar. Por exemplo, uma classe que não tenha muitos
problemas com pontuação ou com uso de conectores lógi-
cos não necessitará de atividade que trate dessas questões.
2
reescrita individual — é preferível que a reescrita indi-
vidual seja posterior à coletiva. Após trabalhar a reescri-
ta coletiva de um texto, cada aluno analisará o próprio
texto e o reescreverá, em função dos problemas encon
-
trados. Todos os textos, desde o rascunho que não foi
entregue a você até a última versão reescrita pelo aluno,
devem fazer parte do portfólio. Assim, será possível per-
ceber quanto se avançou, do começo ao fim do trabalho.
Até que a classe esteja acostumada com os procedimen-
tos de reescrita, é bom variar os textos, mesmo que um deles
ainda apresente algum problema após a atividade. elaborar
um mesmo texto pela segunda vez pode não ser tão estimu-
lante quanto da primeira. É também aconselhável não repe-
tir a atividade de reescrita durante aulas seguidas, pois, por
exigir muita concentração, ela pode tornar-se cansativa.
Quanto aos aspectos morfossintáticos dos textos, vale
lembrar o seguinte: muitos desses aspectos já devem ter
sido amplamente trabalhados no ensino Fundamental, de
modo que você pode apontar os problemas e pedir à classe
que proponha soluções. Nesse momento, deve-se estimular
o uso do dicionário e da gramática, para sanar dúvidas. Por
exemplo, supondo que o aspecto escolhido para análise
seja a concordância verbal, você sublinha os verbos que
apresentam o problema e levanta questões que levem os
alunos a buscarem soluções para a reescrita. em seguida,
Linguagem_Interacao_LP_V3_PNLD2018_361a414_MP_geral.indd 392
5/28/16 7:36 PM
MANUAL DO PROFESSOR
393
registra as hipóteses levantadas e as testa para observar se
a classe chegou a um consenso. Se ninguém encontrar a
solução, você pode corrigir uma das ocorrências do proble-
ma e propor que, em grupos ou duplas, os alunos corrijam
as demais. A questão gramatical trabalhada pode ser siste-
matizada de acordo com o que você tiver planejado.
É fundamental, porém, que a reescrita se torne uma
oportunidade de reflexão sobre os textos, sobre os usos da
língua e suas estruturas (e, repetimos, não uma atividade de
“higienização” do texto) e que as hipóteses e as soluções
propostas pelos alunos sejam registradas e verificadas.
o trabalho com a ortografia complementa a reescrita
dos textos e deve ser feito de forma a estimular a autocorre-
ção. No caso de problemas ortográficos, a reescrita pode
ajudar, e é possível indicar algumas regras úteis (por exemplo,
a diferença entre por que, porque, por quê, porquê). em
outros casos, quando se tratar de aspectos puramente con-
vencionais do sistema de escrita, há poucas regras práticas
ou regularidades possíveis que possam ser de grande auxílio
ao domínio da ortografia. Não há como explicar aos alunos
por que paçoca se escreve com ç e massa com ss, ou por que
Compartilhe com seus amigos: |