G•neros orais e escritos na escola. Campinas: mercado
de letras, 2004. p. 95 e ss.
sistematização de conceitos ou a retomada de informações
essenciais, que deixam em evidência os conhecimentos que
os alunos necessitaram mobilizar ou os que foram construí-
dos ao longo da seção.
Acreditamos que, uma vez compreendida essa estrutu-
ra metodológica, você poderá criar as próprias atividades,
complementando as que o livro apresenta, tendo nestas
últimas um apoio ao seu trabalho.
Vale dizer ainda que a distribuição dos conteúdos estu-
dados levou em conta a tentativa de articular a análise e a
reflexão linguísticas ao estudo dos gêneros textuais e da li-
teratura. Assim, por exemplo, considerando os conteúdos
gramaticais, no volume do 1
o
ano, a unidade 1 inicia-se pe-
lo estudo do verbo e dos tempos verbais (e não pelo estudo
da fonética e da fonologia, como se costumava observar em
muitos materiais didáticos de ensino médio), porque a esse
estudo se articula o de gêneros narrativos (conto e crônica,
trabalhados nessa unidade); no volume do 2
o
ano, as orações
subordinadas adjetivas são estudadas na unidade em que
o foco é o trabalho com a descrição no romance e a ativida-
de linguístico-discursiva da caracterização. Desse modo,
constata-se que a distribuição dos conteúdos ao longo de
cada volume, e de um volume para o outro, está baseada no
estudo articulado de gêneros e tipos de texto com o da li-
teratura e da produção textual.
Descrição e objetivos das seções dos capítulos
Abertura e título do capítulo
Na abertura do capítulo, o título remete ao gênero ou
tipo de texto cujo estudo predomina ao longo do capítulo,
e dá pistas a respeito do trabalho final da sequência de ati-
vidades: a produção escrita. Assim, por exemplo, num capí-
tulo intitulado “o artigo de opinião”, será possível que os
alunos percebam que esse gênero textual será estudado,
em suas diversas facetas, desde a leitura inicial até a produ-
ção escrita da seção “Práticas de linguagem”, em que será
sugerida a produção de um texto desse gênero.
Isso não quer dizer que não haja, no capítulo, atividades
que trabalhem outros gêneros e tipos de texto ou que pro-
blematizem questões não diretamente ligadas a esse gêne-
ro ou tipo indicado no título. Pelo contrário, na seleção dos
textos, como aludiremos a seguir, procuramos variar o má-
ximo possível os gêneros, tipos, contextos de produção, etc.,
fornecendo aos alunos e a você rico material de leitura.
Primeiros passos
essa seção constitui um “aquecimento” para que os
alunos deem início ao processo de leitura do texto 1 do
capítulo. Nela, procura-se mobilizar possíveis conhecimentos
que os alunos tenham sobre aspectos presentes no texto em
análise, seja do ponto de vista do tema do texto, seja de
questões ligadas ao gênero ou às condições de produção e
circulação desse texto, entre outros.
esses primeiros passos permitirão que os alunos formu-
lem suas hipóteses sobre o texto que será lido.
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Texto 1, texto 2, etc.
As atividades de leitura, análise e produção de textos
constituem o eixo em torno do qual se organizam os capí-
tulos. Há, via de regra, um texto principal (texto 1), que inicia
o capítulo propondo uma discussão que o percorrerá de
diferentes modos do começo ao fim. os demais textos po-
dem ser propostos de forma autônoma ou no interior das
seções, conforme o caso.
Ao selecionarmos os textos a serem estudados, procu-
ramos priorizar os temas transversais que despertam o inte-
resse dos alunos da faixa etária em questão, a diversidade
de gêneros textuais, o ponto de vista de cada autor, entre
outros aspectos. em razão da demanda inerente à própria
organização dos capítulos desta coleção, a escolha dos tex-
tos compôs uma coletânea rica e variada, que abrange um
espectro bastante amplo de modelos de comunicação.
Nessa coletânea, foram privilegiados os textos publicados
em portadores de grande divulgação (notadamente os ex-
tratos da imprensa escrita), como também os de caráter li-
terário. Quanto a estes últimos, deve-se levar em conta que,
para muitos alunos, a escola constitui o local privilegiado, se
não o único, em que a leitura de textos literários tem lugar.
Daí a coleção ter sido pensada de maneira a proporcionar
aos alunos ampla variedade de textos literários de qualidade
(desde os clássicos até a literatura contemporânea).
Vale dizer ainda que, sempre que possível, procurou-se
oferecer a versão original desses textos (em especial dos lite-
rários). outro cuidado tomado foi a utilização de textos inte-
grais, sempre que isso foi possível de acordo com os limites
do livro didático. mas, levando em conta a extensão de de-
terminados textos e as características de certos gêneros (é o
caso, por exemplo, de extratos de romances), recorreu-se à
utilização de partes do texto integral. Ainda assim, esses ex-
tratos foram criteriosamente selecionados de modo a compor
uma unidade textual ou temática o mais completa possível.
No momento da leitura, você deve sempre atuar como
mediador, auxiliando os alunos a desenvolverem suas próprias
estratégias de leitura a fim de tornarem-se leitores autôno-
mos. os alunos deveriam idealmente chegar ao ensino médio
com muitas habilidades leitoras já desenvolvidas e com es-
tratégias de leitura consolidadas, mas sabemos que nem
sempre isso acontece. Assim, no livro do Aluno há alguns
componentes que podem facilitar sua tarefa; vale, porém,
lembrar que, por melhores que sejam as sugestões fornecidas
pelo livro didático para o encaminhamento das leituras, essa
tarefa de auxiliar os alunos a compreenderem o texto é ga-
rantida principalmente pelo seu trabalho. Para tanto, a su-
gestão é adotar uma abordagem que parta do uso de estra-
tégias de pré-leitura (exploração do título, do contexto de
produção do texto, da situação de comunicação veiculada
pelo texto, sua finalidade, a identificação de características
macroestruturais do gênero, análise dos elementos peri e
paratextuais quando possível, entre outras), passar pelo le-
vantamento de hipóteses sobre o conteúdo do texto e pela
produção de inferências globais e locais durante a leitura e
culminar na checagem (confirmação ou refutação das hipó-
teses inicialmente levantadas) e/ou nas retomadas (releituras
e retomadas de trechos do texto), realizadas após a leitura.
Sempre que possível, necessário e pertinente, procuramos
explicitar para você alguns desses procedimentos que orien-
tam o percurso de mediação da leitura.
esse percurso de mediação de leitura parte do princípio
de que você é apenas um leitor mais experiente — uma vez
que tem domínio mais amplo das estratégias de leitura in-
dicadas (levantamento e checagem de hipóteses e produção
de inferências de sentido locais e globais, entre outras) —,
mas, ao mesmo tempo, compõe com os alunos um grupo
de leitores potenciais do texto.
Além disso, dispensou-se especial atenção às compo-
nentes pragmáticas da leitura, a saber, a mobilização de
competências linguísticas, enciclopédicas, lógicas e retórico-
-pragmáticas envolvidas no ato de ler. Por essa razão, os
textos são comentados com informações consideradas im-
prescindíveis à sua compreensão. Tais informações são indi-
cadas no livro do Aluno muitas vezes à margem do próprio
texto, em boxes explicativos com comentários; outras vezes,
explícitas com comentários apenas para você. Devem ser
tratadas como os demais elementos peri e paratextuais.
Compõem essas informações: um glossário, à margem do
texto, com termos de compreensão potencialmente difícil
para os alunos, e a situação de produção do texto, informa-
ções sobre o autor, o suporte e a época em que o texto foi
produzido, etc.
Para entender o texto
As atividades dessa seção são compostas de questões
cujo objetivo é problematizar o texto lido, auxiliando os alu-
nos a retomarem-no e atentarem para determinados aspec-
tos fundamentais à sua compreensão. As questões não têm,
portanto, necessariamente o propósito de simplesmente
verificar a compreensão, e sim de ajudar os alunos a desen-
volverem estratégias próprias de leitura. Permitem ainda a
descoberta e a consciência de como os elementos da língua
escrita se articulam para produzir textos e permitir interpre-
tações. (Sobre leitura, nas páginas 403-406 deste manual
apresentamos uma leitura complementar para você.)
os roteiros de questões dessa seção poderão ainda
auxiliar você no trabalho com o desenvolvimento das habi-
lidades leitoras dos alunos — tanto habilidades mais elemen-
tares, como a localização de informações explícitas no texto,
quanto habilidades mais complexas, como a elaboração de
apreciações pessoais e estéticas sobre o texto. Ao longo
dessa seção, os alunos desenvolvem, na maior parte das
vezes, registros escritos de suas respostas. evidentemente,
o trabalho com a língua escrita difere do trabalho com a
língua oral. Por isso, é fundamental que, no momento em
que os alunos socializarem as respostas, você tenha em men-
te o repertório de estruturas linguísticas provável no caso de
alunos da faixa etária com que está trabalhando.
Nesse momento de socialização, seu papel como me-
diador é imprescindível: você pode auxiliar os alunos a con-
frontarem as respostas, debatendo-as, discutindo-as. muitas
vezes, questões interpretativas admitem respostas divergen-
tes, e essa divergência pode gerar um processo rico de aná-
lise, avaliação e síntese.
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Nessa oportunidade de socialização de respostas, que
muitas vezes ocorre oralmente, pode-se desenvolver a apti-
dão dos alunos para expor ideias, experiências e ouvir o que
o outro tem a dizer. Ao promover essa socialização, é impres-
cindível não perder de vista o fato de a língua oral e a língua
escrita serem sistemas que apresentam diferenças acentua-
das, o que implica a definição de certos objetivos e a obser-
vação de comportamentos específicos. A prática da oralida-
de permite a aquisição e o desenvolvimento de competên-
cias indispensáveis para a formação do indivíduo como ci-
dadão: identificar, comparar, argumentar, expressar o gosto
pessoal, levantar hipóteses, opinar, relatar experiências
pessoais, entre outras. Além disso, estimula a consecução
de objetivos atitudinais, como saber ouvir, esperar a vez pa-
ra falar, conviver com a divergência.
No decorrer desse trabalho, você poderá analisar com
os alunos os recursos típicos da interação verbal do diálogo:
entoação, gesticulação, expressão fisionômica, possibilidade
de resposta imediata para um interlocutor conhecido e pre-
sente, expedientes que não aparecem nas várias modalida-
des da língua escrita e que têm de ser supridos por outros
recursos, próprios dessa modalidade.
o roteiro de questões dessa seção convida os alunos
a um olhar mais atento para o texto, mostrando-lhes que,
em todo ato de interlocução, há um propósito, uma inten-
cionalidade.
Vale ressaltar que há espaço para você enfatizar a com-
paração entre os vários suportes textuais em outras situações
que julgar oportunas.
Na avaliação da atividade, algumas considerações são
fundamentais. Sugerimos como critérios de avaliação:
• analisar inadequações de linguagem ao contexto, sem-
pre levando em conta as diferenças entre língua oral e
língua escrita;
• identificar e comentar os pontos em que a clareza e a
lógica ficarem comprometidas, analisando com os alu-
nos o motivo desse comprometimento;
• comentar aspectos das atitudes dos alunos como ou-
vintes da fala do outro, especialmente no que concerne
ao respeito, à atenção e à concentração.
Cabe a você a decisão de utilizar o roteiro de questões
na íntegra ou em parte, assim adaptá-lo ou substituí-lo por
outra atividade que lhe pareça conveniente e compatível
com o material fornecido. Sua intermediação é sempre in-
dispensável para a condução do trabalho.
As palavras no contexto
essa seção objetiva trabalhar habilidades como: esco-
lher sinônimos adequados a contextos diversos, analisar
coerência e coesão textuais, identificar antônimos, distinguir
significados de palavras parônimas e empregá-las correta-
mente, identificar significados de prefixos e sufixos, identi-
ficar denotação e conotação, analisar o efeito estilístico do
emprego de determinadas palavras, expressões ou estru-
turas, entre outros.
ela funciona como a seção “Para entender o texto”, ou
seja, promove tanto a retomada do texto em análise quanto
a ampliação de sua compreensão por parte dos alunos.
Também tem como objetivo ajudar os alunos a compreen-
derem aspectos envolvidos na produção de sentidos, ao
deslindar certos mecanismos linguísticos e discursivos en-
volvidos na produção do texto lido.
essa seção possibilita ainda que você incentive os alunos
a consultarem dicionários, comentando com eles a estrutura
apresentada por um verbete. Você pode aproveitar para
orientar os alunos a consultarem os dicionários aprovados
nos programas oficiais e distribuídos nas escolas.
Linguagem e texto
Com essa seção, propõe-se aos alunos que reflitam sobre
a estrutura linguística e discursiva que sustenta os textos es-
tudados. Acredita-se que, pouco a pouco, ao reler os textos
e analisá-los sob a perspectiva linguístico-discursiva, com
base em um roteiro de questões problematizadoras, os alunos
percebam como se valer das estruturas lógicas, semânticas
e sintáticas da língua para compreender as estruturas discur-
sivas e os gêneros textuais, apropriando-se de sua forma e
função, a fim de não só se tornarem competentes leitores de
diversos gêneros textuais, como também se mostrarem aptos
a produzirem textos com base nesses gêneros, quando ne-
cessário. Nesses roteiros de questões problematizadoras,
sempre se mobilizam conhecimentos linguísticos e, se neces-
sário, recorre-se ao uso de uma metalinguagem supostamen-
te dominada pelos alunos. mas pode ser que nem todos os
alunos dominem essa metalinguagem. É por isso que, no
trabalho com essa seção, sua mediação é indispensável, tan-
to para auxiliar os alunos a construírem conhecimentos lin-
guístico-discursivos quanto para esclarecer dúvidas suscitadas
ao longo do trabalho com os roteiros de questões.
A seção “linguagem e texto” está fortemente articulada
com todas as outras e, de certa forma, ela contribui decisiva-
mente para a articulação de tudo o que é trabalhado em
cada capítulo, pois as reflexões propostas podem ser reto-
madas e servir de ponto de partida para as demais. o proce-
dimento supõe que os alunos recuperem conceitos e/ou
noções já adquiridos para elaborar outros conceitos e noções.
Nesse sentido, a atividade de reflexão sobre os textos e
os gêneros ganha um caráter prático, dinâmico, que consi-
dera primordialmente as questões ligadas ao uso, procuran-
do favorecer sua compreensão em situações de reemprego.
A seção tem caráter progressivo: a cada unidade, cami-
nha-se um pouco mais, retoma-se, sempre que possível, o
que foi construído anteriormente, lançam-se questionamen-
tos e problematizam-se os conhecimentos adquiridos, com
vistas à construção de outros conceitos.
Diálogo com a literatura
o estudo sistemático da literatura ocorre nessa seção.
Há muitas maneiras de estudar literatura. Pode-se, por
exemplo, estudar o conjunto da produção literária de um
país de maneira diacrônica, ou seja, através dos séculos,
desde a formação dos primeiros escritos que constituem
a tradição literária desse país até uma data posterior de-
terminada – geralmente a atualidade. essa organização do
estudo ressalta a transformação que a literatura sofre ao
longo do tempo, o que permite ao estudante constituir
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uma visão histórica da literatura de tal nação. Nessa pers-
pectiva de trabalho, as obras costumam ser classificadas ou
agrupadas de acordo com os períodos históricos nos quais
foram produzidas, o que permite estabelecer linhas do tem-
po, quadros cronológicos ou mesmo definir os estilos de
época. os diferentes escritores são, nesse modo de estudar,
“catalogados”, ou seja, relacionados a determinado momen-
to da história literária do país ou aparecem como represen-
tantes de certo estilo de época. em outros casos, o estudo
pode-se dar por meio de temas: a representação do amor
na literatura africana contemporânea, a relação entre o hu-
mano e o divino nas lendas gregas, o erotismo e a sexuali-
dade na poesia galego-portuguesa, etc. Nesse caso, defini-
do o tema, buscam-se as obras que tenham alguma relação
com ele, e o que se procura fazer é estabelecer critérios que
permitam analisar tais obras à luz do tema em questão.
outra forma possível de desenvolver o trabalho é a via
da comparação: estabelecido um critério prévio que permita
comparar um conjunto de autores e/ou obras, buscam-se
semelhanças, diferenças e contrastes entre as obras estuda-
das, relativamente ao(s) critério(s) previamente definido(s).
Há também a abordagem por autores: nesse caso, toda
a obra de determinado autor (ou parte dela) é estudada e
analisada, e, em geral, buscam-se certos traços peculiares
desse autor que permitem definir seu caráter literário. esses
traços são de natureza variada: o estilo e a composição, a
linguagem, a relação que esse autor estabelece, em suas
obras, com a realidade ou o tempo, etc.
Pode-se estudar tomando-se por base gêneros literários;
assim, é comum haver estudos que procuram analisar, por
exemplo, a tragédia francesa do século XVII, o romance ro-
mântico inglês do século XIX, etc. Nesse tipo de estudo,
reúnem-se diferentes autores que produziram o gênero que
se quer estudar e suas obras são analisadas com base em
critérios formais, temáticos, etc.
Há também a possibilidade de estabelecer um cânon
literário, estudando os principais autores e obras de deter-
minada literatura. Nesse caso, procura-se definir os autores
e obras mais representativos de tal literatura, de acordo com
critérios de qualidade da obra.
Há ainda abordagens que procuram combinar dois ou
mais desses critérios. Pode-se, por exemplo, combinar a
visão diacrônica com o estudo dos autores.
essas são apenas algumas maneiras, entre muitas outras,
de estudar a literatura. Como se vê, as abordagens são mui-
tas e variadas, e, para cada uma, a forma de estudar pode
conduzir a resultados distintos. Nenhuma dessas formas é
melhor ou pior que as outras, apenas conduzem a resultados
diferentes, dependendo da maneira como cada uma delas
é tratada.
No ensino da literatura no Brasil, o estudo diacrônico
que estabelece uma “história da literatura” costuma ser o
mais comum. essa é a abordagem adotada a partir do se-
gundo volume da coleção, já que no primeiro volume foram
estudados aspectos gerais do fenômeno literário, sem
preocupação com a cronologia, ou seja, com a história da
literatura.
No estudo literário de percurso histórico, acaba-se por
constituir um cânon, porque não é possível estudar todos os
autores e obras e selecionam-se os mais representativos.
De todo modo, e seguindo uma tendência percebida
em estudos literários recentes
8
, é preciso levar os alunos a
perceberem que a obra literária é resultante da atuação de
elementos de natureza diversa, objetivos e subjetivos: o au-
tor (“quem fala”), o leitor (“para quem”), o estilo e a com-
posição escritural (“como”), o contexto sócio-histórico-cul-
tural da obra (quando, onde, por quê, para quê), a obra
como representação (ou não), como ou (re)construção da
realidade e do mundo, a mímesis (“o quê”) e o valor estéti-
co a ela associado. Assim, não é possível compreender a
obra literária sem que se estude como esses elementos se
articulam para construí-la.
Nesse sentido, procuramos nesta coleção definir como
objetivo principal do estudo da literatura auxiliar os alunos
a desenvolverem capacidades que lhes permitam apreciar
esteticamente obras de diferentes autores, de modo que
possam desenvolver o gosto pela leitura dos textos literários
e a fruição estética advinda dessa atividade: em outras pa-
lavras, levar à formação do leitor literário. Conhecer caracte-
rísticas do autor, saber em que período da história literária a
obra foi produzida, identificar características de estilos de
época e gêneros, compreender a relação da obra com as
formas de dizer disponíveis e utilizáveis são competências
trabalhadas a partir do volume 2 da coleção, visando forta-
lecer a formação dos alunos como leitores literários, auxilian-
do-os a desenvolverem o gosto pela leitura dos textos lite-
rários, sabendo apreciá-los esteticamente e entendendo que
fazem parte da constituição de nossa cultura. (Você poderá
consultar a obra O demônio da teoria para aprofundar esse
estudo sobre a forma de abordagem do texto literário que
propomos na coleção. Neste manual do Professor, nas pá-
ginas 402-403, reproduzimos trechos do capítulo “o leitor”,
que poderá auxiliar você a compreender melhor essas ideias).
esse objetivo está em consonância com a proposta da
coleção, que pretende, como dissemos anteriormente, pro-
porcionar aos alunos o desenvolvimento de capacidades de
linguagem. Com esse objetivo em vista, em vez de estabe-
lecer um critério inflexível e único para o estudo da literatura,
preferimos adotar uma estratégia mais flexível, que combina,
de diferentes maneiras, duas ou mais abordagens possíveis
para o texto literário. Assim, os alunos poderão perceber que
a literatura é uma manifestação artística multifacetada, enfei-
xando componentes linguísticos, culturais, históricos e esté-
ticos variados. e, para não fugir à tradição do ensino de lite-
ratura no Brasil, uma das abordagens privilegiadas é o estudo
dos autores e de suas obras no contexto sócio-histórico de
produção das obras literárias (especialmente nos volumes 2
e 3 da coleção, em que se enfocam, conforme já afirmamos
acima, os estilos de época da produção literária brasileira,
principalmente a partir do século XIX), levando-se em conta
a visão diacrônica dos estudos literários. mas essa perspec-
tiva não é a única adotada na coleção, como você notará.
8
A esse respeito, consultar: ComPAGNoN, Antoine. O demônio da teoria.
Belo Horizonte: ed. da uFmG, 1999.
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Paralelamente, é preciso levar em conta a metodologia
que se procurou estabelecer nos capítulos. Tendo em vista
que os alunos aprendem de maneiras bastante variadas,
procuramos adaptar o estudo do texto literário à metodolo-
gia de trabalho adotada. Acreditamos que essa estratégia
possa ajudar você a atender aos diferentes modos de apren-
der dos alunos, além de permitir facilmente a transformação
das atividades sugeridas.
Assim, em alguns capítulos, o estudo literário se dá por
meio da análise de textos, em seus aspectos estéticos e
composicionais. em outros, combina-se essa análise com o
levantamento de características típicas de uma escola ou um
período literário. outras vezes, a obra de um único autor é
tratada, pelo que ela tem de peculiar. Há casos ainda em que
se procuram estabelecer relações temáticas entre períodos
literários, ou autores, e obras atuais.
o essencial é que os alunos desenvolvam capacidades
de leitura do texto literário que lhes permitam abordar textos
de outros autores, de outras épocas e lugares, além daque-
les que a coleção propõe e, com isso, ampliem um repertó-
rio de experiências leitoras ricas e variadas.
Quanto à seleção dos autores e obras estudados, cabe
uma observação: assim como num livro didático é impossível
— e desnecessário — abarcar um leque muito grande de
gêneros e tipos de textos, foi fundamental estabelecer uma
seleção de autores e obras literárias. essa seleção baseou-se
em alguns critérios:
1
o estudo de autores e obras literárias não se restringe à
seção “Diálogo com a literatura”, mas aparece em diver-
sas outras seções de cada capítulo. A seção de literatura
procura apenas constituir um momento privilegiado para
a análise e o estudo literários dentro de cada capítulo.
2
Procuramos fornecer aos alunos um panorama variado
da literatura brasileira, no que se refere a autores e obras.
3
Procuramos fornecer aos alunos alguns nomes fundamen-
tais da literatura portuguesa, aqueles que consideramos
ter mais profundamente influenciado a literatura do Brasil
ou que tenham relações mais de perto com nossa litera-
tura. o mesmo fizemos com os escritos literários e auto-
res de outros países de língua portuguesa.
4
Determinadas literaturas estrangeiras, como a francesa
e a inglesa, também tiveram — e ainda têm — grande
influência na constituição de nossa literatura. Daí, sem-
pre que possível, termos incluído textos de literaturas
estrangeiras para serem lidos e analisados pelos alunos.
o estudo da literatura pode articular-se fortemente com
a seção “Agora é com você!”, que aparece ao final das uni-
dades. Nessa seção, sugere-se ao estudante um conjunto
de atividades, como a leitura de livros — literários ou não —,
a apreciação de filmes, músicas, produtos de outras mani-
festações artísticas, etc. Assim, a proposta permite potencia-
lizar a autonomia dos alunos no desenvolvimento de habili-
dades de apreciação estética.
Vale dizer ainda que a distribuição dos conteúdos de
literatura ao longo dos volumes deve ser compreendida em
articulação com a proposta de estudo dos gêneros e tipos
de texto dos capítulos.
Língua – análise e reflexão
As atividades dessa seção, voltadas para a reflexão sobre
estruturas da língua, não devem ser feitas individualmente.
É importante que você as faça em conjunto com os alunos;
assim, poderá orientar as respostas, questioná-las, ajudando-
-os a compreenderem os conceitos. em muitos casos, não é
necessário resolvê-las todas por escrito. Você pode anotar
as respostas dos alunos na lousa à medida que as questões
forem respondidas e ao mesmo tempo esclarecer e proble-
matizar os conceitos estudados. o objetivo é mobilizar os
conhecimentos linguísticos que os alunos já detêm, de forma
que consigam ampliá-los com outros conceitos.
o princípio que orienta essa seção é semelhante ao da
seção “linguagem e texto”: há intensa mobilização de co-
nhecimentos prévios dos alunos. Aqui, cabe uma observação:
ao chegar ao ensino médio, os alunos já estudaram muitos
dos conceitos e noções ligados à reflexão linguística. Por
essa razão, a seção pressupõe que esses conceitos sejam
intensamente reativados. Por isso também a importância de
as atividades serem feitas sempre com seu apoio, sob sua
supervisão direta e constante. A ideia é que, com esse modo
de proceder, a seção tenha também um caráter prático, di-
nâmico, com ênfase na observação do uso (das práticas de
linguagem), levando em conta situações discursivas diversi-
ficadas, em apoio ao estudo dos gêneros textuais, de forma
quase sempre apoiada em textos ou situações concretas de
emprego da linguagem.
Há uma preocupação em contrabalançar a teoria gra-
matical tradicional com noções e conceitos provenientes das
teorias linguísticas, especialmente as linguísticas textuais. No
estudo de aspectos de linguagem ligados ao domínio pro-
gressivo dos gêneros e seus modos de funcionamento, a
seção está fortemente articulada com “linguagem e texto”
e traz à reflexão conceitos que não fazem parte da teoria
gramatical tradicional.
A sequência dos conteúdos de gramática sistemática
procura atender a um critério ancorado no uso: o percurso
sugerido ao longo dos volumes da coleção se orienta em
grande parte pela produção de textos. Assim, por exemplo,
os tempos verbais não são apresentados de uma vez, mas
estudados paulatinamente, em razão das tipologias e dos
gêneros textuais abordados. No estudo das orações subor-
dinadas e coordenadas, privilegia-se a análise das relações
de sentido que elas estabelecem e a sua função na produção
do texto, e não a classificação sintática. As atividades pro-
postas seguem este critério: visam sempre à produção de
texto. Daí seu caráter prático.
Buscou-se articular a gramática sistemática e a gramá-
tica do texto a fim de evidenciar aos alunos a função do
estudo gramatical: contribuir para a aprendizagem da língua
e a ampliação do domínio das práticas de linguagem, dos
usos mais cotidianos informais aos usos mais formais.
Quanto à concepção gramatical e aos conceitos tratados
nos volumes da coleção, cumpre afirmar o seguinte:
1
Há a preocupação em seguir a Nomenclatura Gramatical
Brasileira quando se faz necessário lançar mão de clas-
sificações. Sempre que possível, isso é apontado no livro
do Professor.
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2
Tendo em vista os avanços das ciências da linguagem
e, em especial, da linguística, no que se refere ao estu-
do do texto e dos fenômenos de linguagem, foram in-
corporados alguns conceitos em geral não discutidos
em gramáticas normativas e ausentes da nomenclatura
gramatical oficial. Alguns bem recorrentes ao longo dos
volumes da coleção dizem respeito à enunciação (enun-
ciador, enunciatário, instâncias enunciativas, etc.), mo-
dalização, entre outros. Com tais conceitos, é possível
auxiliar e enriquecer o trabalho de compreensão e de
produção de textos.
3
Você poderá lançar mão dos conceitos e da nomencla-
tura gramatical estudada como recurso comum na ava-
liação das produções escrita e oral dos alunos. Assim,
esses conceitos tornam-se vivos para eles, porque po-
dem ajudá-los a construírem para si mesmos uma me-
talinguagem comum que permitirá o intercâmbio de
intervenções coletivas no momento da avaliação das
produções de textos. Na produção escrita da seção
“Práticas de linguagem”, sempre que possível, incluem-
-se quadros de avaliação e autoavaliação baseados nes-
se princípio, tendo nos conceitos gramaticais um meio
de criar metalinguagem para que os alunos avaliem sua
própria produção textual.
estando a análise e a reflexão linguísticas fortemente
articuladas com a produção de textos, sempre que necessá-
rio procurou-se trabalhar, do ponto de vista gramatical, as-
pectos como a coesão e a coerência textuais (há capítulos
dedicados, por exemplo, ao estudo da anáfora e da retoma-
da do referente; outros que problematizam a função das
conjunções na construção das relações lógico-semânticas
textuais, etc.).
Quanto a tais conceitos linguísticos, cabe uma observa-
ção: no livro do Aluno, não houve a preocupação de defini-
-los com rigor estritamente linguístico, pois o objetivo não é
o conhecimento dos conceitos em si, mas a possibilidade
de mobilizá-los como noções que podem servir de ferramen-
ta auxiliar das atividades com a língua e com os textos (lei-
tura, compreensão, produção). Assim, por exemplo, sempre
que se mencionam conceitos como enunciação, procura-se
explicar — da forma mais simples possível e apenas quando
isso é considerado absolutamente necessário — o que se
entende por tal. mais de uma vez, por exemplo, no livro do
Aluno, diz-se que enunciação é “um ato de comunicação,
em que uma pessoa se dirige a outra a fim de lhe comunicar
algo oralmente ou por escrito. A pessoa que se dirige à
outra é o enunciador, e o texto (oral ou escrito) produzido
nesse ato de comunicação é o enunciado”. Afirma-se tam-
bém, por exemplo, que “os enunciados são os produtos da
enunciação” ou que “o enunciador é o ‘eu’ que se projeta
nos textos”. Definições como essas, ainda que não tenham,
do ponto de vista dos estudos linguísticos, todo o rigor a tais
estudos, pareceram-nos suficientes para explicar no livro do
Aluno conceitos complexos das ciências da linguagem, e
são absolutamente “práticos” e “utilizáveis” nas atividades
de produção e análise de textos. Conforme você notará,
trata-se de um esforço de “transposição didática” de noções
e conceitos complexos, e não de mera “simplificação” con-
ceitual inconsequente por parte dos autores.
Práticas de linguagem
essa seção procura amarrar o estudo textual proposto
em cada capítulo. Nela, há dois tipos de atividades: as de
produção oral e as de produção escrita.
É também a seção que encerra o capítulo. Como reúne
tanto a produção oral quanto a escrita, as atividades nela
propostas podem demandar bastante tempo de realização.
Convém, portanto, estar atento a esse fato.
1. Produção oral
essa parte inicial da seção propõe um trabalho com os
textos que pertencem aos gêneros da oralidade. A cada
unidade, chama-se a atenção dos alunos para determinada
situação de comunicação oral real, e pouco a pouco são
trabalhados os atos de fala presentes nessas situações.
Paralelamente, procuram-se estudar as noções de registro,
dos níveis de linguagem e da enunciação.
Depois da análise, apresentam-se propostas de produ-
ção oral. muitas vezes, propõe-se a encenação de diálogos,
o debate e exposições orais.
entram em discussão igualmente os gêneros textuais
da oralidade formal (exposição oral, entrevista, debate re-
grado, leitura em voz alta, etc.). As atividades buscam levar
os alunos à percepção das diferenças (e das semelhanças)
entre as modalidades oral e escrita, ressaltando as especifi-
cidades de cada uma delas e, ao mesmo tempo, procuram
estimular a produção de textos orais formais com base na
análise e na observação de extratos da oralidade.
No livro do Aluno, além de orientações e roteiros de
análise de textos orais, há também, quando necessário,
transcrições de extratos autênticos de gêneros orais, que
chamamos muitas vezes de “decupagens”. Vale lembrar
aqui o fato de que, nessas transcrições, procuramos esta-
belecer um sistema próprio de transcrição a fim de que não
se confunda o texto oral com o texto escrito. Por exemplo:
procuramos evitar o uso de sinais de pontuação, como pon-
tos, vírgulas e dois-pontos, entre outros. Sempre que houver
decupagem ou transcrição de texto oral, esta virá acompa-
nhada de uma chave da transcrição, que permitirá aos alu-
nos compreender o significado dos símbolos utilizados.
Quando se empregam nas decupagens certos sinais de
pontuação próprios da língua escrita, explica-se seu signi-
ficado na chave da transcrição.
A avaliação da produção oral constitui um momento
privilegiado para discutir com os alunos, promovendo uma
reflexão coletiva: o texto oral produzido cumpriu sua finali-
dade de maneira adequada à situação?
Nesse tipo de avaliação, você não é o único juiz. Sua
função é mediar a reflexão do grupo. e, ao longo dos capí-
tulos, ele vai encontrar, por vezes, sugestões de como con-
duzir e levar a efeito a avaliação.
A distribuição das atividades de produção oral pelos três
volumes da coleção obedeceu a um critério progressivo: inicia-
-se, no volume do 1
o
ano, pelos gêneros orais que se supõe
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MANUAL DO PROFESSOR
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já serem de conhecimento dos alunos, aqueles que são mais
comumente estudados no ensino Fundamental (a tradição
oral ou “oratura”, a leitura em voz alta, entre outros); introdu-
zem-se pouco a pouco gêneros orais caros às atividades es-
colares, como a exposição oral e o debate regrado. No volu-
me do 2
o
ano, trabalham-se as diferenças entre o oral e a
escrita, além de gêneros como a entrevista. No volume do 3
o
ano, estuda-se a mesa-redonda e retomam-se alguns dos
gêneros e noções trabalhados, aprofundando seu estudo.
o movimento interno desta parte da seção consiste no
seguinte: problematizam-se exemplos de extratos de orali-
dade por meio de questões de análise e reflexão e propõe-
-se seu reemprego em situações de comunicação baseadas
em modelos, vivências ou situações de transposição.
Sabemos que não é possível reproduzir na escola as
condições necessárias para que toda produção oral seja uma
produção “real”, já que no ambiente escolar nem sempre
há ocasião para que essas situações de oralidade se concre-
tizem. Nesses casos, as atividades propõem tornar ficcional
(“ficcionalizar”, nas palavras de Bernard Schneuwly
9
) eventos
de modalidade oral: propõe-se que o professor crie em sala
de aula situações fictícias nas quais o gênero da oralidade
em estudo possa ser praticado e produzido pelos alunos.
entende-se que os alunos devam ter consciência de que tais
situações de comunicação elaboradas em classe são fictícias,
sobretudo para que eles possam experimentar, arriscar hi-
póteses, sem medo de errar. Portanto, sempre que uma
atividade proponha uma situação ficcional, essa condição
precisa ser claramente explicitada.
Com relação a esse procedimento, cabem algumas ob-
servações:
• os gêneros orais são trabalhados ao longo de capítulos
nos quais se tematiza um gênero escrito. Isso possibilita
que aprendizagens relativas aos modos de organização
textual e às sequências textuais prototípicas passem da
oralidade para a escrita, e vice-versa, o que permitirá
aos alunos e a você perceberem semelhanças e diferen-
ças entre a oralidade e a escrita.
• Nos projetos propostos ao final de algumas unidades,
podem incluir-se algumas produções orais.
• Dada a complexidade de alguns gêneros orais, seu es-
tudo não se esgota num único capítulo, mas se dá ao
longo de vários capítulos. Portanto, as atividades orais
de um capítulo podem requerer, para sua realização,
que as atividades orais do(s) capítulo(s) precedente(s)
tenham sido realizadas. Nesses casos, é fundamental
que você esteja atento às produções de seus alunos,
porque poderá ser necessário antecipar a progressão
sugerida ou persistir em pontos em que notar dificulda-
de de aprendizagem — fica aqui como sugestão, em
algumas situações, a retomada de determinada ativida-
de, em momentos variados, até que as dificuldades
relativas a ela sejam superadas.
9
Sobre o conceito de ficcionalização, pode-se consultar: Palavra e ficciona-
lização: um caminho para o ensino da linguagem oral. In: SCHNeuWlY,
Bernard; DolZ, Joaquim.
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