Famigerado
Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como
arrependido de ter começado assim, de evidente.
Contra que aí estava com o fígado em más mar-
gens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, se
resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aque-
la crueldade de dentes. Encarar, não me encarava,
só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho
indeciso. Redigiu seu monologar.
O que frouxo falava: de outras, diversas pes-
soas e coisas, da Serra, do São Ão, travados assun-
tos, insequentes, como dificultação. A conversa
era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe
as mínimas entonações, seguir seus propósitos e
silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no
me iludir, ele enigmava. E, pá:
— Vosmecê agora me faça a boa obra de que-
rer me ensinar o que é mesmo que é: fasmigerado...
faz-me-gerado... falmisgerado... familhas-gerado...?
ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
A linguagem peculiar é um dos aspectos que con-
ferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na
literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão en-
tre a personagem e o narrador se estabelece por-
que
a)
o narrador se cala, pensa e monologa, tentan-
do assim evitar a perigosa pergunta de seu in-
terlocutor.
b)
o sertanejo emprega um discurso cifrado, com
enigmas, como se vê em “a conversa era para
teias de aranha”.
c)
entre os dois homens cria-se uma comunicação
impossível, decorrente de suas diferenças so-
cioculturais.
d)
a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto
de impaciência do narrador, decidido a mudar
o assunto da conversa.
e)
a palavra desconhecida adquire o poder de ge-
rar conflito e separar as personagens em planos
incomunicáveis.
X
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LÍNGUA
PORTUGUESA
MANUAL dO PROfESSOR
Volume 3
eNSINo mÉDIo
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manual do professor
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SumárIo
Palavra ao professor ................................................................................................... 363
Introdução ................................................................................................................... 364
Primeira parte ............................................................................................................. 365
Estrutura da coleção .............................................................................................................365
Visão geral das unidades dos três volumes ....................................................................365
Estrutura das unidades ....................................................................................................366
A abertura da Unidade ...........................................................................................366
Para começo de conversa .......................................................................................368
Os capítulos ............................................................................................................368
Agora é com você! ..................................................................................................369
E a conversa chega ao fim ......................................................................................369
O trabalho da Unidade e a autoavaliação ..............................................................370
Como “funcionam” os projetos das unidades ................................................................372
Projetos sugeridos nas unidades e interdisciplinaridade ................................................373
Estrutura dos capítulos ....................................................................................................383
Descrição e objetivos das seções dos capítulos .....................................................383
Abertura e título do capítulo ..............................................................................383
Primeiros passos .................................................................................................383
Texto 1, texto 2, etc. ..........................................................................................384
Para entender o texto ........................................................................................384
As palavras no contexto .....................................................................................385
Linguagem e texto .............................................................................................385
Diálogo com a literatura .....................................................................................385
Língua – análise e reflexão .................................................................................387
Práticas de linguagem ........................................................................................388
1. Produção oral ............................................................................................388
2. Produção escrita ........................................................................................390
Textos para leitura e reflexão ...............................................................................................393
Referências ...........................................................................................................................413
Sugestões de leitura .............................................................................................................414
Segunda parte ..............................................................................................................
415
Orientações específicas .......................................................................................................415
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manual do professor
363
olá, professor,
No momento em que escrevemos esta mensagem para vo-
cê, estamos a um passo de concluir a edição do livro. É fevereiro
de 2016. Quando você receber o livro para conhecê-lo, cerca de
dois anos já terão decorrido desde o encerramento de seu pro-
cesso de escrita. e, se ele chegou até você, significa que foi
examinado pela comissão de avaliadores do Programa Nacional
do livro Didático (PNlD) e considerado adequado. É primordial
indicar a data em que esta mensagem foi escrita porque o mo-
mento, para o ensino médio, é de significativas transformações.
Na última década, sobretudo a partir de 2009, vimos o
exame Nacional do ensino médio (enem) tornar-se referência
nacional em termos de avaliação de aprendizagem do final da
educação básica. Desde seu surgimento em 1998, expandiu-
-se formidavelmente e hoje é considerado uma das mais
abrangentes avaliações de aprendizagem do mundo, em nú-
mero de avaliados. Também tornou-se o principal mecanismo
de seleção de alunos para o ingresso nas mais de setenta
universidades federais do Brasil
—
sem contar as universidades
estaduais e as particulares que da mesma forma consideram
o enem em seus processos seletivos.
A cada ano, a imprensa tem divulgado a relação de esco-
las com melhores resultados no enem, e também viram notícia
os alunos que produzem as melhores redações e alcançam os
maiores escores. É de se notar igualmente o movimento que
as próprias escolas
—
tanto públicas quanto privadas
—
fazem
para divulgar, como um indicador de qualidade, os resultados
obtidos por seus alunos. Com isso, não é difícil constatar que
esse exame vem provocando uma transformação do ensino
médio que podemos considerar positiva, tendo em vista que
visa à busca pela melhoria da qualidade do ensino. (Há críticas
expressas por especialistas em educação quando um exame
como o enem motiva a transformação da escola e do ensino,
mas isso é conversa para outra ocasião.)
o enem colocou a aferição de resultados escolares na ordem
do dia
—
se antes era assunto para especialistas e definidores
de políticas públicas educacionais, hoje está nas conversas de
alunos, pais, professores e na imprensa. Podemos dizer que tem
ajudado a impulsionar escolas e sistemas de ensino a se aperfei-
çoarem. e, nunca é demais lembrar, o enem é um exame cuja
matriz avaliativa se baseia num conjunto de competências e ha-
bilidades que os alunos devem alcançar até o fim da educação
básica. Isso significa que o foco do ensino
—
não só da discipli-
na de língua Portuguesa, mas de todas as disciplinas do currí-
culo
—
vem se transformando para acolher essa realidade que
tem como referência habilidades e competências (já anunciada
desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a
partir de 1998). Vale lembrar também que, até há pouco tempo,
listas de conteúdos dominavam os paradigmas do ensino e ha-
bilidades e competências eram objeto de intensos debates.
Neste momento, estamos também em plena consulta públi-
ca para a Base Nacional Comum Curricular, iniciada em setembro
de 2015 e com término previsto para março de 2016. e, pelas
notícias que temos acompanhado, já sabemos que há mais de
dez milhões de contribuições encaminhadas ao meC apontando
sugestões de toda ordem ao documento preliminar da Base.
Considerando o que é noticiado pela imprensa, as contribuições
não vêm apenas de equipes de consultores educacionais e espe-
cialistas, mas de alunos e de seus pais, de técnicos e de especia-
listas dos milhares de redes municipais e estaduais de educação
do Brasil, de universidades públicas e privadas, de pesquisadores
independentes, de organizações da sociedade civil, da imprensa,
entre outros. enfim, uma verdadeira mobilização social em torno
da melhoria da qualidade do ensino em nosso país.
Além disso, nunca houve tantas matrículas no ensino
médio. Apesar de dados do Inep e do meC mostrarem ter
havido queda no número de matrículas na rede pública entre
2010 e 2014, os dados de séries históricas e de pesquisas sobre
o tema revelam que o número de alunos do ensino médio é
hoje bem maior do que era em décadas passadas. Por certo,
ainda há o que melhorar em termos de universalização do
ensino médio, mas as perspectivas são animadoras. Podemos
dizer que de 2010 até hoje, de maneira geral, o ensino no Brasil,
em especial o ensino médio, avançou muito, o que nos apro-
xima cada vez mais do ideal de democratização do acesso à
educação pública. Tanto que, hoje, o grande debate já não é
tanto em torno da universalização do acesso ao ensino, mas
sim da busca pela qualidade educacional.
Além desse cenário de transformação do ensino médio, é
preciso mencionar outra questão que orientou a escrita do livro:
a articulação das dimensões do ensino da língua portuguesa.
entendemos que não é possível conceber o ensino de qualida-
de em língua portuguesa sem que essas dimensões estejam
firmemente articuladas. Consideramos que a leitura, a literatu-
ra, a produção de texto oral e escrito e a reflexão sobre os fe-
nômenos de linguagem não devem ser tomadas, no ensino da
língua portuguesa, como objetos autônomos e independentes,
porque todas essas dimensões fazem parte do que compreen-
demos ser o conjunto das práticas de linguagem, a nosso ver
o verdadeiro objeto de ensino das aulas de lingua portuguesa
no ensino médio. outra inquietação é com o “começar de
novo” ou o “começar do começo”, muitas vezes deflagrado
em abordagens do ensino de língua portuguesa no ensino
médio. A coleção nasce como tentativa de trazer uma propos-
ta de encaminhamento didático que leve em conta, ativamen-
te, os saberes e os conhecimentos prévios dos alunos.
Por essa razão, procuramos organizar o trabalho de ma-
neira que a articulação das dimensões do ensino da língua
fosse favorecida. Houve também a preocupação de mobilizar
intensamente conhecimentos prévios dos alunos. Você vai
notar que a organização das unidades de trabalho se faz em
torno de projetos de leitura e produção de textos: mesmo
que tal metodologia possa ser considerada “antiga” (expe-
riências com ensino de língua materna por meio de projetos
de leitura e produção de textos são atestadas na literatura
educacional há décadas), acreditamos que esses projetos aju-
dam a dar sentido à circulação social dos textos, na escola e
fora dela, o que está em consonância com a compreensão da
natureza social da língua e das práticas de linguagem. Além
disso, a organização interna de cada capítulo se dá por meio
de uma sequência organizada em torno do estudo de gêneros
textuais: vai da leitura à produção de textos, com intenso tra-
balho de reflexão sobre as práticas de linguagem em cada
etapa dessa sequência.
esperamos que possa fazer bom proveito da coleção. Para
tanto, convidamos você a analisar a proposta dos três volumes,
acompanhando as explicações dadas neste manual do Professor.
um abraço e bom trabalho!
os autores.
Palavra ao professor
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MANUAL DO PROFESSOR
364
esta obra procura levar os alunos a refletirem sobre
suas práticas de linguagem, nas diferentes esferas da co-
municação, das mais cotidianas às mais elaboradas. Sendo
práticas sociais que demandam diversos níveis de interação,
a linguagem e a comunicação ajudam não apenas a com-
preender e analisar os múltiplos códigos que permeiam a
realidade contemporânea, mas também a criticá-los e rela-
cioná-los. Por isso, além de estudar a língua escrita e oral,
esta coleção trabalha com outras linguagens que fazem
parte de nosso cotidiano. e, associando o estudo das lin-
guagens ao da literatura, permite desenvolver o senso de
apreciação estética que está intimamente ligado a muitas
das atividades do fazer humano, em especial às artes visuais
e às da palavra. A coleção pretende ser uma opção de ca-
minho seguro para os alunos se desenvolverem como lei-
tores e produtores de texto.
Nos três volumes que compõem esta proposta de tra-
balho, ao longo do ensino médio, os textos para leitura —
das esferas literária, jornalística de divulgação científica,
entre outras — permitirão que os alunos, amparados por
você, se envolvam em discussões a respeito de vários temas
que fazem parte do seu dia a dia e da sociedade em geral.
essas leituras favorecem abordagens interdisciplinares e,
em muitos casos, no próprio livro do Aluno há sugestões
de atividades que procuram levar em conta possibilidades
de execução das tarefas de forma interligada a outras dis-
ciplinas escolares, além da de língua Portuguesa. este
manual do Professor está dividido em duas partes: uma,
geral, comum aos três volumes, contém os princípios estru-
turadores globais da coleção, os quais dão sustentação
teórico-metodológica à proposta levada a cabo nos três
volumes; a outra, específica de cada livro, fornece encami-
nhamentos didáticos para a condução de atividades pro-
postas no respectivo volume. Ao longo das unidades e dos
capítulos de cada livro, sempre que necessário, faz-se re-
missão a essa segunda parte, para que você possa consultá-
-la caso queira desenvolver as atividades da maneira como
foram concebidas pelos autores.
Assim, você poderá não apenas conhecer os princípios
que sustentam a coleção como também ter acesso a uma
metodologia de trabalho em sala de aula. No primeiro caso,
este manual vai orientá-lo quanto às escolhas dos autores
da coleção, baseadas principalmente em estudos da didá-
tica do ensino de língua materna e das ciências da lingua-
gem, bem como nas instruções dos órgãos públicos oficiais
que regulamentam o ensino da língua portuguesa em nosso
país; no segundo, este manual fornece indicações para o
desenvolvimento de atividades propostas, fundamentadas
não só na teoria exposta na primeira parte como também
na experiência dos autores em sala de aula.
ressaltamos que todas as sugestões de atividades e de
encaminhamentos metodológicos expostas ao longo das uni-
dades — tanto no livro do Aluno quanto no manual do
Professor — constituem
sugestões: você poderá enriquecer
seu trabalho adaptando-as ao seu fazer didático-pedagógico,
aproximando-as da realidade em que atua. Vale dizer que hou-
ve uma tentativa de tornar as propostas da coleção adaptáveis
às suas necessidades. o livro é concebido como um
manual,
isto é, foi pensado de modo que as atividades sugeridas sejam
realizadas numa determinada sequência — a sequência das
páginas. Como consequência desse modo de organização do
livro, as seções em que há explicações conceituais podem es-
tar atreladas às atividades sugeridas, de modo que a compreen-
são do que é explicado dependerá da execução prévia ou
posterior das atividades propostas que acompanham as expli-
cações. Por isso, antes de dar início ao trabalho com as unida-
des e os capítulos, é muito importante conhecer as atividades
propostas e as explicações. Assim, se não quiser trabalhar com
o livro seguindo-o página a página, poderá adaptar o conteú-
do de acordo com sua realidade e necessidade, fazendo esco-
lhas decorrentes de seu planejamento.
A análise prévia integral das atividades de uma unidade
ou de um capítulo, além de favorecer o planejamento didá-
tico, também tem outros objetivos:
• Há atividades propostas que demandam a preparação
prévia ou o uso de recursos que o livro didático em si
não comporta: realização de gravações de áudio ou
vídeo; uso de jornais, revistas e outros veículos de im-
prensa; consulta a livros, a manuais de pesquisa, a obras
de referência (enciclopédias, gramáticas, dicionários,
etc.), a
sites, entre outros, e é preciso providenciar an-
tecipadamente os recursos necessários ao desenvolvi-
mento dessas atividades.
• Há encaminhamentos que solicitam dos alunos a reali-
zação de tarefas prévias, como a leitura de um texto.
• muitas vezes, sugere-se a mobilização de espaços fora
da classe, o que sempre exige planejamento.
• Algumas atividades envolvem a construção de murais;
a montagem de painéis, de exposições; a elaboração
de cartazes, etc., que exigem a disponibilidade de cer-
tos materiais e espaços.
• No trabalho com a linguagem oral, conforme se verá
adiante neste manual, pode ser necessária a realização
de gravações ou a transcrição de extratos de oralidade,
de modo que será preciso viabilizar a aparelhagem téc-
nica para tal.
outras questões poderão surgir no desenvolvimento
do trabalho. No entanto, se todos estiverem preparados
para a realização das atividades sugeridas, é certo que lo-
grarão êxito.
Introdu•‹o
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manual do professor
365
Estrutura da coleção
Para bem compreender a descrição da estrutura da coleção, sugerimos que acompanhe a leitura deste manual com a
observação concomitante de pelo menos um volume. Assim, entenderá melhor os princípios estruturadores de cada livro e
da obra em seu todo.
Cada volume se organiza em torno de nove capítulos, sendo um capítulo inicial e oito capítulos que se distribuem em
quatro unidades de trabalho por volume (dois capítulos por unidade). o capítulo inicial não tem numeração. os capítulos
das unidades são numerados sequencialmente, de 1 a 8, como mostra a tabela a seguir.
Visão geral das unidades dos três volumes
Volume 1
Volume 2
Volume 3
Linguagens, textos e literatura
História da literatura
Estudar com textos: a resenha, o resumo
e a síntese
Unidade 1
Das histórias do
passado às
histórias do
presente
Capítulo 1
Conto
Unidade 1
... como um
romance (I)
Capítulo 1
Romance (I)
Unidade 1
Se bem me
lembro...
Capítulo 1
Lenda
Capítulo 2
Crônica
Capítulo 2
Romance (II)
Capítulo 2
Memórias
Unidade 2
As canções de
ontem, hoje e
sempre
Capítulo 3
Canção popular
Unidade 2
... como um
romance (II)
Capítulo 3
Romance (III)
Unidade 2
O cotidiano sob
diversos olhares
Capítulo 3
História em
quadrinhos
Capítulo 4
Textos icônico-
-verbais
Capítulo 4
Romance (IV)
Capítulo 4
Gêneros
dramáticos
Unidade 3
Viagens
Capítulo 5
Relato de viagem
Unidade 3
Adolescência
Capítulo 5
Texto de
vulgarização
científica
Unidade 3
Mundo do trabalho
(I)
Capítulo 5
Relatos de vida
Capítulo 6
Notícia
Capítulo 6
Reportagem
Capítulo 6
Carta pessoal
Unidade 4
Eu acho que sim, e
você?
Capítulo 7
Artigo de opinião
Unidade 4
Paisagens urbanas
Capítulo 7
Ensaio
Unidade 4
Mundo do trabalho
(II)
Capítulo 7
Correspondência
formal
argumentativa
Capítulo 8
Editorial
Capítulo 8
Imagem e palavra:
anúncio publicitário
Capítulo 8
Dissertação em
prosa
Questões do Enem
Questões do Enem
Questões do Enem
No capítulo inicial são apresentados conceitos e noções por meio de atividades que você poderá utilizar como ponto
de partida para o trabalho no início do ano letivo:
• No volume 1, o capítulo inicial funciona como introdução geral e tem como objetivo apresentar aos alunos conceitos e
noções que serão desenvolvidos ao longo dos três volumes da coleção.
• No volume 2, o capítulo inicial introduz o estudo da história da literatura, que vai prosseguir por esse volume e se es-
tender até o volume 3.
• No volume 3, apresentam-se no capítulo inicial algumas técnicas de tratamento textual muito usadas em atividades de
leitura e estudo: a elaboração de comentários/resenhas, resumos e sínteses de textos.
Nos três volumes, ao trabalhar o capítulo inicial, você pode aproveitá-lo para, além dos objetivos principais indicados
acima, fazer um diagnóstico geral inicial de aprendizagem dos alunos, já que as atividades propostas sempre contam com
leitura, análise e produção textual. Dado o caráter “inicial”, esse capítulo não esgota nem aprofunda as noções e os concei-
tos apresentados.
os demais capítulos de cada volume se distribuem em quatro unidades — dois capítulos por unidade. esses capí-
tulos estão articulados ao trabalho com o projeto de leitura e escrita proposto para ser realizado ao longo do estudo da
unidade e enfocam determinado(s) gênero(s) textual(is).
Primeira parte
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Completa o volume uma seção final com questões do exame Nacional do ensino médio (enem), organizadas de acor-
do com conceitos ou noções trabalhados nas unidades que compõem o volume. Há, assim, por volume, um conjunto de
questões cuja resolução poderá ser orientada por você em diferentes momentos do estudo: ao final de cada unidade, ao
final de um semestre ou do ano letivo, como atividade de revisão. elas podem até mesmo ser utilizadas pelos alunos de
forma autônoma.
essa estrutura da coleção foi pensada para tornar o mais proveitoso possível o trabalho de planejamento didático.
Com pequenas variações de uma escola ou rede de ensino para outra, o ano letivo costuma se desenvolver ao longo de
nove ou dez meses de trabalho. Sendo assim, com nove capítulos por volume, você pode programar o estudo de um
capítulo por mês letivo, aproximadamente. Isso pode ajudar você e seus alunos a estabelecerem uma dinâmica do tra-
balho na sala de aula que favoreça a progressão.
Estrutura das unidades
Cada uma das unidades é composta de:
• uma dupla de páginas inicial, que marca a abertura da unidade;
• uma dupla de páginas com a seção “Para começo de conversa”, que propõe o início do projeto da unidade;
• Dois capítulos;
• A seção “Agora é com você!”, com sugestões de materiais complementares para extrapolação para os alunos e para
você;
• A seção “e a conversa chega ao fim”, que encerra o projeto da unidade;
• A seção “o trabalho com a unidade e a autoavaliação”, que propõe aos alunos uma retomada do que foi trabalhado
ao longo da unidade por meio de autoavaliação.
essa estrutura procura criar um
percurso interno que se repete a cada unidade. o objetivo é levar os alunos a desen-
volverem, apoiados por você, um
projeto comum e coletivo de trabalho, capaz de articular as dimensões do ensino da
língua entre si e com a(s) temática(s) enfocada(s) na unidade, permitindo ainda a exploração interdisciplinar de algumas
dessas temáticas. A maior parte dos projetos é concluída em uma unidade, mas há dois projetos (um do volume 2 e outro
do volume 3) que se desenvolvem ao longo de duas unidades. Assim, você e os alunos poderão se engajar na realização
de três ou quatro projetos de leitura e escrita no decorrer do ano letivo. A seguir, explicamos cada um dos elementos que
compõem a unidade.
A abertura da Unidade
A abertura de unidade contém os seguintes elementos:
1
Título da
Unidade
2
Epígrafe
3
Imagem
de abertura
4
Descrição
de objetivos de
aprendizagem
dos capítulos
1
o título da unidade sempre remete ao projeto de trabalho a ser desenvolvido.
2
A epígrafe, logo abaixo do título, constitui um estímulo inicial. Tem geralmente relação com o título e o tema do proje-
to da unidade. ela poderá ser discutida com os alunos e servirá de breve “aquecimento” para iniciar as atividades. Às
vezes, há alguma questão no interior da unidade que remete à epígrafe, mas isso não é regra. Diversas vezes, a simples
leitura dessa epígrafe já será suficiente para começar uma conversa sobre o projeto; em outras situações, é possível
ampliá-la com conversas livremente conduzidas por você.
A relação das epígrafes de todas as unidades é dada a seguir, com algumas informações sobre os autores, caso você
queira comentar algo com os alunos.
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As epígrafes das aberturas de unidades
Unidade 1
Unidade 2
Unidade 3
Unidade 4
V
olume 1
“Numa manhã, ao despertar de sonhos
inquietantes, Gr
egor Samsa deu por si na
cama transfor
mado num gigantesco inseto.”
Franz Kafka
Franz Kafka (1883-1924), nascido em Praga,
é um dos grandes escritor
es da literatura
checa e um dos mais importantes da
literatura universal. Sua obra mais conhecida
é, talvez,
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