hipercorreção.
O corte da grama e a limpeza do terreno.
Fazer elogios ao trabalho executado pelo fun-
cionário da empresa que executou o serviço.
3. a) O fato mais relevante é
que o funcionário teve o cuida-
do de cortar a grama e limpar
o terreno preservando as ou-
tras plantas (flores), que não
deviam mesmo ser eliminadas.
Espera-se que os alunos per-
cebam que o fato foi mencio-
nado com a finalidade de ex-
plicitar o motivo que levou à
escrita da carta de agradeci-
mento e elogio.
daizuo
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Grama cortada.
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UNIDADE 4 MUNDO DO TRABALHO (II)
b)
Em sua opinião, por que o remetente utiliza a citação de fatos como estra-
tégia discursiva?
c)
Que recursos de linguagem comprovam que há expressão opinativa na carta?
4
Há boa variedade de formas de modalização na carta.
a)
Localize alguns exemplos delas e cite-os no caderno.
b)
Tente explicar, com base no que você já sabe sobre modalização e argumen-
tação, a importância, na carta, dos exemplos que você citou no item anterior.
5
Grande parte das formas verbais empregadas é da primeira pessoa do singu-
lar. Considerando as finalidades da carta, procure explicar a importância do
uso explícito dessa forma verbal.
6
A forma de evocação inicial da carta é Prezados Senhores.
a)
Quem seria o leitor suposto dessa correspondência?
b)
Explique, no caderno, por que essa forma de evocação inicial pareceu ser
adequada a M. K., pessoa que redigiu a carta.
7
No Capítulo 4 da Unidade 2, você se aproximou da noção de
figurativização.
O enunciador do texto 1 se vale desse processo em sua carta.
a)
Em que trecho esse fato fica evidenciado?
b)
Justifique, no caderno, sua resposta ao item
a.
8
Observe a reprodução da carta de M. K. tal como ela foi originalmente
diagramada:
3. b) Verifique se os alunos
conseguem perceber que in-
dicar explicitamente os fatos,
nesse caso, é uma estratégia
de exemplificação, que justifi-
ca ao leitor suposto a existên-
cia da carta.
Especialmente as formas de modalização variadas presentes na carta.
4. a) O uso do futuro do pre-
térito (
gostaria), formas ver-
bais como
constatei, advér-
bios modalizadores como
infelizmente, entre outras.
4. b) Espera-se que os alunos
percebam que as formas de
modalização funcionam como
projeções enunciativas e que
tal tipo de recurso de lingua-
gem assegura a argumentativi-
dade da carta ao tornar explícito
o ponto de vista do enuncia-
dor sobre os fatos relatados.
Além disso, como se trata de
uma carta de agradecimento e
elogio, a intenção argumentati-
va é clara e ocorre, justamen-
te, quando o enunciador, ao
se projetar no texto, tenta fa-
zer os enunciatários aceitarem
os propósitos elogiosos apre-
sentados. Conforme se expli-
ca adiante, ainda nesta seção,
o elogio é uma das formas de
argumentação epidíticas.
Esse emprego ocorre principalmente com os verbos ligados à modalização, como
gostaria, constatei, fiquei
(mais satisfeita), cuja importância na argumentação foi assinalada na atividade 4.
6. a) A carta foi dirigida a uma
empresa. A forma de evoca-
ção se refere, de maneira ge-
nérica, aos responsáveis por
essa empresa.
6. b) Trata-se de uma forma pa-
dronizada em correspondên-
cias formais. Portanto, é uma
convenção do gênero.
Principalmente no primeiro parágrafo, quan-
do é descrito o trabalho resultante da inter-
venção da empresa.
7. b) Respostas pessoais.
Espera-se que os alunos per-
cebam que, ao descrever o ser-
viço realizado, fazendo o leitor
suposto visualizar os resulta-
dos obtidos com ele, o enuncia-
dor da carta procura justificar o
agradecimento e o elogio. Sen-
do assim, o processo de figu-
rativização, nesse caso, funcio-
na como forma de persuasão.
Estimule os alunos a registrarem suas hipóteses no caderno para retomá-las no
final desta seção.
Converse com os colegas e o professor sobre suas impressões a respeito da
importância da diagramação no texto. Registre suas conclusões no caderno.
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CAPêTULO 7 CORRESPONDÊNCIA FORMAL ARGUMENTATIVA
Correspondência argumentativa
Entre os diversos textos epistolares, destacam-se — além da carta pessoal —
as formas de correspondência argumentativa, entre as quais se insere o texto 1,
uma carta de agradecimento e elogio, pois o beneficiário de um serviço (a pessoa
que assina “M. K.”) dirige-se à empresa responsável pela execução para agradecer
pelo trabalho realizado e elogiar o resultado alcançado. Nessa troca epistolar,
pode-se perceber que:
●
●
o destinatário não é uma pessoa conhecida e definida, como o destinatário
de uma carta pessoal, e sim uma empresa;
●
●
a troca se dá em um nível formal, já que a correspondência formaliza um
agradecimento e um elogio a uma empresa.
Por essas características, o nível da linguagem tende a ser tenso em vez
de relaxado — se você comparar essa correspondência com a carta de Pri ao
professor, vista no Capítulo 6, será possível verificar a diferença entre os níveis
de linguagem utilizados nessas duas formas de correspondência: na carta de
Pri, a linguagem é relaxada, ao passo que, na correspondência que M. K. envia à
empresa, a linguagem é tensa.
Além disso, vale destacar que a forma de correspondência utilizada por M. K. é
adequada à finalidade comunicativa a que se destina (formalizar agradecimento e
elogio): circula no meio conveniente (foi enviada à empresa responsável pelo serviço,
que disponibiliza esse canal de comunicação a seus beneficiários) e realiza linguística
e discursivamente seu propósito (o enunciador argumenta em favor de sua tese e, por-
tanto, “formaliza” o agradecimento e o elogio junto à empresa prestadora do serviço).
Talvez pareça estranho a você considerar que o agradecimento e o elogio — e
os seus contrários: a reprovação, a reprimenda, a reclamação — sejam formas ar-
gumentativas. Afinal, pode parecer que, para agradecer e elogiar, o autor do elogio
não precise persuadir ninguém a respeito da validade ou da necessidade do elogio
ou do agradecimento. Mas, se você analisar atentamente uma situação como a do
texto 1, poderá perguntar a si mesmo: “Para que elogiar e agradecer a prestação de
um serviço que é parte das obrigações da empresa que o realizou?”. Pois bem, é
essa questão que justifica a necessidade de argumentar para agradecer e elogiar.
A retórica é a ciência teórica e aplicada do exercício público da fala [...].
Por meio do discurso, o orador se esforça para impor suas representações,
suas formulações e para orientar uma ação.
MAINGUENEAU, D.; CHARAUDEAU, P. Dicion‡rio de an‡lise do discurso.
São Paulo: Contexto, 2008. p. 433.
Os estudiosos de argumentação e de retórica compreendem que, por represen-
tarem formas de reafirmar a importância dos valores de uma dada comunidade,
isto é, as ideias, as noções, os conceitos e os princípios aceitos como válidos nessa
comunidade, textos que expressam agradecimento e elogio (ou reprimenda, recla-
mação, etc.) representam as formas mais elementares de argumentação. A carta
que você leu no início deste capítulo, por ser uma carta de agradecimento e
elogio, deve ser, então, considerada uma forma de texto argumentativo.
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UNIDADE 4 MUNDO DO TRABALHO (II)
Além disso, se você analisar a estrutura textual da carta, poderá notar que:
●
●
o parágrafo inicial apresenta uma opinião e a tese — no caso, o desejo de
agradecer à empresa pelo serviço realizado e de elogiar quem o executou;
●
●
ainda nesse primeiro parágrafo, há também um conjunto de explicações e
justificativas, baseadas em fatos observados. O objetivo dessas explicações e
justificativas é persuadir o leitor suposto de que o agradecimento e o elogio
anteriormente formulados são válidos e devem ser aceitos;
●
●
a conclusão da carta e do raciocínio adotado por M. K. começa a se formular
já no segundo parágrafo, o qual retoma (parcialmente) a opinião apresentada
no início: “Por estes motivos, decidi redigir esta carta, para demonstrar minha
gratidão e contentamento” (linhas 22-23) e reafirma a tese: “Gostaria muito
que meus sinceros agradecimentos fossem transmitidos ao colaborador
que teve todo este cuidado com as plantas, pois isto demonstra respeito e
consideração.” (linhas 23-27)
Assim, no texto 1, o que se tem é uma estrutura textual argumentativa. É claro
que essa estrutura pode parecer simplificada quando você a compara com a de
outros gêneros argumentativos, como o ensaio ou o artigo de opinião (apresentados
respectivamente nos volumes 2 e 3 desta coleção). Isso se deve, possivelmente, à
própria extensão do texto e ao fato de a opinião e a tese (o agradecimento e o elogio
à ação da empresa) terem sido formuladas como algo a respeito do qual se supõe
o consenso.
Lugar-comum
Nos estudos de argumentação e retórica, esses valores aceitos como válidos, de forma coletiva e
consensual numa dada comunidade, sem a necessidade de serem comprovados ou argumentados,
são chamados de
lugar-comum. O lugar-comum costuma ser a fonte primária dos argumentos em
qualquer argumentação. Se não houvesse lugar-comum, a argumentação não teria limite nem fim,
porque tudo o que fosse dito teria de ser explicado, comprovado, justificado... O lugar-comum é tão
onipresente na argumentação que é comum não ser percebido.
Por exemplo: no texto 1, o lugar-comum que embasa a argumentação é a noção de que um bom
trabalho realizado a nós por outrem
deve ser motivo de agradecimento e
pode ser elogiado. Observe que você
mesmo, como parte de nossa socie-
dade, não se sente tentado a colocar
em questão a validade desse princí-
pio: você o aceita porque ele consti-
tui um valor socialmente importante e
consensual em nossa comunidade.
Fique atento ao seguinte: no uso
corriqueiro, a expressão
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