S A B E R E S
C O N E C T A D O S
L I N G U A G E N S E
S U A S T E C N O L O G I A S
Leia o texto a seguir, um trecho do livro
Macuna’ma (1928), de Mário de Andrade:
A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá embaixo
nas ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagui-açu que o carregara
pro alto do tapiri tamanho em que dormira… Quê mundo de bichos! Quê despropósito de papões
roncando mauaris juruparis sacis e boitatás nos atalhos nas socavas nas cordas dos morros fu-
rados por grotões donde gentama saía muito branquinha branquíssima, de certo a filharada da
mandioca!… A inteligência do herói estava muito perturbada. As cunhãs rindo tinham ensinado
pra ele que o sagui-açu não era saguim não, chamava elevador e era uma máquina. De-manhãzi-
nha ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada
disso não, eram mas cláxons campainhas apitos buzinas e tudo era máquina. As onças pardas
não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés dodges mármons e eram
máquinas. Os tamanduás os boitatás as inajás de curuatás de fumo, em vez eram caminhões
bondes autobondes anúncios-luminosos relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas
postes chaminés… Eram máquinas e tudo na cidade era só máquina! O herói aprendendo calado.
ANDRADE, M.
Macuna’ma. O herói sem nenhum caráter. Disponível em: http://bd.centro.iff.edu.br/
bitstream/123456789/1031/1/Macuna%C3%ADma.pdf. p. 28. Acesso em: 28 jun. 2020.
1
A linguagem expressa no texto permite afirmar que Macunaíma vivia em qual ambiente antes de ter
contato com a cidade?
2
Com base nas analogias apresentadas no texto, é possível constatar que Macunaíma teve quais senti-
mentos em relação à cidade?
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