CONVERSA DE
AGRÔNOMO & GEÓGRAFA
CONVERSA DE
Em 2002, José Eli da Veiga (1948-), agrônomo de
formação, lançou o livro Cidades imaginárias: o Brasil
é menos urbano do que se calcula. Com base no Cen-
so demográfico de 2000, o autor defende a tese de que
o Brasil é bem menos urbano do que demonstram as
estatísticas. O fato de o IBGE considerar urbana toda
sede municipal, independentemente do número de ha-
bitantes que possui ou das funções que desempenha,
superestima o que é urbano no país. A maioria das ci-
dades seria apenas pequenas aglomerações, nas quais
inexistem condições mínimas do modo de vida urbano.
Além disso, o autor ressalta a problemática de consi-
derar o rural como espaço do atraso – que deve ser
superado – e o urbano como reflexo de progresso.
A geógrafa Ana Fani Alessandri Carlos (1950-)
publicou em 2003 uma resenha do livro, debatendo
as ideias de Veiga. A primeira crítica que a autora
faz é ao fato de o autor usar o conceito político-ad-
ministrativo de cidade (segundo o qual cidade no
Brasil seria toda sede de município). Há décadas a
Geografia Urbana descartou esse conceito, por não
ser capaz de abarcar a realidade social e funcio-
nal das cidades. Outra ideia questionada é a dico-
tomia entre rural e urbano que o autor expressa,
dita como contraproducente. Na percepção de Ana
Carlos, a análise de Veiga se prende meramente ao
plano local, sem considerar que o capitalismo se
concretiza estendendo-se de forma mundial e so-
brepondo o global ao local. Nesse contexto, a so-
ciedade urbana realiza-se em um espaço mundial
em que o rural não deixa de existir, mas passa a se
articular em outro plano.
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Com base em uma análise crítica da visão
dos dois autores, produza uma charge sobre
os critérios político-administrativos utiliza-
dos na definição de cidade e urbano no Bra-
sil. Em sua charge, considere questões como
as funções, as atividades desenvolvidas e as
características espaciais das cidades, bem
como o modo de vida urbano.
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