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Indígenas krenak navegam no
rio Doce em Resplendor (MG),
em 2015, depois que ele foi
atingido pelo rompimento de uma
barragem de rejeitos de mineração
que matou milhares de animais
e arruinou o modo de vida das
populações tradicionais da região.
Os Krenak estão em contato com a
sociedade brasileira não indígena,
mas preservam costumes e ideias
de seus antepassados, o que inclui
uma visão distinta da relação entre
os humanos e os demais seres.
A BNCC NESTE CAPÍTULO:
Competências gerais: 1, 5 ,7 e 9.
Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1, 2, 3 e 6.
Competência específica de Ciências da Natureza e suas Tecnologias: 2.
Habilidades: EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS104, EM13CHS105, EM13CHS202,
EM13CHS203, EM13CHS302, EM13CHS501, EM13CHS504, EM13CHS601, EM13CNT201.
Temas contemporâneos transversais: Multiculturalismo – Diversidade cultural; Ciência e
Tecnologia – Ciência e tecnologia; Meio Ambiente – Educação ambiental.
N A T U R E Z A E C U L T U R A
L
eo Cor
rea/AP/Glow Images
“[…] duas séries paradigmáticas […]
tradicionalmente se opõem sob os rótulos de
‘Natureza’ e ‘Cultura’: universal e particular,
objetivo e subjetivo, físico e moral, fato e
valor, dado e construído, necessidade e
espontaneidade, imanência e transcendência,
corpo e espírito, animalidade e humanidade, e
outros tantos.”
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectivismo e
multinaturalismo na América indígena. O que nos faz
pensar – Cadernos de filosofia da PUC-Rio, n. 18, set.
2004, p. 226. Disponível em: www.oquenosfazpensar.
fil.puc-rio.br/import/pdf_articles/OQNFP_18_13_
eduardo_viveiros_de_castro.pdf.
Acesso em 20 ago. 2020.
Nos últimos séculos, na cultura ocidental, as concepções de humanidade e natureza foram
tratadas como partes opostas e divergentes. Contudo, diversas sociedades integram esses dois
conceitos ou os definem de maneiras diferentes. Para muitos dos povos indígenas do Brasil
atual, a divisão entre natureza e humanidade é inconcebível.
Ailton Krenak, do grupo indígena Krenak, que habita principalmente a bacia do rio Doce, em
Minas Gerais, apresentou-se à Assembleia Nacional Constituinte do Brasil, em 4 de setembro
de 1987. Enquanto discursava em defesa do reconhecimento das mais de trezentas etnias indí-
genas existentes no Brasil, vestindo terno e gravata, pintou seu rosto com tinta de jenipapo, co-
mumente usada por vários povos indígenas. Ele pode ser considerado um intérprete ou mesmo
um tradutor entre as diversas culturas então em confronto.
A principal terra indígena dos Krenak foi afetada pelo rompimento
de uma barragem de rejeitos de uma grande mineradora, no distri-
to de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), em novembro de 2015. A
lama com resíduos da mineração contaminou o rio Doce em toda a
sua extensão. Um desastre ambiental, mas também humano, que
destruiu o modo de vida da população local.
Em 2019, Ailton Krenak publicou o livro Ideias para adiar o fim do
mundo. Em uma entrevista sobre essa obra, declarou: “Quando os
índios falam que a Terra é nossa mãe, dizem: ‘Eles
são tão poéticos, que imagem mais bonita’. Isso não
é poesia, é a nossa vida. Estamos colados no corpo
da Terra. Somos terminal nervoso dela. Quando al-
guém fura, machuca ou arranha a Terra, desorgani-
za o nosso mundo”.
KRENAK, Ailton apud
MASSUELA, Amanda;
WEIS, Bruno. O tradutor
do pensamento mágico.
Revista CULT, 4 nov. 2019.
Disponível em: https://
revistacult.uol.com.br/
home/ailton-krenak-
entrevista/. Acesso em:
10 jun. 2020.
• Você considera que a humanidade
está inserida na natureza? De que
maneira?
S U A E X P E R I Ê N C I A P E S S O A L
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