NOVAS ATIVIDADES NO CAMPO
As pequenas e as médias propriedades sempre in-
cluíram atividades consideradas complementares ou
acessórias, muitas das quais não agrícolas. Com isso,
os produtores buscam aumentar seus rendimentos.
No entanto, as pluriatividades desenvolvidas nas uni-
dades produtivas têm se tornado mais complexas e
incorporam tendências atuais, principalmente a par-
tir dos anos 1990. Isso tem trazido novo dinamismo
ao campo e contribuído para a redução no número de
pessoas que o deixam para viver nas cidades.
A agricultura moderna e a produção para auto-
consumo convivem no campo com várias atividades
ligadas ao lazer e à prestação de serviços. Assim, ati-
vidades como pesqueiros, hotéis fazenda, restauran-
tes, ecoturismo, entre outras, surgiram para atender
principalmente às demandas da população urbana.
AGROBIODIVERSIDADE E SUSTENTABILIDADE
NO CAMPO
A agrobiodiversidade é definida como o conjun-
to dos microrganismos, plantas e animais (e seus
conteúdos genéticos) utilizado pelo ser humano na
agricultura ou em práticas correlatas. Em outras
palavras, trata-se da biodiversidade relacionada às
atividades agrícolas e extrativistas, da biodiversidade
cultivada, portanto.
Ela resulta da interação das sociedades com a
natureza, sendo fruto de dinâmicas naturais e cul-
turais. No Brasil, indígenas, comunidades remanes-
centes de quilombos, seringueiros, castanheiros,
quebradeiras de coco, caiçaras, coletores de pinhão
e inúmeros outros povos tradicionais atuam de modo
a conservar e manejar a biodiversidade agrícola a
partir de suas práticas e hábitos.
A agrobiodiversidade é fruto de relações comple-
xas entre os grupos humanos, o que eles plantam e
o ambiente em que vivem. Implica saberes acumu-
lados ao longo do tempo e o uso de técnicas tradi-
cionais que, no entanto, se transformam, bem como
implica a produção de diferentes territorialidades.
Nessa perspectiva, as comunidades tradicionais de-
pendem das terras em que vivem para a reprodução
de sua vida.
O reconhecimento dessa importância tem sido
objeto de políticas públicas de garantia da terra às
comunidades. Dentre elas se destacam as normas
relativas à demarcação de terras indígenas e das co-
munidades remanescentes de quilombo e à criação
de Unidades de Conservação. Contudo, a efetivação
desses direitos encontra obstáculos, principalmente,
nas áreas de disputa entre esses usos tradicionais e
a expansão da fronteira agrícola, como nas regiões
Norte e Centro-Oeste.
Algumas disputas de terras têm gerado episódios
de violência no campo. Em 2019, a Comissão Pasto-
ral da Terra registrou 1 833 conflitos e 32 assassina-
tos, dos quais 27 ocorreram na Amazônia. Uma em
cada três famílias atingidas por conflitos por terra
era indígena.
Na Ilha dos Marinheiros (RS), muitas famílias se dedicam
à agricultura em pequena escala e à pesca artesanal. Isso
favorece o aumento da renda e gera maior diversidade de
produtos para abastecer o mercado regional. Foto de 2013.
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
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Fonte: elaborado com base em Atlas do Agronegócio, 2018. Disponível em: https://br.boell.org/sites/default/fi les/
atlas_agro_fi nal_06-09.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020.
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