QUESTÕES EM
FOCO
Ciência e religiosidade
Em um primeiro olhar, a perspectiva matemático-experimental
de Galileu pa-
rece desafiar diretamente a teologia cristã. É célebre este trecho de
O ensaiador,
em que opõe o uso da matemática aos meios da escolástica católica:
A filosofia [natural] encontra-se escrita neste
grande livro que continua-
mente se abre perante nossos olhos (isto é, o Universo), que não se pode
compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele
está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras
geométricas, sem cujos meios é impossível entender
humanamente as palavras; sem eles nós vaga-
mos perdidos dentro de um obscuro labirinto.
Entretanto, Galileu era católico e mantinha relações de amizade com membros do clero, incluindo o papa Urba-
no VIII, até pouco antes de seu julgamento pelo Tribunal do Santo Ofício em 1633. Também
Descartes, que propôs
duvidar de todas as certezas para então buscar comprová-las, era católico – para ele, a materialidade do Universo
foi construída por Deus como uma máquina
perfeita, daí ele poder ser analisado segundo leis matemáticas.
Ou seja, apesar das posições oficiais adotadas pelas instituições religiosas, há uma tendência na história da ciên-
cia em distanciar o conhecimento científico das escolhas religiosas individuais dos cientistas. Tendo isso em vista,
vocês vão promover em sala de aula uma mesa-redonda sobre o tema Compatibilidade entre ciência e religião.
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