parte do imaginário. Acreditava-se
que ali estariam localizados o Paraíso
Terrestre; o Reino de Preste João, des-
cendente dos reis magos e inimigo dos
muçulmanos; o país de Gog e Magog,
composto de tribos israelitas; etc.
Diferentemente dessa visão fas-
cinada pelo extraordinário, porém, a
carta do escrivão da frota de Pedro
Álvares Cabral, o português Pero Vaz
de Caminha (1450-1500), endereçada
ao rei dom Manuel, faz uma descrição
da terra e dos habitantes encontrados
na América voltada aos usos que deles
poderiam ser feitos.
“Eles [os indígenas] não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem
cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra
alim‡ria
, que costumada
seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito,
e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. [...]
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver
senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que
haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si
é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho [...]. E em tal
maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta ao rei dom Manuel, de 1
o
de maio de 1500. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca
Nacional. Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf.
Acesso em:10 jun. 2020.
1
Observe o mapa-múndi do século XV e responda: Que aspectos dele podem ser associados à observa-
ção empírica e à formulação de hipóteses baseada em evidências?
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