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Nesse caso, mostre fotografias que retratam a visão do
alto de cidades brasileiras situadas no litoral e em áreas
montanhosas, para que os estudantes possam reconhecer
que os componentes físicos do lugar influenciam direta-
mente no arranjo urbano desses locais. As fotografias a se-
guir podem ser utilizadas como exemplo nessa reflexão.
Imagem aérea da cidade de Santos (SP). A cidade dispõe-se
entre a faixa litorânea e as serras, ao fundo. Foto de 2017.
Em Ouro Preto (MG), os contornos da
cidade obedecem ao
relevo montanhoso da região, que acentua o destaque dado
às igrejas, herança de sua fundação no período colonial.
Foto de 2020.
Retome o conteúdo trabalhado nas habilidades da
Geografia durante o Ensino Fundamental a respeito das
funções da cidade. Permita que os estudantes possam
refletir sobre as atividades predominantemente estabe-
lecidas na cidade em que vivem (ou na cidade mais pró-
xima, caso o lugar de vivência seja na área rural) para de-
finir qual é a função urbana dela.
Em seguida, explore o mapa “Brasil: região de influên-
cia das cidades (2018)”, evidenciando a rede urbana pro-
posta pelo IBGE. Oriente os estudantes a realizar a leitura
detalhada da legenda para identificar a localização das
cidades brasileiras consideradas metrópoles, capitais re-
gionais, centros sub-regionais, centros de zona e centros
locais. Destaque também a região de influência estabe-
lecida
pelas capitais brasileiras, identificando o lugar de
vivência no contexto urbano do país.
O conteúdo discute também a qualidade de vida nas
cidades, destacando as condições insalubres dos traba-
lhadores durante o período de grande expansão urbana
na Inglaterra, relacionado ao rápido desenvolvimento in-
dustrial vivenciado pelo país.
PARALAXIS/Shut
terstoc
k
Luis W
ar/Shut
terstoc
k
O texto a seguir apresenta a visão do teórico alemão
Frederich Engels (1820-1895) a respeito das cidades e das
condições de vida dos trabalhadores urbanos da Inglaterra
durante o período em que permaneceu no país. Proponha
a leitura coletiva do texto, incentivando
os estudantes a iden-
tificar os aspectos similares vivenciados pelos trabalhadores
urbanos de Londres, no século XIX, e das grandes cidades
brasileiras atualmente. Espera-se que as incertezas quanto à
garantia do emprego no futuro e as condições precárias das
infraestruturas urbanas sejam citadas pelos estudantes.
Durante o período em que permaneci na Inglaterra, a
causa direta da morte de vinte ou trinta pessoas foi a fome,
em circunstâncias as mais revoltantes; mas, quando dos
inquéritos, raramente se encontrou um júri que tivesse a
coragem de atestá-lo em público.
Os depoimentos das tes-
temunhas podiam ser os mais claros e inequívocos, mas a
burguesia – à que pertenciam os membros do júri – encon-
trava sempre um pretexto para escapar ao terrível veredic-
to: morte por fome. Nesses casos, a burguesia não deve di-
zer a verdade: pronunciá-la equivaleria a condenar a si
mesma. Muito mais numerosas foram as mortes causadas
indiretamente pela fome, porque a sistemática falta de ali-
mentação provoca doenças mortais: as vítimas viam-se tão
enfraquecidas
que enfermidades que, em outras circuns-
tâncias, poderiam evoluir favoravelmente, nesses casos de-
terminaram a gravidade que levou à morte. A isso chamam
os operários ingleses de assassinato social e acusam nossa
sociedade de praticá-lo continuamente. Estarão errados?
Morrem de fome, é certo, indivíduos isolados, mas que
segurança tem o operário de que amanhã a mesma sorte não
o espera? Quem pode garantir-lhe que não perderá o empre-
go? Quem lhe assegura que amanhã, quando o patrão – com
ou sem motivos – o puser na rua, poderá
aguentar-se, a si e à
sua família, até encontrar outro que “lhe dê o pão”? Quem
garante ao operário que, para arranjar emprego, lhe basta
boa vontade para trabalhar, que a honestidade, a diligência,
a parcimônia e todas as outras numerosas virtudes que a
ajuizada burguesia lhe recomenda são para ele realmente o
caminho da felicidade? Ninguém. O operário sabe que, se ho
-
je possui alguma coisa, não depende dele conservá-la ama-
nhã;
sabe que o menor suspiro, o mais simples capricho do
patrão, qualquer conjuntura comercial desfavorável podem
lançá-lo no turbilhão do qual momentaneamente escapou e
no qual é difícil, quase impossível, manter-se à tona. Sabe que
se hoje tem meios para sobreviver, pode não os ter amanhã.
Mas passemos agora a um exame mais detalhado das
condições que a guerra social impõe à classe que nada pos-
sui. Vejamos que salário, sob a forma de habitação, vestuá-
rio e alimentação, a sociedade paga de fato ao operário por
seu trabalho; vejamos que existência assegura àqueles que
mais contribuem para sua existência – e observemos pri-
meiro a habitação.
Todas as grandes cidades têm um ou vários “bairros de
má fama” onde se concentra a classe operária. É
certo ser fre-
quente a miséria abrigar-se em vielas escondidas, embora pró-
ximas aos palácios dos ricos; mas, em geral, é-lhe designada
uma área à parte, na qual, longe do olhar das classes mais
afortunadas, deve safar-se, bem ou mal, sozinha. Na Inglater-
ra, esses “bairros de má fama” se estruturam mais ou menos
da mesma forma que em todas as cidades: as
piores casas na
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