ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS |
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Orientações específicas
Introdução
Nas últimas décadas, a questão ambiental elevou-se à
condição de um dos temas mais debatidos na opinião pú-
blica. Da reconexão com a natureza proposta pelo movi-
mento
hippie, no fim dos anos 1960, à grande mobilização
internacional pela preservação da Amazônia, no fim dos
anos 1980, despontaram no mundo ocidental vozes ques-
tionando o paradigma de desenvolvimento que punha o
ser humano acima da natureza, subjugando-a.
Também nesse período, a relação entre humanos e na-
tureza, temática que antes interessava quase somente à
Geografia, passou a merecer mais pesquisas de outras Ciên-
cias Humanas e Sociais Aplicadas – em particular da An-
tropologia e de ramos da Sociologia e da Filosofia. Nelas,
não apenas essa relação, mas também as próprias ideias de
natureza ou de separação entre natureza e sociedade fo-
ram postas em dúvida. A progressiva tentativa de se livrar
do etnocentrismo na pesquisa dos modos de ser e de pen-
sar de povos não ocidentais – implícita na atitude descrita
pela competência específica 1 da BNCC – levou ao reco-
nhecimento do papel fundamental desempenhado por
tudo o que o Ocidente costuma considerar não humano.
Este volume procura trazer para o estudante o deba-
te sobre natureza e sociedade pensando nas diferentes
rupturas paradigmáticas propostas. Apresentamos os
questionamentos às bases mesmas das ideias de nature-
za e cultura ou natureza e sociedade, mas também aque-
les formulados no interior da sociedade ocidental que,
mesmo sem romper com essas noções, enfrentam as evi-
dências de esgotamento diante de uma presença huma-
na em expansão no planeta.
Dos anos 1990 para cá, o interesse pelo ambiente ge-
neralizou-se diante dos sinais crescentes de que é preciso
mudar padrões de produção, consumo e descarte na so-
ciedade industrial. Nesta obra, os estudantes terão a opor-
tunidade de compreender como o desenvolvimento in-
dustrial e tecnológico – e mesmo a trajetória das Ciências
– levou à ascensão de um ideal de onipotência humana
que se mostra cada vez mais fadado ao fracasso. É hora,
portanto, de reverter esse processo, usando a ciência e a
tecnologia a favor do ambiente – e os jovens de hoje de-
verão ser os agentes dessa transformação no futuro.
É possível garantir conforto, bem-estar e dignidade a
todas as pessoas? Em sua desigualdade, o sistema já não
estaria prejudicando alguns – expostos a poluição, lixo, de-
gradação de seu ambiente e de seus recursos naturais de
subsistência – em detrimento do conforto de outros? Que
mudanças indivíduos, Estados, organismos internacionais
e empresas precisam assumir para garantir a continuidade
da vida na Terra? O papel mediador do professor o coloca
em posição privilegiada para fomentar debates como esses
entre os estudantes, levando-os a articular habilidades
tão diversas quanto EM13CHS201, EM13CHS302,
EM13CHS306, EM13CHS402 e EM13CHS606 no sentido
de desenvolver seu protagonismo e sua cidadania.
O debate ambiental e a defesa dos modos de vida tra-
dicionais de diferentes povos e populações têm hoje for-
tes inimigos que negam as evidências da necessidade de
uma mudança e também desrespeitam a diversidade. As-
sim, mostra-se essencial desenvolver as competências ge-
rais 1, 2, 5 e 7 para que os jovens participem ativamente
no combate à desinformação quanto à questão ambiental
e no fomento ao debate de um modelo de desenvolvi-
mento mais responsável e mais sustentável em termos
socioambientais.
Cap’tulo 1
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