A lógica combinatória permite
ao adolescente comparar
suas hipóteses e estabelecer relações de causa e efeito
entre os fenômenos. Assim, nesse momento, o jovem tor-
na-se capaz de cogitar diferentes cenários e levantar hi-
póteses, ainda que essas conjecturas prolonguem a rea-
lidade e exijam investigações empíricas posteriores.
Tomemos como exemplo os processos operatórios
de inversão, ou negação, bem como de reciprocidade,
que permitem operações de relação. Esses processos se
desenvolvem de modo simultâneo,
tanto conjunta como
paralelamente, facultando ao adolescente pensar possi-
bilidades e consequências, ou seja, cogitar premissas que
não correspondem ao factual. Logo, o próprio pensamen-
to torna-se objeto de reflexão, pois o jovem passa a exa-
minar suas próprias ideias e afetos – pensar o próprio
pensamento –, além de conceituar o pensamento dos
outros. Além disso, o adolescente aprende a pluralidade
de
sentidos das palavras e, assim, desenvolve o entendi-
mento de metáforas.
Assim, os estudantes ampliam seu repertório concei-
tual, na medida em que suas capacidades de observação,
de memorização, de articulação de ideias e de abstração
permitem a compreensão de diferentes sentidos e lingua-
gens. Essas capacidades são fundamentais ao desenvol-
vimento do pensamento conceitual, presente em todas
as áreas de conhecimento do Ensino Básico e de particu-
lar interesse ao campo de saber da Filosofia.
Por conse-
guinte, no Ensino Médio presenciamos os estudantes con-
quistarem novos interesses intelectuais.
Notamos também nos estudantes dessa faixa etária
o desenvolvimento de inéditas habilidades socioemocio-
nais e a elaboração de novas estilísticas de existência. Os
adolescentes e jovens comumente adotam padrões de
conduta e de gosto semelhantes no interior de grupos de
sociabilidade. O grupo ganha importância, orientando a
performatividade social – como o modo de vestir e o uso
da linguagem, entre outras maneiras de expressar-se –, os
ideais afetivos e a moralidade.
Nessa
etapa da vida, os adolescentes também inda-
gam os valores da tradição, na busca por uma identidade
própria. Contudo, o alcance do reconhecimento social e
da autonomia é tarefa árdua. A dependência material e
afetiva em relação à família se prolonga e se aprofunda
não somente em razão da necessidade e da oportunida-
de que os jovens hoje têm de
dar continuidade aos estu-
dos, mas também de significativos índices de desempre-
go e de dificuldade de inserção no mundo do trabalho.
O mundo contemporâneo convoca os estudantes a re-
fletir sobre seu papel na sociedade e a enfrentar comple-
xos problemas econômicos, políticos e ambientais.
A escola, por isso, deve estimular o espírito inquisitivo
e o engajamento dos estudantes, além
de oferecer-lhes
instrumentos para que analisem criticamente nosso pre-
sente histórico. Por esse ângulo, a área das Ciências Hu-
manas e Sociais Aplicadas contribui decisivamente, posto
que trabalha com saberes que estimulam os estudantes a
desnaturalizar os fenômenos sociais, principalmente por
meio do questionamento das opiniões que predominam
no senso comum e da busca
pelo entendimento da ori-
gem delas e de como podem ser substituídas por conhe-
cimentos consistentes.
As Ciências Humanas e Sociais Aplicadas estimulam
reflexões fundamentais que deveriam sustentar todo e
qualquer processo educativo, na medida em que ampliam
a compreensão dos adolescentes
e jovens de si mesmos
e do sentido da convivência social democrática. Esta co-
leção está comprometida em aproximar os jovens desses
conhecimentos e ferramentas oferecidos pela área.
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