M U D A N Ç A S N A E S T R U T U R A E TÁ R I A
D A P O P U L A Ç Ã O M U N D I A L
Os eventos demográficos não atingem igual-
mente as pessoas. Nascimentos, óbitos e migra-
ções são mais frequentes em determinados grupos
do que em outros. Por exemplo, uma população
com elevada proporção de idosos tende a apre-
sentar alta taxa bruta de óbitos, mesmo em países
desenvolvidos. Sendo assim, óbitos, nascimentos e
migrações são influenciados pela estrutura da po-
pulação por sexo e idade.
A estrutura por sexo e idade que uma população
apresenta no presente é resultado dos eventos de óbi-
tos, nascimentos e migrações que ocorreram no pas-
sado. Portanto, os acontecimentos pretéritos deixam
marcas na estrutura populacional de uma sociedade.
Por exemplo, em contextos de guerras, há grande nú-
mero de óbitos, especialmente na população de sexo
masculino, bem como queda nas taxas de fecundi-
dade. Décadas depois, a população afetada terá um
quantitativo menor de homens idosos em sua pirâmi-
de etária.
TEORIA DA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
No século XX foi observada uma série de modifica-
ções na estrutura etária das populações, primeira-
mente nos países desenvolvidos. As taxas de morta-
lidade e natalidade foram gradativamente reduzidas,
em função do desenvolvimento econômico e social
gerado pelo processo de modernização. Isso alterou
o ritmo de crescimento populacional.
Esse novo cenário levou o sociólogo estadunidense
Warren Thompson (1887-1973) a contestar a teoria
malthusiana e criar, em 1929, a teoria da transição
demográfica, elaborada no decorrer das primeiras
décadas do século XX. O processo identificado pela
teoria teve início nos países da Europa e atualmente
tem se confirmado em diversos outros países.
A transição demográfica não acontece de forma
homogênea no espaço e no tempo. Isso porque ela
está associada e condicionada ao desenvolvimento
econômico e à modernização. Assim, cada país apre-
senta uma dinâmica de transição demográfica espe-
cífica. Sua ocorrência se dá por etapas, conforme a
difusão dos hábitos modernos, da urbanização e da
industrialização nas sociedades.
A política de planejamento familiar foi
estimulada em diversos países pelo
Banco Mundial e pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI). Em vez de reduzir
a pobreza e a desigualdade, por meio da
expansão do acesso a serviços públicos,
o que se viu foi o controle em massa
da fecundidade nas populações mais
vulneráveis economicamente, como
aponta a charge de Henfil (1944-1988).
Henfil/Acervo do cartunista
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