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Culturas andinas
As culturas andinas se desenvolveram no no-
roeste da América do Sul, região caracterizada
por grandes diferenças naturais, resultantes das
bruscas variações de altitude na cordilheira dos
Andes e nas áreas contíguas.
As terras altas da
cordilheira estão próximas ao deserto da costa
do Pacífico, uma das regiões mais secas do mun-
do, enquanto do lado leste prevalece a umidade
da floresta amazônica. A sobrevivência dos habi-
tantes dependia do intercâmbio entre grupos so-
ciais que viviam em altitudes variadas, nas quais
era possível coletar e cultivar
diferentes tipos de
alimento e criar diferentes tipos de animais.
Alguns traços culturais eram comuns a todos
os povos da região andina, como o cultivo do al-
godão e as técnicas de tecelagem. A maioria dos
grupos produzia cerâmica decorada e algumas
culturas se dedicaram à metalurgia, confeccio-
nando ornamentos de ouro e prata.
Na costa do atual Peru, 200
km ao norte de
Lima, foram encontradas as ruínas do que se ima-
gina ser a cidade mais antiga das Américas. O sítio
arqueológico de
Caral
apresenta uma arquitetura
monumental que foi datada de aproximadamente
2500 a.C., mesma época em que foram erguidas as
pirâmides de Gizé, no Egito.
George Steinmetz/Corbis/Latinstoc
k
Em Caral foram encontrados templos, pirâmi-
des, praças e espaços dedicados a ritos cerimo-
niais coletivos.
Outros povos viveram na costa peruana, em
épocas
mais recentes, entre eles os paracas, os
nascas e os mochicas.
Os paracas, que habitaram a costa sul en-
tre 800 a.C. e 100 d.C., distinguiram-se por sua
habilidade na tecelagem. Cultivavam algodão
e domesticaram a lhama, animal que produz
boa lã. Finos tecidos bordados com lã colori-
da resultavam em composições de até 22 co-
res. Para os paracas os tecidos significavam
prestígio e riqueza.
Em alguns sepultamentos
foram encontrados corpos envoltos em até
200 tecidos.
Pirâmide do Anfiteatro, Caral, Peru. 2500 a.C.
Pouco se sabe sobre o povo que construiu este imponente anfiteatro. Nas escavações da Cidade Sagrada de Caral, como ficou conhe-
cido este sítio arqueológico, foram encontradas 32 flautas de ossos de animais, sugerindo que a música teria grande importância nos
rituais religiosos. A civilização que viveu em Caral não produzia cerâmica, mas já cultivava algodão, que era trocado por produtos de
outros grupos que viviam na costa e na cordilheira.
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| CApítulO 10 | CulturAS nAtiVAS Sul-AmEriCAnAS |
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Mais ao sul de onde viveram
os paracas floresceu a cultura
nasca, entre 300 a.C. e 700 d.C.
Além
dos tecidos, os artesãos
nascas produziram uma cerâmi-
ca multicolorida bastante dis-
tinta das peças feitas até então.
Misturavam pigmentos minerais
à argila de modo a criar uma su-
perfície lisa, sobre a qual repre-
sentavam animais, plantas, cenas
cotidianas e cerimônias rituais.
Na região em que viveram
os nascas, foram descobertos
imensos desenhos geométri-
cos e zoomórficos.
Tais dese-
nhos, conhecidos como geo-
glifos, chegam a ter 300 metros
de comprimento, de modo que
a única forma de observá-los é
sobrevoando-os. Os desenhos
e as linhas perfeitamente re-
tas que se estendem por quilô-
metros, foram feitas afastando
as
pedras que cobrem a su-
per fície nessa região, expondo
o solo mais claro até então re-
cobertos por ela.
Muitas teorias já procuraram
explicar a motivação desses an-
tigos habitantes para produzir
uma forma de arte que sequer
podiam contemplar. Algumas
teorias supõem que os
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