A rota comercial do deserto
A rota através do deserto do Saara, ligando a costa oeste da África ao
Mediterrâneo, tão antiga quanto o próprio deserto,
era conhecida dos povos
berberes e dos tuaregues que viviam nessas terras áridas e nos oásis. As mer-
cadorias tradicionalmente transportadas pelo deserto eram o sal retirado nas
minas do norte e o ouro das nascentes dos rios Níger e Senegal.
Esse comércio fez surgir importantes centros urbanos no delta interior do
Níger, onde uma rede de rios e canais fertiliza a região próxima do deserto.
Ali, cidades como Jené, no século VIII,
e mais tarde Tombuctu, cresceram e se
tornaram pontos de encontro entre mercadores do oeste da África e caravanas
vindas do Mediterrâneo.
Um povo de língua mande dominou a região e fundou o reino de Mali. Koi
Konboro, o 26
o
rei dessa dinastia, converteu-se ao islamismo no século XIII
e
construiu, em Jené, uma mesquita no local antes ocupado por seu palácio.
Tombuctu se tornou também um importante centro de ensino islâmico.
A arquitetura de terra, que utiliza a técnica do adobe, aparece com fre-
quência nas culturas tradicionais africanas. Essa técnica facilita a construção
de espaços com formas arredondadas. Esse método construtivo é
hoje consi-
derado menos agressivo ao meio ambiente e vem sendo estudado e adotado
como alternativa para criar espaços mais humanizados.
Attila Jandi/Shutterstock/Glow Images
Grande mesquita de
Jené
, Mali, fundada no século XII.
A mesquita de Jené foi refeita em 1907, mantendo porém as características originais. Além dos
adobes (tijolos
de argila com palha, não cozidos) foram usados os tradicionais torons, vigas de
madeira que se projetam para fora das paredes. Cada uma das três torres é coroada por um ovo de
avestruz, que representa pureza e fertilidade.
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