O teatro grego Segundo o pensador e escritor grego Plutarco (45?-120? d.C.),
durante os quatro meses de inverno Apolo se retirava de seu san-
tuário em Delfos, e nesse período os gregos cultuavam Dioniso.
Nesses meses, um grupo de mulheres delirantes era visto reali-
zando rituais de êxtase noturno: as bacantes. Elas vestiam peles
de animais sobre as roupas de linho e carregavam tochas e um
cajado ornamentado com folhas de parreira e cachos de uvas.
O culto a Dioniso, no entanto, tornou-se mais público em fes-
tivais que associavam a celebração do vinho à representação
dramática. Nesses festivais dionisíacos, que incluíam canto,
dança e declamação de poesias, eram abertas ânforas de vinho
preparado com as uvas da última colheita.
A partir do século VI a.C. o teatro deixou de ser um improviso
ritual e passou a ser um espetáculo que envolvia competição.
Os dramaturgos apresentavam com antecedência os roteiros
de suas peças, que podiam ser de dois tipos: tragédias e comé-
dias. O festival durava de três a cinco dias e toda a população
comparecia às encenações. Os espetáculos eram antecedidos
por procissões trazendo a estátua do deus.
Um coro de narradores, através de representação, canções e
danças, relatava as histórias do personagem. Aos poucos os
personagens do coro passaram a recitar o texto na primeira
pessoa e transformaram-se em atores. O coro geralmente era
acompanhado pelo som da cítara e da flauta.
Embora vários poetas tenham participado das competições,
obras de apenas quatro dramaturgos chegaram na íntegra a
nossos dias: as de Sófocles, Eurípedes e Ésquilo, autores de
tragédias, e as de Aristófanes, autor de comédias.
As comédias geralmente situavam seus enredos no cotidiano,
abordando problemas da cidade por meio de críticas e conse-
lhos explícitos. As tragédias focalizavam personagens épicos
da mitologia, como Édipo, Ajax e Helena de Troia. Embora cen-
trados no passado mítico, os temas eram atualizados para se-
rem vistos segundo a perspectiva do cidadão contemporâneo.
O enredo das tragédias era previamente conhecido do público:
um herói, por erro involuntário, era levado a uma situação
trágica que provocava compaixão e terror, sentimento que em
grego era chamado de pathos.
O teatro era considerado fundamental para a for-
mação dos cidadãos, levando-os a refletir sobre as
crenças e o comportamento na vida social. Aristó-
teles atribuía à tragédia a capacidade de produzir
kátharsis (em português, catarse), palavra que sig-
nifica ‘purificação’ – neste caso, através do contato
com situações dramáticas, de extrema intensidade.
Ruínas do