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Império Máuria
Por volta de 700 a.C., as cidades voltaram a crescer, especial-
mente no norte. A Índia tornou-se
um conjunto de reinos regio-
nais. O primeiro grande império a estender seu poderio por todo
o território indiano, unificando-o (exceto o extremo sul), foi o da
dinastia Máuria (322 a.C.-185 a.C.).
O rei Asoka, neto do fundador dessa dinastia, no auge de suas
conquistas militares, após vencer uma sangrenta batalha encheu-
-se de remorso ao ver a desgraça causada ao povo e converteu-se
ao budismo. Mandou então gravar em pedras os ensinamentos de
Buda e difundiu sua doutrina por todo o império.
Além de erigir pilares de pedra para marcar os lugares em
que Buda vivera, Asoka construiu também um grande número
de estupas para guardar as cinzas de Buda.
Uma
estupa é um santuário em
forma de torre cônica ou encimado
por uma cúpula,
no qual geralmente
se guardam relíquias sagradas.
Grande estupa de Sanchi, Madhya Pradesh, Índia. Século III a.C., ampliada em 150 a. C.-50 a.C.
Sanchi
já era um lugar sagrado de peregrinação quando o rei Asoka edificou esta gran-
de estupa, um dos primeiros exemplares da arquitetura budista. Ela faz parte de um
complexo de monastérios encontrados nesse sítio arqueológico. Ao redor do templo há
quatro grandes portões de pedra alinhados aos pontos cardeais. Neles foram esculpi-
das passagens da vida de Buda, mas em nenhuma dessas cenas Buda foi retratado em
forma humana.
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| CApÍtulo 4 | ÍNDIA |
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Santuário budista da caverna de Karla, em Lonavla, Maharashtra, Índia. Segunda metade do
século I a.C.
Este é um dos mais completos exemplos da arquitetura budista escavada na rocha. Na
entrada há um par de colunas como as construídas por Asoka. Do lado de fora, um re-
levo do casal divino evoca a harmonia da vida e a fertilidade. No interior (acima), uma
abóbada escavada de 14 metros de altura é ornamentada com nervuras de madeira. Ao
fundo do salão fica a estupa monolítica.
Outros exemplos de arquitetura budista são os santuários esca-
vados na pedra, geralmente localizados
nas proximidades de ro-
tas comerciais e esculpidos como peças inteiriças. Alguns eram
pequenos aposentos individuais para meditação dos monges,
outros eram grandes salões para congregar fiéis. Um desses
santuários é o conjunto de 30
cavernas em
Ajanta
, escavadas e
decoradas no período entre 200 a.C e 600 d.C.
Capitel de leões, do pilar construído por
Asoka em Sarnath, Uttar Pradesh, Índia.
250 a.C., período Máuria. Arenito polido,
2,13 m. Arqueological Museum, Sarnath,
Índia.
Os pilares de pedra construídos por
Asoka, provavelmente representavam
a separação e a união entre os seres
humanos e o mundo celestial. Este
capitel foi colocado sobre um pilar de
pedra para marcar em Sarnath, no nor-
deste da Índia, o lugar em que Buda,
após vivenciar a iluminação, expôs
seus primeiros ensinamentos.
A base
do capitel, em forma de flor de lótus
com pétalas ainda fechadas, simboliza
a presença do divino. No alto, os quatro
leões alinhados aos pontos cardeais
simbolizam provavelmente o alcance
das palavras de Buda.
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Sensualidade, prazer
e abundância
Depois do Império Mogol (1400-1850), que
disseminou o islamismo, e do domínio da In-
glaterra (1757-1947), que impôs costumes oci-
dentais, a Índia –
onde vive hoje mais de um
bilhão de pessoas – conta com enorme diver-
sidade cultural. Cada região tem sua língua,
costumes e tradições, que entretanto
apresentam algumas características
em comum. De acordo com as escri-
turas sagradas, todas as artes na Índia
têm origem divina. Por isso muitos ele-
mentos ligados à música, à dança e ao
teatro apresentam aspectos religiosos
que podem ser observados até os dias
de hoje. O conceito de beleza, bastante
diferente do ocidental, valoriza a pro-
fusão
de ornamentos, texturas e cores,
além de formas voluptuosas, que evocam sen-
sualidade e prazer. A abundância visual é consi-
derada auspiciosa e isso é um reflexo da crença
na generosidade dos deuses. De maneira geral,
a arte indiana é uma celebração da vida em to-
dos os seus aspectos.
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