manual do professor |
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mostre o vídeo do gaúcho Iberê
Camargo em pro-
cesso e as pinturas do artista que estão no
site da
Fundação Iberê Camargo.
para encerrar
Para você arte é prazer?
Mais importante que verificar se arte é prazer,
discuta sobre em que momento do processo artís-
tico seus alunos sentem prazer. Na hora de conce-
ber? Na hora de realizar? Na hora de mostrar? Per-
gunte também em que momento a arte é desprazer
e frustração.
ação – pinTura e prazer
Professor, o trabalho pode ser feito individual-
mente ou em grupo. Use uma sala que possa ficar
suja de tinta, ou faça o trabalho no pátio da escola.
A atividade resultará em muita tinta esparramada
no chão e nas roupas. Os alunos devem usar rou-
pas velhas que possam ficar manchadas e devem
ficar descontraídos, porém compenetrados. Se-
ria interessante haver, por exemplo, música para
instaurar um clima de felicidade. A música pode
ajudar a manter a ordem
na sala e a reduzir con-
versas.
textos complementares
..
1. soBre o design
Objetos de desejo
Na linguagem cotidiana [dos países de língua ingle-
sa], a palavra
design tem dois significados comuns
quando aplicada a artefatos. Em um sentido, refere-
-se à aparência das coisas: dizer “eu gosto do
design
”
envolve usualmente noções de beleza, e tais julga-
mentos são feitos, em geral, com base nisso. [...]
O segundo e mais exato uso da palavra
design
refe-
re-se à preparação de instruções para a produção
de
bens manufaturados, e este é o sentido utilizado
quando, por exemplo, alguém diz “estou trabalhan-
do no
design
de um carro”.
Pode ser tentador separar os dois sentidos e tratá-
-los de maneira independente, mas isso seria um
grande equívoco, pois a qualidade especial da pala-
vra
design é que ela transmite ambos os sentidos,
e a conjunção deles em uma única palavra expres-
sa o fato de que são inseparáveis: a aparência das
coisas é, no sentido mais amplo, uma consequên-
cia das condições de sua produção.
forTY, adrian.
Objetos de desejo – design e sociedade desde 1750.
são paulo: Cosacnaify, 2007. p. 12.
2. o TeaTro do pós-guerra no Brasil
Vestido de noiva
O marco inicial do moderno teatro brasileiro é a
peça
Vestido de noiva, que estreou em 1943 no Tea-
tro Municipal do Rio de Janeiro. Escrita por Nelson
Rodrigues (1912-1980) a obra foi ali encenada pela
companhia Os Comediantes e dirigida por Zbignew
Ziembinsky (1908-1978).
Pela primeira vez em palcos nacionais, viam-se pro-
cessos do inconsciente, uma narrativa entrecorta-
da em diferentes planos, a luz como organizadora
do discurso, o linguajar e os tipos cariocas da épo-
ca, uma cenografia funcional e a ocorrência de ce-
nas simultâneas. O espetáculo
fez muito sucesso e
teve apresentações lotadas no Rio de Janeiro e em
São Paulo.
A companhia Os Comediantes, um grupo de teatro
amador, apostava na figura do diretor encenador,
convidando diretores nacionais e estrangeiros. De-
pois de cinco anos de trabalho, a nova temporada,
bastante alardeada, trazia a novidade de um autor
brasileiro, Nelson Rodrigues, e de um novo integran-
te: o polonês Ziembinski. Em fuga da guerra, o en-
cenador chegara ao Brasil em 1941,
trazendo na ba-
gagem o conhecimento das vanguardas europeias.
A narrativa de Nelson Rodrigues constrói progressi-
vamente para o público a personalidade de Alaíde, a
protagonista à beira da morte. A ação transcorre na
própria sociedade carioca da época e desenvolve-se
em três planos: a realidade, a memória e a alucinação.
No plano da realidade vemos Alaíde, depois de atro-
pelada, cercada por médicos na mesa cirúrgica e
seu estado é grave. No plano da memória, vemos
sua trajetória até o momento do acidente. Alaíde
casara-se com Pedro depois de roubá-lo de Lúcia,
sua irmã, na época em que estes namoravam. Com
início já conturbado, o casamento não para de se
complicar. Depois de violento atrito com a irmã,
Alaí de vai para a rua e sofre atropelamento.
Apesar da clareza dos acontecimentos nesses dois
planos, a trama se embaralha, e esse é o aspecto
explorado mais notavelmente pela peça. Confun-
dem-se
os personagens; as cenas se sobrepõem; o
autor não se ocupa apenas em narrar um enredo,
mas principalmente em
como narrá-lo. O dramatur-
go busca reproduzir o esforço de uma pessoa pres-
tes a morrer para elucidar a realidade, fragmentan-
do e mesclando os planos narrativos.
Alaíde é mostrada observando simultaneamente
seu presente e sua memória, tentando compreen-
der a si mesma. Tal observação é feita no plano da
alucinação, um ambiente onírico, de elementos
estranhos e diálogos desconexos. Para ajudá-la a
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