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TEMAS INTERDISCIPLINARES
ARTE E ECONOMIA
..
O mercado de arte
Em 2000, uma exposição de jovens artistas ingleses – os YBAs
(Young British Artists) – teve grande repercussão mundial. De-
nominada
Sensation, mostrava obras que chocaram o público
por apresentarem animais mortos, sangue e até excrementos.
A exposição
Sensation mostrava o trabalho de jovens artistas
cujas obras pertenciam à coleção
de Charles Saatchi, dono de
uma galeria londrina que tinha interesse em promover a nova
geração. Muitos de seus integrantes se projetaram no cenário
mundial, mas foi Damien Hirst (1965-), cujos trabalhos têm a
morte como tema central, quem melhor aproveitou as relações
mercadológicas.
Em setembro de 2008, às vésperas de uma crise econômica
que abalou os Estados Unidos e a Europa, Hirst vendeu sem
o intermédio de galeristas todas as obras produzidas em seu
ateliê. O negócio ultrapassou as previsões
mais otimistas, to-
talizando 198 milhões de dólares.
Desde o Renascimento, comprar e vender obras de arte tem sido
em geral um bom negócio. Hoje, porém, o mercado de arte to-
mou uma escala que ultrapassa o modelo da galeria. Fundos de
investimentos, assessorados por especialistas, adquirem obras
de artistas emergentes que podem atingir grande rentabilidade.
No século XXI, mesmo instituições culturais públicas preci-
sam ser sustentadas com estratégias
comerciais, o que requer
atrair financiamentos para suas
atividades. Por exemplo, museus
são transformados em franquias;
marcas conhecidas patrocinam
prêmios e mostras. Alguns jovens
artistas, no entanto,
buscam se po-
sicionar com maior independên-
cia em relação a esse mercado
institucional. A própria estratégia
de vendas pode constituir uma ati-
vidade artística e de comunicação.
Damien Hirst.
A impossibilidade física
da morte na mente de alguém vivo.
Instalação, 1991.
Para evocar a morte, Hirst utiliza nesta
obra um ícone do medo primordial –
um tubarão de mais de 4 metros imer-
so em formol.
Stephen Simpson/London News Pictures/Zumapress/Glow Images
Piratão, Filé de Peixe. Capa
de material vendido em
bancas de camelô em feiras no Rio de Janeiro, 2009.
Artistas organizados nos chamados “coletivos”
articulam sua sustentabilidade reinventando o
comércio e o sistema de trocas. É o caso do cole-
tivo Filé de Peixe, que comercializa videoarte no
esquema de camelôs. O projeto Piratão, desen-
volvido desde 2009, é uma prática artística que
investiga e simula
a economia informal como ve-
ículo para visibilidade, aquisição e circulação de
trabalhos de videoarte.
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eprodução/Arqui
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o da editora
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Ao redor do mundo
Um enorme contingente de artistas em todo o
mundo, operando linguagens variadas, compõe o
universo complexo e plural da arte contemporâ-
nea, produzindo reflexões sobre cultura, história,
política, religião, gênero, tempo, espaço
e nature-
za, entre outros temas. A vida em sua totalidade
ocupou os espaços expositivos, emocionando-
-nos e ativando o que há de mais humano em
cada um de nós. Para apresentar uma amostra da
arte contemporânea, precisamos dar a volta ao
mundo e optar por uma seleção,
que no entanto
será apenas uma dentre muitas possíveis.
O artista chinês Cai Guo-Qiang (1957-), que vive
atualmente em Nova York, trabalha com diversas
mídias, como desenho, escultura, vídeo e
perfor-
mance.
Suas proposições concentuais partem de
tradições das culturas orientais
para refletir sobre
a história da civilização.
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