| CApítulo 25 | Depois Do MoDernisMo |
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Os
punks defendiam como linguagem
o experimentalismo e as
ações coletivas urbanas. Na música, por exemplo, não era preciso
saber tocar um instrumento; o que valia era a atitude violenta des-
ferida contra a sociedade. Assim como outras proposições revolu-
cionárias do final do século XX, a estética
punk foi
engolida pelo
sistema e converteu-se em um elemento da moda e do consumo.
O
hip-hop, desde seu surgimento na década de 1980, caracteri-
zou-se pela busca de uma conexão entre periferias. Propunha um
estilo de vida apoiado em quatro elementos: o
break, o grafite, o
DJ e o
rap – tipo de discurso rimado recitado acompanhado de
música rítmica – e se colocava como uma forma de expressão ca-
paz de denunciar a miséria e a violência sob as quais viviam os que
estavam à margem do sistema econômico dominante.
Ocupando uma posição
mais central na sociedade, na elite das
grandes cidades brasileiras, surgiu uma geração decidida a festejar
e a se divertir. Na década de 1980, empreendimentos como o
Rock
in Rio
e o festival
Vídeobrasil marcaram a celebração
da volta à
democracia e a intensificação da produção cultural.
Nessa época chegaram ao Brasil as primeiras câmeras
de vídeo portáteis. Assim como os computadores, esses
equipamentos importados eram caríssimos. As pequenas
produtoras de vídeo que surgiram nessa época podiam
romper a relação de autoridade da televisão comercial,
que sobrepunha à diversidade
cultural brasileira um dis-
curso padronizado e homogeneizado.
Cartaz do 1º- Festival Vídeobrasil, 1983.
Em 1983 teve lugar em São Paulo o primeiro Vídeobrasil,
festival que se tornou fundamental na troca de experiên-
cias e no fomento da produção de documentaristas, ficcio-
nistas e videoartistas do hemisfério sul.
Associação Cultural
V
ideobrasil©Kiko F
ark
as
Capa do disco Hip-hop: cultura de rua, de
Thaide & DJ Hum, 1988.
Um dos primeiros
raps de crítica social
no
Brasil foi Homens da lei, de Thaide
e DJ Hum, que focalizava a violência
policial na periferia de São Paulo.
R
eprodução/Arqui
v
o da editora
Ernesto Varela (interpretado por Marcelo Tas) entrevista
Paulo Maluf em meados da década de 1980.
Uma dessas produtoras, o Olhar Eletrônico, fun-
dado por Fernando Meirelles (1955-) e Marcelo
Tas (1959-),
inventou Ernesto Varela, antirre-
pórter trapalhão que usava a ingenuidade para
estabelecer uma relação tipicamente incômoda
com o entrevistado. Numa de suas entrevistas,
Ernesto Varela perguntou a Paulo Maluf, então
candidato oficial da ditadura militar à presidên-
cia da República: “É verdade, Sr. Maluf, que o se-
nhor é
um ladrão?”.
R
eprodução/Acerv
o
Marcelo T
as
Arte_vu_PNLD2015_U3C25_358a375.indd 367
6/17/13 11:34 AM
368
Leonilson.
Objetos de Marte, 1987, tinta
acrílica sobre lona, 100 cm x 200 cm
Leonilson muitas vezes representou
a si mesmo ou escreveu o próprio
nome, expondo suas angústias e dú-
vidas. Ao ser diagnosticado com Aids,
o artista transformou sua obra em
um testemunho de seus sentimentos
diante da aproximação da morte.
L
eonilson, 1
957 F
or
taleza - 1
993 São P
aulo/P
rojeto L
eonilson
Geração 80
Em 1984, a exposição
Como vai você, gera-
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