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Mágicos da Terra
Um marco importante no debate artístico
ocorreu em 1989, na exposição
Mágicos da Ter-
ra
, em Paris, um dos eventos comemorativos do
bicentenário da Revolução Francesa.
O projeto
se propunha a investigar quem eram os artistas
e o que era a arte no mundo naquele momento.
A exposição apresentava obras de 50 artistas
contemporâneos norte-americanos ou europeus
e 50 de outros países. Entre os participantes es-
tavam o alemão Anselm Kiefer e o fotógrafo ca-
nadense Jeff Wall. Artistas da cultura aborígene
da Austrália, da comunidade Yuendumu,
criaram
coletivamente uma pintura de areia no chão do
grande salão do parque de La Villette. Do Brasil,
foram convidados Cildo Meireles (1948-) e Mes-
tre Didi (1917-).
Alguns críticos consideram que a exposição
não alcançou seu objetivo, apresentando um
olhar exótico para arte não ocidental. O evento,
porém, marcou uma mudança
de interesse do
centro para a periferia do sistema mundial, que
iria dominar os debates do final do século XX.
Mestre Didi,
Opá Igi Ejo Meji atinEyé Kar Ióri (Cetro com serpente e pássaro no topo), sem data.
O baiano Mestre Didi cria objetos rituais desde criança. Aprendeu com os mais
antigos a manipular os materiais, confeccionando objetos e emblemas que dão
forma às entidades sagradas da cultura ioruba (Capítulo 8). De antiga linhagem
Ketu, Mestre Didi se autodefine como sacerdote-artista.
Chéri Samba.
Marcha de apoio à campanha sobre a Aids (SIDA é a sigla em francês).
Óleo sobre tela. 1988, 1345 cm x 2000 cm.
Esta pintura do congolês Chéri Samba (1956-),
um dos participantes da
mostra Mágicos da Terra, representa uma passeata em apoio à campa-
nha sobre a Aids. O artista considera que a leitura dos textos faz o pú-
blico se deter mais longamente diante de sua pintura.
Philippe Migeat/RMN/Other Images/Museu Naciona, P
aris, F
rança.
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| CApítulo 25 | Depois Do MoDernisMo |
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Cena de
Zelig, filme de 1983 dirigido por Woody Allen.
Neste filme, o nova-iorquino Woody Allen (1935-),
criou uma paródia de documentário ao contar
a história de Leonard Zelig (interpretado pelo
próprio diretor), homem capaz de transformar-
-se fisicamente, assumindo as características de
quem se aproximasse. Em diversas sequências
em
branco e preto, o personagem é visto intera-
gindo com personagens históricos. O filme punha
em xeque a crença de que a imagem filmada tem
necessariamente caráter documental.
Visões caleidoscópicas
Nos anos 1980, destacaram-se diretores que lança-
ram um olhar particular sobre determinadas situações
políticas, sexuais ou étnicas, formulando discursos
que incentivavam a disseminação da diversidade. Fu-
gindo das categorias habituais de aventuras,
romances
ou comédias, alguns filmes focalizavam as incertezas
filosóficas do final do século XX.
Cena de
Blade runner (1982), de Ridley Scott.
Neste filme do inglês Ridley Scott (1937-), Los Angeles é
uma metrópole pós-industrial e a decadência está por toda
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