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Protestos e festivais
O clima de turbulência política, que culminou
na suspensão dos direitos
individuais da popula-
ção em 1968, foi o pano de fundo para uma gran-
de agitação musical. Artistas jovens utilizavam
o espaço proporcionado pelos festivais da TV
para lançar um olhar crítico sobre a situação do
país, através das letras das canções.
As fontes de
inspiração musical eram ritmos como o samba,
a marchinha e o baião, populares por natureza.
O governo militar brasileiro usou a censura
para impedir que alguns
discos fossem vendidos e
que as canções de protesto chegassem ao público.
Além de Chico, Gil e Caetano,
participaram
dos festivais compositores que iriam dar novos
rumos à música brasileira, como Edu Lobo (1943-),
com
Ponteio; Paulinho da Viola (1942-), com
Si-
nal fechado; Jorge Benjor (1942-), com
Charles
Anjo 45; Milton Nascimento (1942-), com
Traves-
sia; e Hermeto Pascoal (1936-), com
Serearei. De
forma geral, as linhas melódicas
buscavam inspi-
ração na tradição musical do povo brasileiro.
Quanto às letras, esse período se caracteri-
zou pela diversidade de temas. Os artistas não
mais se contentavam em cantar apenas o amor.
Situações e palavras antes impensáveis pas-
saram a fazer parte das canções. Os figurinos
também se modificaram. Para a apresentação
nos festivais, os
smokings deram
lugar a roupas
coloridas e não convencionais. A plateia estava
sempre eufórica, vaiava e aplaudia os concor-
rentes conforme sua torcida.
A busca por uma música legitimamente bra-
sileira foi uma preocupação desse período. En-
quanto uma ala dos artistas e do público consi-
derava o uso de guitarras elétricas uma “invasão
estrangeira” que
comprometia a autenticidade
de nossa música, outro segmento as aceitava e
entendia seu uso como uma nova contribuição
que vinha complementar a mescla de influências
europeias, africanas e indígenas que propiciara a
riqueza da musicalidade brasileira.
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