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As vanguardas
Durante a primeira década do século
XX, os artistas europeus deram passos
em direção às invenções do Modernismo.
A fim de evidenciar seu papel de precur-
sores, os jovens empregaram a palavra
‘vanguarda’ para definir sua atuação.
Em Paris,
onde artistas de toda a Eu-
ropa trocavam ideias e experiências, sur-
giu o Cubismo. Na Itália, reagindo ao peso
do passado cultural do país, um grupo
de jovens clamava por um futuro moder-
no autodenominando-se “futuristas”. Na
Rússia, a revolução política foi apoiada
pelos artistas Suprematistas. Na Holan-
da, jovens artistas fundaram uma revista
e uma estética,
De Stijl. Na Alemanha do
pós-Segunda Guerra, artistas reunidos em
uma escola
de arte propuseram caminhos
para a reconstrução da sociedade.
O espanhol Pablo Picasso (1881-1973),
interessado na arte africana, fez expe-
riências em suas pinturas, fragmentando
o espaço, facetando os objetos represen-
tados e fundindo figura e fundo.
O Cubismo
Trabalhando em colaboração com o francês Georges Braque
(1882-1963), Picasso buscava criar o espaço tridimensional por
meio da sobreposição de planos bidimensionais.
Para tanto, so-
mava numa mesma tela diferentes pontos de vista, multiplicando
as possibilidades de entendimento da imagem. A pintura cubista
pretendia quebrar a rigidez da perspectiva renascentista, que usava
pontos de fuga definidos para criar a ilusão de espaço (Capítulo 12).
Pablo Picasso,
Les demoiselles d’Avignon, Óleo sobre tela, 1907, Museu de Arte Mo-
derna, Nova York. 243,9 cm x 233, 7 cm.
Na pintura
Les demoiselles d’Avignon (As moças de Avignon),
Picasso
transformou os rostos das mulheres em máscaras. Os corpos, repre-
sentados como peças brutas talhadas em madeira, estão dispostos
sobre um fundo também fragmentado. Picasso traduziu a linguagem
da escultura africana para a pintura, desconsiderando os padrões de
beleza ocidentais então vigentes.
Succession P
ablo Picasso/Autvis 20
1
3/Museu de
Ar
te Moderna,MoMA, No
va
Y
ork, EUA.
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te Moderna, MoMA, No
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ork, EUA.
Pablo Picasso,
Violão, 1913, papel colado, carvão, giz e nanquim sobre papel montado em tela,
66,4 cm x 49,6 cm, Museu de Arte Moderna, Nova York.
Em 1912, Picasso e Braque abriram um novo campo de experiências com a transposição da
colagem para o universo da pintura.
Neste trabalho, diversos tipos de papel foram sobre-
postos a um fundo azul, também de papel. A junção dos recortes define a caixa de resso-
nância e o braço de um violão em dois planos diferentes. Não há apenas um instrumento
musical nesta composição, mas várias imagens justapostas de um violão.
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Picasso tinha uma personalidade inquieta e estava sempre dispos-
to a mudar seus métodos, migrando do experimentalismo para for-
mas tradicionais e, destas, para novas experiências sem precedentes.
O ambiente artístico parisiense foi contaminado pelas ideias
do Cubismo. Os artistas acreditavam que para capturar o espíri-
to
da vida moderna, a pintura devia abarcar simultaneamente o
pensamento e a realidade, sintetizando numa mesma imagem as
lembranças que guardamos das coisas e a visão que temos delas.
O artista romeno Constantin Brancusi (1876-1957) era um dos
estrangeiros que vivia em Paris. Brancusi adotou o entalhe como
técnica de escultura, escavando diretamente no bloco de pedra ou
de madeira sem antes fazer modelos em argila para estudo.
O francês Marcel Duchamp (1887-1968) foi o artista que mais lu-
tou para desmitificar a arte e derrubá-la de seu pedestal. No início
de
sua carreira, Duchamp assimilou e descartou rapidamente cada
novo estilo de vanguarda. A partir de 1912, dedicou-se ao desenho
de mecanismos, a anotações, ao espírito de ironia e às experiên-
cias com o acaso. Sua obra se tornou cada vez mais conceitual.
Constantin Brancusi.
O beijo, 1907, pedra, 28 cm,
Centro Georges Pompidou, Paris, França.
Na escultura
O beijo, Brancusi parece
inverter a ideia proposta por Miche-
langelo de que o trabalho do escultor
é libertar a forma que está
latente na
matéria bruta (Capítulo 12). Brancusi
procura manter ao máximo a forma
original do bloco de pedra, optando
por apenas sugerir a silhueta do casal.
Autvis 20
1
3/Adam Rz
epk
a/RMN/Other Images/MNAM, Centro G. P
ompidou, P
aris, F
rança.
Marcel Duchamp,
Nu descendo a escada, 1911, óleo sobre
tela 147 cm x 89,2 cm, Museu de Arte de Filadélfia, Estados
Unidos.
Em 1912, Duchamp pintou
Nu descendo a escada,
uma tentativa de presentificar o movimento. A figu-
ra que desce a
escada foi imobilizada na tela, mas
a sobreposição de suas sucessivas posições captura
o movimento em pleno curso. O nu tem a aparência
de um mecanismo metálico, que no entanto percorre
a escada com elegância humana. Essa ambiguidade
sintetiza os interesses que motivaram toda essa
geração: a representação do tempo e do espaço, o
movimento e uma visão poética da máquina.
Succession Marcel Duc
hamp/Autvis 20
1
3/Museu de
Ar
te da Filadélfia, EUA.
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